Tuesday, December 29, 2009

“Caiu o Sistema”

Há poucas décadas atrás, ninguém sabia do que se tratava essa queda. Era comum se falar em queda de raio, de chuva, de árvores, de pontes, mas de sistema, ninguém ouvira falar. Pior, ainda hoje, sabemos pouco a respeito dele. Ansiosos e angustiados esperamos que o sistema se restabeleça logo. Muitas vezes, a empresa nos informa, gentilmente, quando ele voltará. Quase ninguém tem interesse em saber se é um problema da empresa ou de um serviço utilizado por ela. Por outro lado, nenhuma organização deseja esclarecer o problema havido e assumir a responsabilidade por falha em seu sistema operacional. É melhor deixar a coisa no ar, como se fosse um “diabo ex-machina” da tragédia moderna que surge do nada para punir os usuários do sistema que caiu. Sempre pergunto às jovens atendentes de grandes empresas, como bancos e telefonia celular, por exemplo, se o sistema “caiu” devido a falhas internas. Elas atônitas me olham como se eu fosse um extraterrestre, e respondem como papagaios treinados: “o sistema caiu; nada podemos fazer enquanto ele não voltar”. Seria interessante que as agências governamentais, supervisoras de serviços de bancos, de empresas de telefonia celular, e outros de grande uso pela população, criassem indicadores de tempo de interrupção de seus sistemas operacionais, como já se adotam no setor de energia elétrica, a fim de o consumidor compará-los entre si antes de contratar seus serviços. Não sei se sou azarado, ou se realmente as empresas de telefonia celular possuem péssimos sistemas operacionais: sempre “caem” e mesmo quando estão funcionando, costumam interromper quando se está no meio de escolhas entre múltiplos caminhos, apertando número e mais número escolhidos em diversas séries que se sucedem, na esperança de se obter alguma orientação ou resposta gravada. O processo cansativo e tenso, muitas vezes não se completa, ou porque não identificamos o número correto, ou simplesmente porque se interrompe com o som de linha ocupada. A “via crucis” parece terminar quando finalmente ouvimos a frase salvadora (muitas empresas já eliminaram esse alívio): “aperte o número tal para falar com uma de nossas atendentes”. Nesse momento, a paranóia pode se desencadear em nossa mente com a nítida impressão que existe uma conspiração particular contra a gente: é quando, depois de muitos e muitos minutos de espera da voz humana, a ligação cai e temos de repetir todo o processo. Se as Agências reguladoras não conseguirem nos entender e nos ajudar, ainda resta a esperança que um “deus ex-machina” surja e afaste o “diabo” que perverteu nossos sistemas, deixando-os cair.

Sunday, December 27, 2009

DILMA ROUSSEFF

Como raramente se apresenta sem Lula ao lado, para conhecê-la, resta-nos a imaginação. Para mim é a tecnocrata dos números e da lógica marxista enraizada na luta de classes. Ao contrário dos políticos que mentem e mistificam por cultura e tradição, e logo adiante mudam suas versões, ela aprendeu a mentir na dureza da ditadura militar, usando vários nomes e utilizando todas as diatribes possíveis e impossíveis para não ser descoberta pelos militares e sofrer na carne as conseqüências disso. Suas mentiras são definitivas e doloridas. Também, ao contrário dos políticos, ela aprendeu a não perdoar a traição, pois sua integridade física estava em jogo. Para Lula, a grande empresa é o ambiente de grandes jogadas entre trabalhadores e dirigentes, em que aqueles buscam maximizar seus salários, sem por em risco seu emprego e a sobrevivência da empresa em que trabalham. A negociação é a coluna de sustentação do sindicalismo de Lula. A eliminação da expansão do capital privado, especialmente estrangeiro, e sua substituição pela estatização dos investimentos formam a coluna mestra de Dilma, que não comia pizza, não tomava cerveja e tampouco andava de automóvel durante a ditadura, nos privilegiados municípios do ABC. Ao contrário de um Lula da paz e amor que diz e se desdiz, rindo com simpatia e olhar de quem está de bem com a vida, teremos uma Dilma ao estilo de Margaret Thacher, ainda que ideologicamente ao avesso. Pouco riso, muito trabalho e pressão violenta para conseguir seus objetivos. Não é por acaso que aquela se identificou com a imagem da Dama de Ferro ao conseguir liberalizar a economia inglesa engessada pelo estatismo do Partido dos Trabalhadores. E Dilma deseja percorrer o caminho inverso: ser lembrada como a que resgatou as bandeiras nacionalista de Brizola e socialista do PT, conseguindo engessar nossa economia, de novo, com pesadas e poderosas empresas estatais. Vamos ver como nosso País reagirá à verdadeira Dilma que Lula insiste em esconder com o bordão de “Mãe do PAC”. Do brasileiro, obviamente, já que o PAC italiano, de Césare Battisti, Proletários Armados pelo Comunismo, seria um desastre eleitoral para Dilma. O sistema de bancos privados merecerá a “atenção especial” dela no primeiro mandato, se eleita. No segundo, se houver, caso Lula não seja resgatado pelos bancos, será a vez da indústria que ainda mama no governo, particularmente as empreiteiras de grandes obras. Espero que este texto seja mera fantasia de quem somente conhece Dilma Vana Rousseff como “mãe do PAC” e filha política de Lula.

Saturday, December 26, 2009

FUTEBOL E POLÍTICA

É triste se constatar que a maioria de políticos e de analistas da mídia brasileira não consiga ir além de chavões e bordões, e, especialmente, de metáforas futebolísticas para se comunicar com nossa população. Como filho desta amada natureza brasileira, pergunto-me se além dela, tão exuberante e bela, existe vida inteligente em nosso país, que não o papagaio de Maria Braga. A resposta é óbvia que sim. Ainda que frustrada, esquecida e rarefeita neste imenso Brasil. São políticos e jornalistas sem conhecimento e competência para identificar e debater assunto relevante para nosso desenvolvimento político, cultural, social, econômico e ambiental que insistem em se comportar como animadores de torcidas, passando o tempo todo a comparar números e porcentagens de pesquisas eleitorais. E ao fazer prognósticos sobre os resultados da futura eleição presidencial agem como se estivéssemos diante de um campeonato de futebol, esquecendo-se do eleitorado feminino, que também vota e normalmente não entende bem, ou não gosta, da linguagem da bola. Pobre democracia brasileira que não consegue ir muito além do primeiro passo (ou seria, passe?): a votação periódica em urnas eletrônicas de avançada tecnologia.

Tuesday, December 15, 2009

Cansei

Cansei,digo eu! Em carta do leitor (13/12), sob esse título, é feita uma crítica contundente à real incapacidade dos partidos de oposição “mobilizar quem quer que seja” para manifestações populares como as que acontecem agora contra os mensaleiros de Arruda no Distrito Federal. Essa crítica responde a outra que pergunta por que não se fez o mesmo contra os mensaleiros liderados por José Dirceu. Ou seja, de acordo com essa resposta, não se trata de combater a corrupção como tal, surja onde surgir. Primeiro, responde-se se ela é de aliados do governo ou não. Identificada de que lado aconteceu a imoralidade, cada grupo partidário que se vire na mobilização de protestos de rua. Essa partidarização, até da imoralidade, está gerando situações perigosas para o Estado brasileiro, pois tende a se alastrar para outros temas, também, como já se pode verificar em manifestações recentes de duas instituições, tradicionalmente despartidarizadas como o Itamaraty e o STF: a intervenção aberta na crise de Honduras e a manutenção da censura ao Estadão. O Brasil, sua cultura e seus princípios podem não ser permanentes, porém mudam muito lentamente. Além disso, determinadas políticas para surtirem os efeitos esperados têm de ser mantidas por prazos longos, normalmente bem acima dos mandatos dos governos eleitos. O Brasil não deve ter sua identidade estruturada ao longo de séculos de existência, desvirtuada por ações irrefletidas de curto prazo que possam gerar dúvidas sobre seus valores e princípios, especialmente na mente dos próprios brasileiros

Friday, December 11, 2009

Lula X FHC

O PT, na propaganda eleitoral obrigatória, apresentou dados sobre o Brasil nos períodos de FHC e Lula na presidência, dando a nítida impressão de que a disputa, no próximo ano, será entre os dois e que o desempenho da economia brasileira depende somente do Presidente da República em exercício. Apesar da oposição destrutiva do PT, chegando ao extremo de empunhar faixas com o célebre bordão “FORA FHC”, em seu governo foram feitas profundas reformas na área fiscal, bancária e monetária; na de telecomunicações se processou uma revolução pacífica; na de petróleo, rompeu-se o monopólio de produção da Petrobrás, sem afetar o monopólio estatal, por meio de concessões; na área social, foram criados instrumentos e programas para aliviar a miséria, destacando-se o programa bolsa-escola, somente para citar alguns exemplos. Resultados colhidos por Lula: seguindo à risca o controle fiscal, monetário e bancário, estruturado no período FHC, e contando com Palocci, Mantega e Meirelles, este último, ex-presidente do Bank of Boston, na presidência do BC, o Brasil conseguiu desenvolvimento sem inflação e, mais recentemente, suportou a recente crise financeira global galhardamente; a satisfação da população e a explosão de telecomunicações que se processou no País graças às reformas introduzidas pelo Ministro Sérgio Motta, tão vilipendiado pelo PT, dispensa comentários; o extraordinário crescimento da produção de petróleo se deveu, em grande parte, ao sistema de concessão, demagogicamente identificado pelo PT como quebra do monopólio do Estado, mesmo sabendo que era somente o da empresa Petrobrás; a transformação e a criação de novos instrumentos de combate à fome e à miséria, destacando-se o bolsa-família com a incorporação do bolsa-escola. Não é necessário se dizer que Lula, em sua administração, também criou novas políticas e aperfeiçoou outras, bem como gerou programas e projetos novos que terão efeitos nos próximos anos. O que o PT não pode é renegar o passado e, além disso, apresentar Lula como filho único do Brasil. Se ele e o PT ainda não sabem, é bom lembrar o seguinte: a disputa eleitoral será, provavelmente, entre Serra e Dilma, duas personalidades marcantes na vida política brasileira que necessitam se apresentar por inteiro à população para disputar a Presidência da República, pois no momento do voto, passado, presente e futuro se fundem num só nome; e os presidentes, durante seus mandatos, não são onipotentes. O Brasil depende do comportamento de seus outros filhos que hoje somam 192 milhões, trabalhando e lutando para sobreviver, na maioria das vezes, em condições extremamente precárias e adversas. E o que dizer da influência dos políticos e partidos que dão sustentação ao governo eleito, bem como da maneira como a Câmara de Deputados, o Senado, o Judiciário e o Executivo funcionam? O que acontece no País também é resultado do que ocorre no resto do mundo e, principalmente, em nosso planeta cuja natureza começa a responder com violência às agressões do homem, inclusive no Brasil. Conclamo o PT a colocar em sua política partidária a eliminação de indivíduos imorais e ineptos que solapam nossa frágil democracia, não esquecendo, também, que nessa categoria se inclui aqueles que usam a mistificação para explorar a ignorância de nossos irmãos filhos do Brasil.

Tuesday, December 08, 2009

Zelaya e seu time

No decorrer destes sete anos de mandato do Presidente Lula, nossa diplomacia, tão bem simbolizada pelo Itamaraty, está deixando de ser instrumento de Estado para se tornar aparelho de execução de política externa estabelecida pelo triarquia formada por Lula, Garcia e Amorim. Sempre houve conflito entre linguagem de diplomata e de Presidente. Este, normalmente, com personalidade afirmativa e autoritária, busca realizar os objetivos políticos de seu governo e aquele, sempre aberto ao diálogo e à negociação, tendo em vista os interesses de Estado. O resultado disso está registrado em excelente artigo de Eliane Cantanhêde – Encantados, mas Críticos (Folha, 8/12),transcrito abaixo. Dos casos por ela citados, destacamos a crise hondurenha que todos acompanharam. A linguagem dura de Lula começou com o bordão “não negocio com golpistas” e se mantém na resposta dada ao novo Presidente, já eleito, que deseja vir ao Brasil para conversar com ele: “não reconheço a eleição havida sem Zelaya”. Nós, cidadãos contribuintes, ainda não sabemos se nossa embaixada em Honduras se transformou em hotel, onde ele se hospeda com seu time de 60 membros, ou se é “refúgio, de onde não tem data para sair”, segundo afirma Amorim em entrevista (Folha, 8/10). Na realidade, porém, a embaixada foi transformada em bastião da democracia onde Zelaya mobilizava seus seguidores visando sua volta à presidência para supervisionar o processo eleitoral. Se permanecer na “trincheira brasileira”, pode-se interpretar que seu objetivo agora é tumultuar o restabelecimento do processo democrático em curso naquele País. Como afirmou Amorim na citada entrevista "Se o Brasil não tivesse dado abrigo ao Zelaya, talvez estivesse tudo parado". Nesse caso, usando o linguajar futebolístico, está na hora do Brasil parar o jogo e tirar o time de Zelaya de campo. Seria recomendável, também, que a conta com as despesas feitas até as 12 horas do dia de sua saída com a numerosa equipe fosse entregue por Amorim, pessoalmente, a Chávez para reembolsá-las.


ELIANE CANTANHÊDE - Transcrito da Folha de São Paulo
Encantados, mas críticos

BRASÍLIA - Conversando daqui e dali com diplomatas estrangeiros em Brasília, confirma-se que, sim, os países ricos, pobres e mais ou menos estão encantados com Lula, mas também acham que ele tenta dar passos maiores do que as pernas na política externa.
No caso de Honduras, o mundo todo condenou o golpe, mas o Brasil se coloca como um herói isolado, o bastião da democracia, e agora se recusa a apoiar o resultado das eleições só para testar forças com os EUA na OEA. Soa infantojuvenil.
Em vez de agarrar-se à defesa de um princípio, a democracia, e de um país, Honduras, o Brasil agarra-se a um personagem: Zelaya. Não quer fechar uma página e abrir outra, acatando Porfírio Lobo e arrancando dele compromissos de um governo de pacificação e respeito ao presidente deposto.
No caso do Irã, as opiniões se dividiram entre os que simplesmente rechaçaram o encontro Lula-Ahmadinejad em Brasília e os que entendem a necessidade de integrar o regime iraniano às normas de convivência internacional. Mas ninguém engoliu o Brasil lavar as mãos no voto de censura da ONU ao Irã por causa da questão nuclear, principalmente depois de Lula dizer que a reação dos opositores em Teerã era chororô de "derrotados".
Além disso, a diplomacia instalada em Brasília vê Lula querendo ser o líder sempre, em toda a parte -hoje, na reunião sul-americana em Montevidéu; depois, na Conferência do Clima em Copenhague. Há um exagero, que gera ciúmes e ironias: "Por que ele não se ocupa mais em combater a corrupção no Brasil?", perguntaram-me ontem.
Uns e outros adoraram o vexame de Manaus, onde Lula esperava nove presidentes para brilhar e acabou fazendo Sarkozy atravessar o Atlântico para tomar cafezinho com um único presidente: o da Guiana Inglesa. Em alguns relatórios de embaixadas para suas chancelarias, o relato do episódio resvala para a mais pura chacota.

Sunday, December 06, 2009

MENSALEIROS

Ultimamente, tem-se criticado a presença na mídia de juízes membros de tribunais superiores, dando entrevistas e falando sobre temas políticos, sociais e econômicos, como fazem os políticos por dever de ofício. Realmente, isso contraria o comportamento discreto que se espera deles. Exemplo disso é entrevista do ministro Ricardo Levandowski que afirmou, em certo trecho, que a baderna de “estudantes” em Brasília contra mensaleiros se assemelha à queda da Bastilha. Que eu saiba, não estamos em período pré-revolucionário como o da França de Luiz XVI e, graças a Deus, nenhum Robespierre à vista para decapitar a “corte política” sediada em Brasília e ramificada por todo o País. Não obstante isso, pode, sim, surgir um Napoleão para por ordem no País e “salvar” o Estado Democrático de Direito da sanha de políticos corruptos. Apesar de já ter completado 25 anos, a democracia brasileira ainda gera e mantém impunes propineiros (recebem boladas esporádicas para ações específicas) e mensaleiros (embolsam boladas periódicas pelo engajamento contínuo) em todas as esferas e escalões do governo, associados a corruptores de todos os matizes fora dele. Lula pede que se cumpra o ritual da justiça antes de execrarem-se os mensaleiros e propineiros paridos pelo governo do DF, que se somam às crias predadoras de anos anteriores, não julgadas ainda. Muitos já se preparam para voltar, em 2.010, pois são inocentes até que sejam julgados com sentença definitiva. O que se espera dos não-mensaleiros e não-propineiros, portanto da grande maioria dos que ocupam altos cargos públicos, especialmente no judiciário, é muito trabalho, competência e juízo, para que se façam em nosso país as necessárias reformas em seus respectivos campos de atuação. E que a ética e a eficiência se entranhem nessas reformas de maneira a imunizar e repelir rapidamente os corruptos e ineptos que infestam nosso meio político, bem como os quadros técnico-administrativos das instituições públicas. Somente assim, o setor público terá força e condições morais de enfrentar os desafios de também punir os corruptores que buscam lucros à custa do dinheiro público. A democracia necessita para sobreviver de um processo ininterrupto de democratização. Em outras palavras, ela tem de ser continuamente aperfeiçoada para ter agilidade na eliminação dos responsáveis por atos e atitudes que possam lhe ferir mortalmente.

Sunday, November 29, 2009

IPTU

Em nosso país a criatividade para aumentar a participação do setor público na renda disponível do cidadão não tem limites. Cada esfera do governo faz de tudo para incrementar seu “bolo” e o resultado está aí: classe média asfixiada entre sonegadores ricos e pobres isentos. O caso do IPTU, travestido de Imposto de Renda, é simbólico dessa voracidade. Começou com o sistema progressivo de Marta Suplicy para os que moram em imóveis mais valiosos e continua na administração Kassab com a reavaliação do valor dos imóveis em áreas inteiras, antes pobres e deterioradas, em função de transações imobiliárias potenciais. É de estarrecer que isso aconteça. Em vez de o Governo Federal passar toda a receita de lucro imobiliário para o município onde ela foi gerada e determinando que o cálculo do lucro imobiliário seja feito a partir do valor de mercado calculado pelo município para esse fim específico, o que observamos no dia-a-dia é sonegação e mais sonegação desse imposto em que circulam imensas somas de recursos “por fora dos registros cartoriais da transação”. É essa a justiça social que desejamos para nosso País? Afinal, são as autoridades municipais que estão “cara a cara” com os munícipes e necessitam de recursos para suas obras e serviços. Compete ao governo federal evitar essa distorção criada em S. Paulo, pois ela acabará se transformando em paradigma para o resto do País.

Friday, November 20, 2009

PAC

Césare Battisti toma espaço da mídia com seu PAC que deveria ser de nosso PAC. Isso se deve ao STF que demonstrou ter habilidade para dar nó em pingo d’água. Conseguiu evitar confronto ao decidir que Battisti deve ser extraditado se o Presidente levar em conta somente o aspecto constitucional. Contudo, cabe a ele a última palavra, ou seja, ele tem a autoridade e o poder de agir por razões que não estritamente constitucionais. Prevendo a sinuca de bico, Lula antecipou-se, afirmando, na Itália, que respeitaria a decisão do STF, ou seja, poderá “extraditar ou não” Battisti sem contrariar a Suprema Corte brasileira. Agora, já no Brasil, revela sua intenção de mantê-lo em nosso país, porém “legalmente”. Em outras palavras, vamos dar outro nó em pingo d’água, deixando o mundo boquiaberto, especialmente os Italianos. Afinal, nossa habilidade para criar e praticar dribles está embutida em nossa cultura em que o futebol é uma de suas manifestações. O Brasil pode ainda ter falta de recursos para o PAC, mas os recursos abundam para Battisti. Em tempo: nosso PAC é o Plano de Aceleração do Crescimento, e o outro, é o Proletários Armados pelo Comunismo. E mais: os recursos no caso de Battisti são jurídicos, já conhecidos em nosso País pela sua extrema abundância.

Friday, November 13, 2009

TREM DE ALTA VELOCIDADE - TAV

O projeto sumariamente apresentado abaixo é colírio refrescante para nossos olhos e gera expectativas prazeirosas quando nos imaginarmos sentados em trem de alta velocidade percorrendo a região mais desenvolvida do País no eixo Rio-São Paulo-Campinas. Contudo, chato como sou, e não tendo pés chatos, costumo fincá-los no chão para pensar melhor e imaginar, também, esse trem nos deixando em suas estações, expostos a balas perdidas, ao assédio de mendigos e aos olhares de pessoas mal encaradas nos observando como se fossemos presas para o próximo assalto, ou, na melhor das hipóteses, estaremos caminhando no meio de barraquinhas e mesinhas espalhadas para venda de bugigangas nas saídas das estações. E já no espaço público, enfrentando as poluições sonora e atmosférica geradas por trânsito congestionado e caótico associado a transporte público desengonçado (exceto o de nossa querida Curitiba!). Sem falar na expressão sofrida de cariocas e paulistanos, bem como de paulistas e fluminenses pobres que buscam sobreviver trabalhando honestamente, ainda que vivendo em ambiente degradado e desregrado pela presença ostensiva de viciados em álcool e outras drogas. Se nossas casas estiverem em locais sujeitos a enchentes e deslizamentos de terra, e se for verão, não há TAV que alivie nossa preocupação com novas chuvas e tempestados. Enfim, com o TAV, ou sem ele, o Brasil continuará o mesmo. Crescendo e se desenvolvendo em clima de auto-engano e alienação. Nada mudará na política sem-vergonha, demagógica, populista e corrupta, na ineficiência de serviços públicos, especialmente na JBV - Justiça de Baixa Velocidade, no mau cheiro de nossas cidades causado por falta de saneamento, na presença de jovens egressos de nossas instituições de ensino que não conseguem escrever e calcular, nas filas de hospitais públicos sem capacidade para atender nossa população cuja falta de saúde é notória, no tráfico instalado em seus terrítórios inexpugnáveis dentro das cidades, e em muitos outros aspectos que degradam nossa vida social e cultural. Vou parar por aqui para não estragar meu dia. Em resumo, não vejo o TAV como um projeto responsável POIS NECESSITARÁ DE RECURSOS PÚBLICOS ESCASSOS PARA SE TORNAR VIÁVEL E ATRAENTE PARA O SETOR PRIVADO ASSUMIR A CONCESSÃ0 POR QUARENTA ANOS. Aliás, ganhará a concessão a empresa que exigir o menor aporte de recursos públicos. Em outras palavras, o governo pagará um preço por antecipar a execução de um projeto inviável hoje por falta de demanda, que o seria no futuro, sem necessidade de apoio econômico-financeiro público. Esses recursos desviados para antecipação do TAV PODERIAM SER USADOS PARA AMENIZAR ALGUNS DOS PROBLEMAS QUE ENUMERAMOS ACIMA. É uma dose virtual de cocaína no ARRAIAL PRÉ-ELEITORAL QUE O BRASIL SE TRANSFORMOU. PARA COMPROVAR ISSO BASTA ANALISAR O CRONOGRAMA PREVISTO NO ÚLTIMO QUADRO DA APRESENTAÇÃO DO PROJETO QUE PREVÊ A HOMOLOGAÇÃO DA CONCESSÃO EM JUNHO DE 2.010, ENSEJANDO, PORTANTO, QUE TRENS VIRTUAIS EM MOVIMENTO APAREÇAM EM NOSSO VÍDEO DURANTE O HORÁRIO POLÍTICO OBRIGATÓRIO.

Nota: Clique em http://www.pedestre.org.br/downloads e, aberta a página, clique novamente no último item Trem de Alta Velocidade-TAV para ler o resumo do projeto.

Thursday, November 12, 2009

TORNADO ELEITORAL

Ao invés de serem debatidas as diferenças abismais que existem entre a ampliação do poder direto do Estado - já que o indireto ninguém de sã consciência propôs abandonar - sobre o processo produtivo, iniciada por Vargas, acentuada no regime militar e, agora, sendo re-implantada por Lula no vácuo da solução da crise econômica mundial, em contraposição à política de FHC, o País se transformou em imenso arraial eleitoral que nem o “apagão” consegue interromper. Durante 24 horas por dia somos bombardeados por embates, bem pouco inteligentes e educados, entre os que apóiam e os que não apóiam Lula. O vazio mental criado pela ignorância e intensidade desse processo, funciona como tornado que nos traga e nos tira a capacidade de raciocinar. Como cidadão, consciente do tamanho e da complexidade de nossa economia e de nossa sociedade, com desafios enormes nos campos de educação, segurança pública, saúde e saneamento, meio ambiente, transporte, energia, desenvolvimento urbano, previdência pública, e, principalmente, na política e na melhoria da gestão em todas as esferas do setor público, peço aos ocupantes de altos cargos públicos que respeitem a nação e trabalhem com afinco e responsabilidade. Carnaval e eleições têm o seu tempo no calendário. Ao invés de discutirmos o “micro-acidente” da falta de energia elétrica – para o Ministro da Justiça, obviamente, que já devia estar dormindo – deveríamos, sim, debater o apagão mental que paira sobre os poucos brasileiros que ainda conseguem pensar. Que Deus e a mídia nos ajudem!

Sunday, November 08, 2009

INVASÃO DE ÁREAS PÚBLICAS

É nossa tradição não proteger áreas públicas de invasões que desvirtuam os fins a que se destinam. A gama de interesses que as motivam é muito ampla. Nas áreas urbanas, dois exemplos sobressaem: construção de favelas e outros tipos de moradias, inclusive algumas de alto nível, e exploração comercial do espaço invadido, nessa categoria destacando-se as calçadas. Li reportagem de José Ernesto Credendio (Folha 7/11) sobre a retirada de moradores das encostas da Serra do Mar junto às rodovias do Sistema Anchieta –Imigrantes, deslocando-os para outras áreas mais seguras. É óbvio que muitos deles se sentem insatisfeitos com isso a ponto de perguntar, o que todos nós gostaríamos de saber também: “por que se deixou construir moradias nessas encostas e depois de décadas, quando os moradores já criaram raízes nelas, resolve-se mudá-los dali?” A resposta está no Brasil de governantes permissivos que preferem corrigir e punir, quando não há mais jeito. Fazer vistas grossas, ou não, a ilegalidades faz parte do jogo político brasileiro no balanço entre prós e contras de se garantir o cumprimento da lei. Em outras palavras, o sistema de fiscalização é tão mal estruturado e ineficiente a ponto de criar bolsões de desobediência coletiva, gerando clima de incerteza para o cidadão e de arbítrio para as autoridades políticas. Anistias, perdões e outras benesses, de um lado, e punições de outro, são dosados e utilizados discricionariamente. Por isso, é necessário que aplaudamos os atos destinados a garantir o cumprimento da lei para que as autoridades se sintam prestigiadas e fortes para enfrentar os interesses contrariados. É o que eu faço agora, humildemente, sobre a decisão de se recuperar área de preservação na Serra do Mar e de se proteger vidas inocentes ameaçadas em épocas de chuvas intensas pelo deslizamento de terras.

Monday, November 02, 2009

Uma Visão do Brasil

Transcrevo abaixo artigo que merece ser lido. Publicado no NYTimes e traduzido e transcrito pela Folha (2/10/09). “A enxurrada de dinheiro do exterior para fundos brasileiros é tal que o governo recentemente aprovou imposto de 2% sobre esse fluxo. O imposto e as mortes do tráfico coincidiram em uma clara ilustração da condição brasileira.”, afirma Roger Cohen em seu texto abaixo.

O Brasil chegou. Mas onde?
Não há marca mais quente no mercado mundial que o Brasil. Riqueza em matérias-primas, reservas de petróleo, algumas empresas de classe mundial e um presidente com uma séria reivindicação a ser o político mais hábil do mundo despertam paixão global. Não mais considerado uma terra flagelada de samba e futebol, o Brasil é a potência do século 21 que todos querem cortejar. Vejam a concessão da Copa do Mundo de 2014 e da Olimpíada de 2016. Confesso que estou esfregando os olhos. Desde que morei no Brasil, na década de 1980, fui otimista sobre as perspectivas brasileiras.Argumentei que o país deveria ser considerado uns EUA tropicais, e não apenas mais um país latino-americano. Seu tamanho, sua capacidade de absorver imigrantes e sua cultura empreendedora o distinguem de seus vizinhos. Mas seus problemas -principalmente a pobreza e a violência- pareciam impedir uma reformulação radical da marca. Esses problemas persistem. O recente tiroteio que deixou 40 mortos no Rio de Janeiro e derrubou um helicóptero da polícia foi dramático o suficiente para chamar a atenção à violência entre facções, que acaba com milhares de vidas todos os anos. A pobreza e a grande riqueza estão lado a lado, com uma proximidade particular em muitas cidades brasileiras: o dinheiro da droga compra as armas que são as ferramentas (e símbolos de status) do negócio e corrompe a polícia mal paga. Mas o capital internacional, intercambiável e móvel, ignora esse aspecto do Brasil. Ele se concentra em outra realidade: a política estável sob Luiz Inácio Lula da Silva, uma economia que cresce 5% ao ano, um mercado de ações florescente, uma potência emergente do petróleo, um país rico em energia hidráulica e solar e pioneiro nos biocombustíveis. O real avançou cerca de 35% em relação ao dólar neste ano. A enxurrada de dinheiro do exterior para fundos brasileiros é tal que o governo recentemente aprovou imposto de 2% sobre esse fluxo. O imposto e as mortes do tráfico coincidiram em uma clara ilustração da condição brasileira. O Brasil chegou, é o lugar aonde todos querem ir -e as crianças das favelas ainda morrem todos os dias em brigas por um par de tênis. Em certo sentido, o risco social foi descontado. Os administradores de fundos mundiais decidiram que o progresso do Brasil, sua "história de sucesso", não será desfeita pelas crianças das favelas com armas antiaéreas. Dado que a passividade social parece ser uma condição contemporânea -a crise mundial não produziu grande rebelião social-, eles têm motivos para estar confiantes. A tecnologia amortece a raiva: ela isola e distrai. Mas eu me preocupo. A crise global teve a ver com riscos subavaliados. Teve a ver com o contágio da dívida negociada em escala global. Teve a ver com cobiça enlouquecida entre aqueles com os meios para enlouquecer. Foi sobre a compensação destinada a recompensar o retorno em curto prazo. Foi sobre dois mundos desconexos: o do árbitro de Wall Street e o do trabalhador de Detroit. Um ano depois do início da crise, os mercados se recuperaram, e o capital flui novamente ao Brasil. Mas as divisões sociais são tão grandes como sempre. Principalmente, nenhuma nova ideia sobre a economia global e suas inequidades ganhou força. Até certo ponto, acho que o sucesso da Copa e da Olimpíada no Brasil dependerá do surgimento de um pensamento econômico factível e inovador -ou o mundo, em suas paixões, seguirá adiante cegamente.
FIM

Saturday, October 31, 2009

HONDURAS

Excelente o Editorial da Folha (31/10) sobre a solução da crise nesse país. Dele destacamos o seguinte: “Ao negar-se, desde cedo, a dialogar com Micheletti, o Itamaraty ignorou sua tradição de pautar-se pela não ingerência e pela solução mediada de conflitos.”; ”... deixar que a embaixada em Tegucigalpa se transformasse em sede de um comitê de agitação política, o governo brasileiro demonstrou amadorismo”. São fatos indiscutíveis, já conhecidos de todos, que caracterizam desvio de conduta no âmbito da mais tradicional e respeitada instituição brasileira: o Ministério de Relações Exteriores. Seus símbolos – o belo casarão do Itamaraty no Rio e o Patrono do Diplomata, Barão do Rio Branco – são ícones respeitados no Brasil e no mundo, como reconhecimento da maturidade e eficácia de nossa diplomacia. O “imbróglio” de Honduras, que envolveu o Brasil e nossa embaixada nesse país, representam um golpe violento na boa imagem do Itamaraty, construída pacientemente em mais de um século de atuação responsável de nossos bem formados diplomatas. Cabe agora ao Congresso pedir explicações a Celso Amorim, em reunião secreta para não envolver o assunto na campanha eleitoral conduzida pelo Presidente Lula, abalando, ainda mais, a confiança e a credibilidade em nossa diplomacia, estremecidas pelo que aconteceu na crise de Honduras.

Tuesday, October 27, 2009

Agora, o Irã

Em região das mais conturbadas do planeta, o Presidente Lula escolheu um dos países que mais gera conflitos com a Europa e os EUA para amansá-lo (Folha 27/09) ao afirmar:"Defendo para o Irã a mesma coisa que eu defendo para o Brasil em relação à energia nuclear". E, ainda, relata a reportagem, que essa afirmação se deu “após encontro de duas horas com Ahmadinejad em um hotel de Nova York. O brasileiro afirmou ter recebido do colega iraniano garantias (sic) de que Teerã não quer a bomba”. A única coisa que podemos pensar sobre isso é que vivemos momento surrealista em nosso País.Enquanto “explodem” a violência e o tráfico de drogas que ameaçam a segurança e a saúde de nosso povo, o Presidente Lula resolveu imbricar nosso País em armadilhas criadas pela política internacional como a de Honduras e, agora, a do Irã. Sem falar no elevado ônus de aliança estratégica com a França, cujos termos ainda são desconhecidos. De prático, ela já gerou o imbróglio do “asilo político” de Battisti no Brasil, contrariando a justiça italiana que teve apoio da comunidade européia para extraditá-lo. Mais recentemente, surgiram os contratos de compras de helicópteros, navios – sendo um nuclear - e de estaleiro a ser construído sem licitação pela Odebrecht no Rio. E, em breve, deverá ser assinado contrato de compra de aviões franceses, contrariando escolha feita pela aeronáutica de caças suecos pela metade do preço. E così la nave và.....

Sunday, October 25, 2009

CHINA

Em seu artigo sobre o que o Brasil deveria imitar da China (Folha, 25/09) Emílio Odebrecht escreve: “Uma delas é a forte parceria entre Estado e empresas, uma equação virtuosa na qual o governo é forte e as empresas também são fortes”. O milagre brasileiro, durante o regime militar, em que grandes empresas apoiadas por “governos fortes” cresceram juntas com o País a taxas elevadíssimas, tornando-se fortes também, resultou de um modelo bem mais humano que o chinês, pois se apoiava no mercado interno e na criação de sólida infra-estrutura para seu desenvolvimento. Dessa época, contudo, lembro-me de observação de profissional de alto nível do Banco Mundial: “sem competição os custos de construção rodoviária no Brasil são o dobro do internacional”. As empreiteiras começavam a sair de sua “casca” regional – quase sempre estadual - para se tornarem nacionais, iniciando-se um processo de rompimento de seus “feudos’, normalmente protegidos pelos governos locais. A grande diferença do passado na proposta de Odebrecht é que agora devem se tornar exportadoras sob o comando do Estado brasileiro. Esquece-se o articulista que o modelo Chinês sobreviveu até hoje porque os EUA importavam acima de suas possibilidades, não se preocupando com seus déficits crescentes gerados pelo Yuan subvalorizado. Tampouco davam atenção ao desrespeito de direitos humanos na China e a nocivos efeitos ambientais de sua indústria. Afinal, agora estamos no limiar de um novo século em que se busca desenvolvimento econômico e social sustentável, bem diferente do ultrapassado modelo Chinês que terá de mudar, também.

Sunday, October 18, 2009

Lina X Dilma

Sabe-se agora que Lina achou sua agenda particular em que registrou o célebre encontro com Dilma em que esta lhe pediu que “agilizasse” o processo da Receita Federal contra o filho de Sarney. Foi no dia 9 de Outubro de 2.008, às 11 horas, ocasião em que as câmaras de segurança do Palácio do Planalto comprovam que Lina esteve lá. Para mim, e para os poucos eleitores que têm condições e interesse em acompanhar os desmandos praticados em nosso processo político, tal revelação nada acrescenta, pois já sabíamos que Dilma mentira. O próprio Presidente Lula demonstrou, posteriormente, que faria - e fez - de tudo para manter Sarney na presidência do senado federal. Basta lembrar-nos que para protegê-lo, encerrou, na prática, a promissora carreira política de Mercadante. Pergunte-se, porém, aos que apóiam Lula em pesquisas de opinião o que acham disso tudo? A grande maioria dirá que não sabe de nada ou acha que são mentiras urdidas contra ele e sua candidata. E a minoria que consegue ler jornais e acompanha os “imbróglios” gerados em seu governo, dá nós cegos em suas mentes para desenvolver racionalizações que justifiquem falhas éticas e morais, seja culpando terceiros ou, simplesmente, o sistema político brasileiro, como se Lula e o PT dele ainda não fizessem parte.

Tuesday, October 13, 2009

Viva a Liberdade e a Diversidade

A liberdade e a diversidade de escolhas de nossos adolescentes e jovens relativamente às características de seus uniformes escolares a serem “doados” pelo Governo Federal estão sendo ameaçadas. Se acontecer o que está planejado (Folha 13/10) passarei a olhá-los com a mesma piedade e tristeza com que observo aqueles que hoje carregam em seu corpo, ainda em formação, as “vestimentas doadas” por políticos e empresas que os transformaram em objetos móveis de propaganda. Diga-se NÃO aos “logotipos do governo federal, do Ministério da Educação e do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação)“ e SIM aos milhares de emblemas das escolas que são símbolos do orgulho e da união de seus estudantes. Nossos adolescentes e jovens de escolas públicas podem ser, em sua maioria, pobres; mas não querem e não devem ser tratados como objetos móveis de propaganda de empresas e de governos.

Sunday, October 11, 2009

Ranking de Universidades

Clóvis Rossi (Folha 11/10) afirma que nosso País não conseguiu “colocar umazinha só, no ranking das 200 melhores do mundo”. O U.S. News & World Report's (Junho de 2.009) coloca a Universidade de São Paulo logo acima da Universidade de Buenos Aires – respectivamente, 196º. e 197º lugares – e bem abaixo da Universidade Nacional Autônoma do México (150º), completando as três universidades latino-americanas incluídas entre as 200 melhores do mundo. Campinas deu um verdadeiro salto e já ocupa o 249º. lugar, 10 pontos abaixo da Sorbonne (239º). Apesar dessa escala negar sua afirmação, não invalida a tese implícita nela de que nosso ensino superior e a qualidade das pesquisas em nossas universidades vão muito mal.

Saturday, October 10, 2009

“Não Negocio com Golpistas”

O presidente Lula e as duas maiores autoridades de seu estado maior para assuntos internacionais - o Ministro Celso Amorim e o Assessor Marco Aurélio Garcia – entupiram nossa mídia com o adjetivo golpista(s), que logo se tornou bordão, ao se referirem ao atual governo de Honduras. Sabiam, desde o início, que não se tratava de um golpe de estado no velho estilo e sim de uma deposição prevista na Constituição, porém mal conduzida na prática.Isso ficou demonstrado por Dalmo Dallari (Folha, 03/10), professor emérito da Faculdade de Direito da USP, ao explicar didaticamente o que ocorreu em Honduras à luz do direito com base nos fatos divulgados pela imprensa. Como todo bom professor, livrou-nos da ignorância contida em juízos simplórios e caricaturais. Resta agora ao Presidente Lula explicar à nação qual a proposta de nosso País para restabelecer a paz naquele pequeno País, considerando que afirmou não negociar com "golpistas", logo após receber Zelaya e sessenta acompanhantes em nossa embaixada, várias vezes utilizada por ele como quartel-general dos insurretos para conclamar o povo hondurenho a apoiá-lo em manifestações de rua.

Saturday, October 03, 2009

“Puxa eu não sabia disso”

Como é bom ler artigo de Eliane Cantanhêde (Folha, 3/10) que traz fatos importantes para o leitor ao invés de enxurrada de adjetivos e advérbios em torno de hipóteses e divagações. Sobre a famigerada escolha dos aviões de caça ela afirma: UM FILME DE 5 MINUTOS FOI "CONTRABANDEADO" PARA LULA POR OFICIAIS DA AERONÁUTICA, QUE VÊEM VANTAGENS NO GRIPEN NG POR SER UM PROJETO EM DESENVOLVIMENTO QUE JÁ CONTA COM A PARTICIPAÇÃO DE TÉCNICOS BRASILEIROS. Segundo sua reportagem, Lula teria dito que não sabia dos fatos revelados no filme sobre os aviões suecos fabricados pela Saab. Afinal, o que está acontecendo em nosso País? O Ministro da Defesa não informa o Presidente sobre fatos relevantes sabendo que a decisão final é dele? Por que a provável escolha de aviões franceses se escuda atrás de uma aliança estratégica com a França que poderá nos levar a compras onerosas e menos recomendáveis em matéria de disseminação de tecnologia no País, além de já ter-nos imposta estranha escolha de uma empreiteira brasileira, feita sem licitação por empresa estatal francesa, para construir estaleiro de R$ 5 bilhões no Rio? Pergunto se nossos representantes no Congresso tiveram acesso ao documento – se é que existe - que reúne os estudos sobre as razões e as implicações dessa aliança estratégica? Se Lula pode afirmar “Puxa eu não sabia disso” sobre as vantagens dos caças suecos, o que diremos nós, simples cidadãos, pessimamente representados no Congresso Nacional em que deputados e senadores aceitam mansamente o cabresto do Executivo?

Friday, October 02, 2009

MERCOSUL

Venezuela é a terceira economia da América do Sul. O Brasil tem um superávit extraordinário no comércio com esse País, dependente da exportação de petróleo para sobreviver. Sua entrada no MERCOSUL representaria um avanço na formação de um mercado comum sob a liderança de nosso País. Nada mais lógico, portanto, do que aprovar sua entrada no MERCOSUL. Todavia, cabem duas perguntinhas nesse quadro surrealista: primeira, como vai o MERCOSUL hoje, graças às políticas argentinas de comércio com nosso País? Segunda, como ele melhoraria com a presença da Venezuela sob a liderança de Chávez que pretende implantar o socialismo bolivariano no continente e está sempre buscando encrencas e ateando fogo onde menos se espera? Já esquecemos do "imbroglio" em Honduras? É triste ver o PT separando a economia da política. A nova bandeira do PT é: economia, de um lado, e política, de outro, num País como o nosso em que o governo tem a pequena participação de quase 40% no PIB. E se esquece, ainda, que o maior problema da Venezuela é diversificar sua economia, hoje totalmente dependente do petróleo. Chávez está de olho na escala de nosso mercado para viabilizar essa diversificação. Além disso, o projeto do pré-sal vai bater de frente com a Venezuela. Abra os olhos Lula! Nem Pedro Simon, com sua larga experiência política, enxergou isso (Folha, 2/10).

Sunday, September 27, 2009

Transparência em Honduras

Enquanto os governos democráticos forem “do povo, pelo povo e para o povo”, como Lincoln disse em seu célebre discurso de Gettysburg, o princípio da transparência das ações dos governantes deve ser respeitado. Atos secretos somente em situações extremas de risco à própria segurança e sobrevivência de nossa pátria. Como cidadão de um Estado Democrático de Direito sinto-me ludibriado por não saber o que realmente ocorreu e está ocorrendo em Honduras, a ponto de nosso Chefe de Governo e de Estado, Presidente Luís Inácio Lula da Silva, estar continuamente se manifestando no Brasil e no exterior sobre a crise naquele País. Leio na Folha (27/9) que de nossa embaixada, com mais sessenta acompanhantes, o presidente deposto Zelaya conclama a população hondurenha a lutar pela sua volta ao cargo. Segundo meu parco conhecimento do caso, ele tem uma ordem de prisão contra si emitida pelo Supremo Tribunal Federal por violação da Constituição hondurenha. Por razões desconhecidas, a ordem de prisão transformou-se em seqüestro e degredo. O congresso hondurenho escolheu Micheletti para ocupar o cargo esvaziado até que tome posse o novo presidente que for eleito nas próximas eleições de Novembro. Diz-se que dois candidatos são simpatizantes de Zelaya. Portanto, trata-se de situação diferente dos antigos golpes de Estado. Não parece ser essa a visão de nossos governantes. A falta de isenção e tranquilidade de Lula e de nossa diplomacia ao adotar posições intransigentes está piorando a crise. Somente o Presidente Lula pode nos explicar o que ele pretende em Honduras ao permitir que nossa embaixada seja usada como quartel general dos insurretos contra o grupo que depôs Zelaya. E se tem consciência plena de que essas atitudes o tornam protagonista da ópera tragicômica encenada por Chavez para manter Honduras, sua então aliada conduzida por Zelaya, na marcha para o socialismo bolivariano.

Saturday, September 26, 2009

OH, DIACHO

No Brasil avançou-se muito no chamado “hardware”, até porque seguem padrões internacionais e têm que funcionar. Caso contrário as empresas produtoras iriam para o brejo. Quanto ao “software”, isto é, os sistemas e processos que garantem a boa utilização de instrumentos e equipamentos que os maravilhosos avanços tecnológicos nos proporcionam, aí a porca torce o rabo. Infelizmente, não conseguimos ainda vacinas que impeçam a sua contaminação por vírus culturais degradantes, das piores espécies, que conseguem sobreviver várias gerações por meio de contínuas mutações. A vida no Brasil, em ambiente natural maravilhoso, que poderia ser bem melhor, é atacada por vírus culturais que resistem a ponto de aculturar, também e tão bem, os sistemas e processos do mundo moderno. Não é de se estranhar que Tom Jobim tivesse captado com tanta sensibilidade nosso humor em sua canção Felicidade que diz: “...tristeza não tem fim, felicidade sim...” Numa linguagem bem a meu estilo, eu diria: aporrinhação não tem fim, alegria sim! Ou como diz o povão: “alegria de pobre dura pouco”; ou, então, “quando o milagre (referindo-se a coisas e situações que estão indo muito bem) é grande, até o santo desconfia”. O telefone e a internet são dois instrumentos maravilhosos. Acordei esta manhã alegre, diposto, e decidi fazer uma rápida cotação de preços de um produto que desejo comprar. Em alguns segundos estava na minha tela a foto e tudo mais sobre o produto. Sem preço, o fabricante indicava as lojas no Brasil a fora que o vendem. Escolhi uma, rapidamente, e anotei o telefone. Tentei ligar três vezes e somente ouvia aquela frase antipática: “esse telefone não existe” Alguém vindo de um país “descontaminado” acharia que sou louco. Bastaria ter ouvido uma vez que o telefone não existe para ele não mais perder seu tempo. Insisti três vezes, e não uma quarta, como já fiz no passado e consegui, finalmente, completar a ligação APESAR DA INFORMAÇÃO MENTIROSA DA TELEFÔNICA, simplesmente porque não agüento mais essa chateação “sem fim”. Liguei, então, para o serviço de informação 102 que me forneceu o telefone de uma das lojas. Liguei em seguida e depois de ouvir o sinal de chamada várias vezes, surge do nada o antipático SINAL DE FAX. Oh, diacho! Por que a loja e a telefônica não chegam a um acordo para atender nossa população sem aporrinhação? Simplesmente porque há operadores brasileiros e estrangeiros contaminados pelos vírus que se transmitem para os sistemas e processos. Permanecem no ar hipóteses e mais hipóteses: Será que o telefone que apareceu na tela de meu computador existe e a Telefônica, operando com sistema degradado, informa que ele não existe? Ou será que a loja não se preocupa em atualizar seu telefone, maltratando os que dele necessitam? Ou será, ainda, que os dois sistemas estão degradados? Será que o sistema de informação da Telefônica, quando se usa o 102, está programado a dar telefones ligados a fax? Ou será que a empresa não atualiza seu cadastro na Telefônica? Ou será que fui vítima de escolha aleatória da telefonista que indicou um número de fax por acaso, já que a empresa que tem lojas espalhadas pela cidade não pensou em fornecer um telefone só em caso de consulta somente pelo nome da empresa? Acho que já desabafei e descarreguei minha raiva. Perdão aos que leram este e-mail sem fim feliz. Coloco meu BLOG a sua disposição também para iniciarmos uma guerra contra a degradaçào de sistemas e processos em nosso País e por osmose eliminar de nossa cultura os vírus da degradação.

Sunday, September 20, 2009

Pouso e decolagem

Eliane Cantanhêde, em seu conciso e inteligente texto (Folha 20/9), desceu do patamar da emoção e arriscou seu apoio à escolha sensata da Aeronáutica: o avião Gripen NG fabricado na Suécia. Contudo, ela ressalva: “Mas a FAB pode achar uma coisa, e o governo civil já ter decidido outra há mais de um ano”. Na realidade, o mencionado governo civil é formado por quatro estrategistas: Lula, Jobim, Amorim e Marco Aurélio Garcia. Eles terão de convencer a nação de sua decisão caso insistam nos aviões franceses. Provavelmente, em recuada estratégica, ratificarão a escolha da Aeronáutica. O que resta explicar é a razão da passividade do governo civil brasileiro diante da interferência da França em assuntos internos de nosso País, tirando-nos o poder soberano da escolha da empreiteira brasileira para construir o estaleiro do submarino nuclear, cujo custo estimado é de R$ 5 bilhões, e impondo-nos, sem mais nem menos, a Odebrecht. Espera-se que não tenha sido por “razões estratégicas” negociadas secretamente. Segundo Jobim, foi empresa estatal francesa que fez a escolha!

Thursday, September 17, 2009

Cautelas Tucanas

No editorial acima (Folha 17/9) lê-se: “Já se disse, de certo escritor, que era um puro estilo à procura de idéias que nunca lhe ocorriam.” Reforça-se com essa ironia nosso viés cultural do gosto pelas novidades e pelos discursos circenses de políticos alienados de nosso sofrido dia-a-dia. O que nós brasileiros queremos e estamos cansados de esperar de um futuro Presidente da República é capacidade de introduzir na administração pública federal, e de disseminar nos poderes Judiciário e Legislativo, bem como nos Governos Estaduais e Municipais, os valores da competência, honestidade e do respeito pelo povo e por nosso ambiente natural. Somente assim será possível melhorar os padrões atuais de nossos capengas sistemas de saúde pública e saneamento, habitação popular, educação fundamental e profissionalizante que garanta emprego no mercado, segurança pública, transportes e justiça. Além disso, conseguiremos que a democracia e as instituições públicas que lhes dão sustentação se integrem definitivamente no seio e no coração do povo brasileiro.

Wednesday, September 16, 2009

TELEFÔNICA –TERCEIRO LADO

É raro se criticar o pésssimo serviço (Folha, 16/9) oferecido pelos telefones públicos, já que o bode expiatório de seu mau funcionamento são os depredadores. Além disso, seus usuários pertencem ao povão de voz rouca. Com criatividade na localização e na vinculação desse serviço público a outros (pontos de taxi, postos de gasolina, padarias, bancas de jornal, etc...), e mais atenção da polícia, seguramente poder-se-ia melhorar a situação. Que tal o PROCON fazer um teste por amostragem? Ontem, depois de visitar cinco orelhões e com a ajuda do povo acostumado a sofrer nessa busca insana, cheguei à pequena fila em frente ao que funcionava.

Thursday, September 10, 2009

VIVA O STF!

“Paradoxalmente, seu governo coleciona derrotas significativas”. É assim que Vera Magalhães (Folha 10/9) se refere ao fato do Juiz Peluso “desconstruir” com isenção e competência os argumentos utilizados pelo Ministério da Justiça para sustentar a decisão política do Brasil dar asilo político ao italiano Battisti. O “paradoxalmente” se refere ao fato do juíz Peluso e outros seis terem sido indicados por Lula, garantindo-lhe maioria de nomeações no STF; e não de votos, como demonstrou Peluso. Será que a articulista, paradoxalmente, e o Presidente Lula, queixando-se de “derrotas” e propondo petista roxo para ocupar vaga no STF, pensam que os juízes da suprema corte devam agir como os parlamentares da base aliada que fazem o que ele manda ao invés de representar seus eleitores? O que é paradoxal, sim, é nossos representantes no Senado, eleitos pelo povo, não terem a necessária isenção e decência no exercício de suas funções que, entre elas, consta a de aprovar ou não as indicações de Lula para o STF.

.

Wednesday, September 09, 2009

Problema de Gestão?

Paulo André Argenta afirmou que ele e a senadora (Ideli Salvatti-PT) decidiram fazer o curso The Art of Business Coaching para melhorar a gestão do gabinete da senadora (Folha, 9/9), a um custo de R$ 70.000,00. Disse ele: "Estávamos com um problema. Basicamente, questão de equipe." Contratada para reorganizar, reduzir custos e aumentar a eficácia da gestão pública no SENADO, a Fundação Getúlio Vargas parece não ter convencido nem os próprios senadores de sua competência. Basta lembrar-se que em recente entrevista à Globonews, os senadores Mercadante (PT) e Guerra (PSDB) concordaram ser viável reduzir-se o quadro administrativo do SENADO em 40%. Enquanto em estudo da FGV feito para SARNEY, citou-se uma redução de custos de menos de 1%! Nós, cidadãos contribuintes, que temos de engolir tantas patotas, sim, já estamos tendo problemas de digestão e de gestão financeira.

Tuesday, September 08, 2009

UM INIMIGO COMUM?

A leitura do artigo de Eliane Cantanhêde com o título acima (Folha, 8/9/09), transcrito abaixo, trouxe-nos à mente o estilo simplista, ufanista, literário e antiamericano que predominava antes da entrada de Marx na mente dos brasileiros. O que torna um País “independente” – palavra difícil de ser empregada em mundo globalizado - são a estrutura, o tamanho e a sofisticação tecnológica de seu processo produtivo e a qualidade de sua população e instituições. O Brasil precisa, antes de tudo, defender-se do poder do tráfico de drogas, da destruição de nosso meio ambiente, da violência interna, da miséria, da ignorância, do sofrimento, da falta de moral e impunidade que estimulam a mentira, a mistificação e a corrupção. O que felizmente já vem acontecendo lentamente apesar da obsolescência de grande parte de nossas instituições públicas. Até agora não foi explicado com clareza, seriedade e objetividade o quê se procura defender e do quê. Sem falar do porquê da França já ter escolhido a empresa brasileira Odebrecht para executar obras no valor de R$ 5 bilhões. Um “pacotaço” desses, como afirma nossa articulista, merece ser aberto, senão por vivermos em país democrático, pelo menos para sentirmos o cheiro gostoso dos perfumes franceses no meio de tanta confusão tropical gerada por disputas eleitorais prematuras.

ELIANE CANTANHÊDE (Folha, 8/9)

Um inimigo comum

Há uma lógica cristalina na definição pelos caças Rafale para renovar a frota da FAB e fechar o pacotaço militar do Brasil de Lula com a França de Sarkozy. Uma lógica não só técnica ou comercial, de compra e venda, mas política. Por trás dos 36 caças, 4 submarinos, 50 helicópteros e tecnologia para construir uma base, um estaleiro e um submarino de propulsão nuclear, por bilhões de euros, há uma decisão geopolítica: a França e o Brasil se unem, não exatamente contra os EUA, mas por um melhor equilíbrio internacional.

Numa comparação doméstica, Colômbia e Peru aprofundam a sua dependência dos EUA, e Venezuela arrasta Equador e Bolívia para os braços da Rússia e do Irã, enquanto o Brasil escapa da polaridade e opta pela França. Os dois são aliados dos EUA, mas não incondicionais, e tentam evitar que os US$ 13 tri de PIB da maior potência definam os destinos do mundo. Nem por isso alimentam o "outro lado".

A França é um país central do mundo rico, um dos mais sofisticados tecnologicamente e o mais político da Europa. E o Brasil é um país continental, com a Amazônia, a Amazônia Azul, mercado crescente e, agora, o pré-sal. Fecha as duas pontas: biocombustíveis e petróleo. Sem falar nas jazidas de urânio, entre as maiores do planeta.Desde o início de 2008, quando Jobim foi à França, à Rússia e aos EUA, ele deixou clara, em inúmeras declarações, a preferência brasileira pelos submarinos e caças franceses. E que, por trás das compras, havia o interesse estratégico.

O Brasil já diversificou seus mercados e, ao fechar o maior pacote militar de sua história, sinaliza ao mundo: França, pelos ricos, e Brasil, pelos emergentes, se movem contra o chamado "mundo unipolar". Ou seja: trabalham para neutralizar a força acachapante dos EUA no pós-Guerra Fria. É mais uma alavanca para a almejada liderança do Brasil nesse novo mundo.

elianec@uol.com.br

Monday, September 07, 2009

Do pré-sal ao pós-carbono

Marina Silva em seu curto, leve e inteligente texto (Folha, 7/9) conclui: “O desenho de um novo Brasil não pode estar contido na camisa de força da tramitação em regime de urgência do marco legal do pré-sal, feita para contemplar cronogramas políticos e sem a participação da sociedade, essencial porque estamos numa democracia e porque as questões reais precisam ter, pelo menos, chance de vir à tona.” Lula deveria ouvir sua ex-companheira de partido e mostrar-nos seu lado de estadista, abrindo mão da urgência dessa tramitação pelo bem da nação. Se Santo Agostinho fosse vivo, ele diria à Lula que explorar a ignorância dos pobres e miseráveis que confiam em nós é um pecado imperdoável.

Sunday, September 06, 2009

Guerra das Lagostas

Neste mundo de permanente “tsunamis” de palavras e imagens que procuram invadir nossas mentes é extremamente difícil separar-se a frágil e reduzida comunicação verdadeira e inteligente, do resto. Mesmo que se jogue no lixo, preconceituosamente, toda a propaganda, seja ela do tipo que for, sobra muita coisa burra e mentirosa para se descartar. No Brasil, cada dia que passa, torna-se mais penosa e difícil essa tarefa a ponto de nos levar a abrir mão, gradativamente, de nossa condição de cidadão bem informado. Em tempo: associei esta nota e seu título às notícias que li e ouvi sobre o Pré-Sal e à Aliança Estratégica com a França, até hoje.

.

Sunday, August 30, 2009

Ainda a Reunião do UNASUL (28/08/09)

Terrorismo, disputas religiosas e territoriais, narcotráfico e outros conflitos no futuro estão exigindo da sociedade moderna e organizada novos instrumentos e métodos de policiamento e defesa com tecnologias distintas das usadas nas guerras convencionais. O sistema responsável pela produção de meios físicos e de conhecimento para serviços de inteligência, de contenção de conflitos e de defesa mais eficaz exigirá investimentos de longa maturação. Eles servirão, também, para o desenvolvimento socioeconômico com sustentabilidade e para o contínuo avanço da fronteira do próprio conhecimento.

No atual estágio somente dois grandes blocos dispõem de condições de investir maciçamente em pesquisas e desenvolver essas tecnologias com plena autonomia: o americano e o europeu. O asiático, ainda em estruturação, quem sabe o seja a médio prazo se contar com a liderança do Japão. A China e a Índia, por necessidade, somente no longo prazo terão autonomia tecnológica.

O que se observa na América do Sul é que alguns países já se alinharam com os EUA (Colômbia, Peru e Chile), outros estão desalinhados e, até mesmo, “desligados”’ do mundo real, sob a liderança de Chávez; e os demais, como o Brasil, que ainda não decidiu o que fazer, haja vista à maneira aparentemente tecnocrática como está tratando a disputa entre EUA e França no fornecimento bilionário de aviões de defesa e das tecnologias e processos de sua produção.

A impressão que se tem é que para o Brasil a tecnologia a ser importada de um ou de outro bloco não tem implicações fora da operacão de importação. Pressupõe-se que ambas tecnologias se ajustam aos sistemas de segurança e controle existentes - SIVAM,por exemplo - sem custos adicionais e complexos ajustamentos. Além disso, que os aspectos políticos da segurança nacional face às novas ameaças não necessitam ser considerados, não obstante a transferência da tecnologia ora em análise no Ministério de Defesa, segundo opinião de técnicos,levar várias décadas.

O Brasil não tem ainda recursos e demais condições exigidas para ser independente tecnológicamente, a ponto de atender suas necessidades de segurança e defesa sem apoio externo. Antes mesmo de terminar a transferência de tecnologia envolvida no programa em exame, haverá avanços e mudanças técnicas e estratégicas que requisitarão novas transferências de tecnologias, no próprio setor de aviação militar como em outros afins, atrelando o perfil das tecnologias empregadas no Brasil ao País escolhido para o atual programa. Ademais, serviços internacionais de inteligência estão antevendo uma escalada tecnológica no plantio, na refinação, transporte e distribuição de drogas no mundo, tornando impossível seu controle com os meios disponíveis atualmente. É necessário um esforço coordenado entre todos os países afetados para enfrentar os novos desafios. As fronteiras não existem para os traficantes de drogas e para o emprego de seus meios de burla da vigilância e repressão.

Isto posto, o Governo brasileiro, com a responsabilidade que tem pelo bem estar de nossa enorme população, já deveria ter feito sua opção tecnológica pelos EUA, condicionada, porém, a uma participação mais efetiva nas decisões que lhe afetam. O episódio com a Colômbia revelou, porém, que os EUA simplesmente ignoraram nosso País, não levando em conta que representamos 50% da América do Sul, como demonstram os indicadores sobre população, área territorial e produção medida pelo PIB,reunidos na tabela abaixo.

O antiamericanismo em nosso País não deve ser desculpa para esconder a forma bem pouco diplomática que os EUA costumam tratar assuntos de interesse seu na América Latina, como novamente aconteceu no caso das bases limitares da Colômbia. Será que se trata de preconceito? Ou medo de perderem o poder de agir unilateralmente em nosso continente e ter de compartilhá-lo com os "hispânicos", como se designam os habitantes de países latinoamericanos que emigraram para os EUA e seus descendentes lá nascidos. Esse medo já se nota dentro dos EUA com a ascensão de Barak Obama à Presidência e a continua redução de brancos no total da população, o que os torna cada vez mais latinos e africanos, como nós já somos.

O momento político é ideal para o Brasil se alinhar com os Estados Unidos e manter-se afastado das diatribes de Chávez e seus seguidores bolivarianos, cuja política externa se resume em buscar aliados antiamericanos.Teremos de trabalhar com seriedade e afinco para tornarmo-nos protagonistas na construção de nosso futuro e de nossos irmãos latino-americanos.

Está aqui, na América, seja do norte, do centro ou do sul, para onde vieram livres e expontaneamente os imigrantes da velha Europa e Ásia em busca de riquezas e novas oportunidades, e acorrentados para os servirem os escravos africanos, o nosso lugar e o nosso destino. Irã, Rússia, China, França, Alemanha, Índia,e tantos outros países, são exemplos de parceiros naquilo que nos interessa e lhes interessa, também. E jamais deveriam servir para alimentar devaneios de um Brasil adolescente que deseja criar eixos abstratos de uniões política, econômica e social, atravessando oceanos e continentes, para nos aproximarmos de países cujas histórias, culturas e costumes se distanciem dos nossos. O nosso destino é enfrentar politicamente o "Big Brother" norteamericano, com seus, e também nossos, medos e preconceitos, para conquistarmos um lugar a seu lado junto com nossos irmãos deste imenso continente e, assim, tornarmo-nos todos protagonistas na busca de um mundo melhor para a América que despertou na humanidade tantas fantasias, sonhos e esperanças.

Saturday, August 29, 2009

FALTOU ORGANIZAÇÃO NO UNASUL

Lendo a reportagem de Eliana Cantanhêde (Folha de 29/08) sobre a reunião do UNASUL, realizada ontem em Bariloche para discutir a ameaça da renovação e ampliação da assistência militar americana dada à Colômbia por meio de bases militares instaladas nesse País, não resisti e enumerei os parágrafos seguintes:

1. “Para Uribe, a América do Sul está se tornando uma grande consumidora. Para Lula, esse é um problema principalmente dos países ricos” - ambos referindo-se ao consumo de drogas ;

2. “Ao chegar, Uribe falou com jornalistas para expor uma quase exigência: de que os debates fossem transmitidos pela TV para os telões da sala de imprensa. Numa votação simbólica, os demais presidentes concordaram, e apenas um condenou a decisão: Lula “ ;

3. “Alan García, maior aliado de Uribe na região, lançou a idéia de que as decisões passem a ser por maioria, não mais por consenso. Porque, por consenso, nada se conclui de concreto”;

4."As bases dos EUA na Colômbia existem desde 1952 e não solucionaram o problema, então, que outras coisas poderiam ser feitas para resolver?", disse Lula. Uribe corrigiu: "As bases não são dos EUA" ;

5. "Combate ao narcotráfico se faz com inteligência e contra-inteligência. Aviões C-17 ou radares de amplo alcance não me parecem os instrumentos adequados. A base de Palanquero parece mais compatível com guerra convencional", disse Cristina - presidenta da Argentina;

Em outro texto, publicado também na Folha, consta, ainda, “gozação” de Garcia sobre manifestação de Chávez, conforme descreve a enviada especial.

- Chávez disse que a ânsia intervencionista americana agora está centrada no petróleo e provocou Lula: "Ainda bem que você tem bastante petróleo", disse o venezuelano, com o tom de "bem-vindo ao time".

-Na sua vez, García dirigiu-se a Chávez, irônico: "Homem, para que os EUA precisam dominar o petróleo se você vende todo o petróleo que eles precisam?" Resultou na única gargalhada da reunião.

Para encerrar, a Folha afirmou que, em sete horas de reunião, Chávez falou como militar, Uribe como técnico aplicado, respondendo uma a uma as críticas, Rafael Correa agiu como professor universitário, com "power point" e tudo, Cristina Kirchner atuou como advogada, Evo Morales defendeu os direitos indígenas, Lula reagiu como sindicalista, irritado com a falta de objetividade e de resultados. ”De quebra, reclamou da reunião aberta à imprensa, com a possibilidade de a opinião pública receber relatos detalhados do teatro” . Observo eu que somente faltou o ex-bispo católico, Lugo, atual presidente do Paraguai, rezar pela paz e harmonia dos povos da América do Sul.

Para finalizar, pergunto-me: como é possível se organizar uma reunião de Chefes de Estado sem que os seus respectivos ministros de relações exteriores organizem a pauta, discutam entre si os pontos de consenso e de conflito, negociem e, somente após terem chegado ao ponto ideal de convergência de interesses, escrevam um texto de acordo para ser firmado. É óbvio que durante todo esse processo os poderes executivo, legislativo e judiciário de cada País terão sido sondados. Esse trabalho é típico de diplomatas muito bem educados em todos os sentidos dessa palavra. Além de profundo conhecimento dos intrincados sistemas jurídico e político internacionais, com capacidade de articular os diferentes ministérios, bem como entidades privadas de maneira a garantir uma posição de governo que atenda os interesses nacionais, esses diplomatas normalmente são dotados de fineza de trato e ampla cultura para evitar confrontos infantis e manifestações intempestivas, muitas delas recheadas de ignorância.
FIM

.

Friday, August 28, 2009

Lógica Sarneysiana

"Quem pediu para apressar foi o juiz, que pediu 60 dias para que terminassem o inquérito”, afirmou Sarney, concluindo: “Então, a ministra pediu uma coisa que a Justiça já tinha pedido. Por isso, acho (sic) que essa reunião não existiu" (Folha, 28/08/09). De acordo com essa respeitável lógica, considerando que Lina jura de pés juntos que esteve em reunião com Dilma e o Palácio do Planalto jura de mãos juntas que ela não esteve, somente resta examinar a hipótese dela ter tido um surto alucinatório e transformado mentalmente o despacho do juiz em reunião com a Chefe da Casa Civil. O que Sarney não sabe é que essa revelação sua joga lenha na fogueira: a reunião, se houve, não teria sido somente para agilizar o que o Juiz, ainda não identificado publicamente, já fizera. Apressar o já apressado com prazo curto de solução determinado por decisão judicial não faz sentido para justificar reunião "quase secreta". Sarney tem razão. E se tivesse sido para pedir ou ordenar algo escuso?. Nessa hipótese, Lina deveria ter revelado naquela época o que acontecera; hoje, ela pode ser denunciada por omissão, tendo compactuado com Dilma Rousseff em seu assédio, ainda que não tenha atendido o pedido dela. Cabe ao Ministério Público descobrir se houve ou não a reunião, já que o governo federal continua alimnetando dúvidas e mais dúvidas ao invés de processar Lina por mentira.E se houve - o que parece verdade - o que realmente ocorreu nela. Se Dilma for enquadrada, não há como não punir Lina, também. Com a revelação de Sarney o "agilizar" perdeu sua força. Haja paciência, brava gente brasileira !

Monday, August 24, 2009

Como Evitar a Gripe Suína

Hoje o fato que mais me chamou a atenção foi Dr. Márcio Bontempo, médico naturalista e sanitarista, residente em Brasília, http://www.drmarciobontempo.com.br/ - que escreveu um excelente artigo sobre a gripe que nos assola, enfatizando a importância das defesas naturais do corpo que podem ser reforçadas ou enfraquecidas, dependendo de nossos hábitos de vida, principalmente da qualidade da alimentação. Recebi esse artigo do eng. Nestor Tupinambá e recomendo sua leitura.Infelizmente para os que não conhecem o inglês o texto está nessa língua. Já enviei e-mail a Dr. Márcio pedindo-lhe a versão em português.Interessante é sua observação sobre o uso de cânfora, colocada em saquinho de gaze sustentado ao redor do pescoço, como faziam os médicos no início do século passado, para defesa contra a contaminaçào da gripe espanhola.

Sunday, August 23, 2009

ELIANE CANTANHÊDE

Casa de Zumbis

Na Presidência, José Sarney não tem condições de presidir sessão nenhuma, arrastando os pés tristemente do gabinete ao plenário sob uma nuvem de ostracismo. Sua voz e sua mão nunca mais vão parar de tremer na tribuna.

Na liderança do PT, Aloizio Mercadante é um fantasma dele mesmo, numa função fantasma. Líder de uma bancada subjugada pelo Planalto e que se desfez em pedaços e em intrigas, ele não fala mais para seus pares petistas, nem para a base aliada, nem para a oposição.

Na liderança do PSDB, o principal partido da oposição, Arthur Virgílio engaveta os seus discursos irados e recheados de um certo lustre intelectual para conviver hoje, amanhã e sempre com o depósito feito por Agaciel Maia para pagar hotel em Paris e com os milhares de reais que saíram do público para financiar o estudo privado de um amigo assessor.

Sarney, Mercadante e Virgílio são zumbis de um Senado zumbi. E não só do Senado, mas da política.

Sarney, o veterano de fala mansa e conversa agradável, não teve mais condições de eleger a filha Roseana ao governo do Maranhão e levou um suadouro de uma delegada negra e estreante nas eleições no Amapá. Enfraquecido em seus três feudos -o Maranhão, o Amapá e o Senado-, vai se agarrar desesperadamente a Lula, ao preço da aliança formal do PMDB com Dilma.

Mercadante, que se regozijava com a condição de senador mais votado do país, hoje já não dá para o gasto. Vêm aí as eleições para o governo de São Paulo, mas ninguém fala no nome do senador mais votado do Estado. Aliás, como veio o governo "do amigo" Lula, mas ninguém falou no seu grande assessor econômico para a Fazenda.
E Virgílio, uma ilha nos mais de 80% de Lula no Amazonas, entrou na política como jovem brilhante e está para sair como neurótico estridente e inconsequente. É um resumo cruel. Mas, infelizmente, verdadeiro.
elianec@uol.com.br
Nota: Transcrito da Folha de domingo, 23/08/09

Saturday, August 22, 2009

FREUD EXPLICA

A renúncia anunciada e proclamada e tão bem concebida moral e politicamente por Mercadante, que o levaria aos píncaros da liderança de petistas insatisfeitos, esvaiu-se num sussurro envergonhado de permanência no cargo, emitido no plenário do Senado na presença de “cinco colegas, dos quais apenas um petista, e de um ex-senador” (Folha, 22/09). Perdeu a grande oportunidade de se tornar um dos maiores políticos do País e demonstrar à nação de que existe um petista preparado a renovar seu partido. Reviver os valores que nortearam seus políticos na luta contra a corrupcão e o fisiologismo no passado, agora tolerados e praticados com a justificativa de manter a governabilidade. Ao caminhar para enfrentar Lula, porém, enfraqueceu-se e caiu na armadilha do Pai que o mandou de volta com uma cartinha na mão cheia de elogios e afagos ao Filho obediente. A sua carreira de líder político independente e coerente se encerra e se inicia a de assessor de Lula: aquele que terá de buscar a obediência dos liderados por meio de uma cansativa tarefa de levar e trazer recados do “Capo”.

Thursday, July 30, 2009

MOTOTAXI
Sempre soube que o serviço de transporte público de passageiros tem de ser concedido (ou autorizado) pelas autoridades públicas visando a garantir qualidade, segurança e preços justos aos usuários. Em outras palavras, o transportador de passageiros tem de demonstrar ao poder público que os veículos e os condutores de sua empresa oferecem as condições acima. E se autorizado, a população entenderá que poderá usar o serviço com tranqüilidade. O mesmo acontece - ou deveria acontecer - com outros produtos e serviços oferecidos no mercado à população.

Ora, todos sabem que a motocicleta não é um veículo seguro para o transporte de passageiros, AINDA QUE O VEÍCULO BEM CONDUZIDO ofereça segurança para o motociclista qualificado e treinado que, no caso, funde em si dois papéis: de condutor qualificado e treinado e o de passageiro qualificado e treinado. Como se pode regulamentar o serviço de mototaxi se o passageiro para usá-lo necessita de possuir condições físicas e psicológicas especiais para ser transportado com segurança? Em outras palavras, o passageiro teria de provar ao motociclista-condutor do mototaxi que não sofre nenhuma restrição para ser um PASSAGEIRO SEGURO. Na realidade, deveria ter uma licença da autoridade pública para utilizar o mototaxi. Caso não a tenha, o motociclista-transportador será responsável por danos físicos e morais causados ao PASSAGEIRO CLANDESTINO, isto é, sem licença para usar esse serviço.

É incrível que seja homologada uma lei em que o PASSAGEIRO DEVA DEMONSTRAR QUE ELE É HABILITADO PARA SER TRANSPORTADO. Caso não o demonstre, em se tratando de um serviço regulamentado pelo poder público, nada impedirá que gestantes, crianças, idosos, portadores de doenças incompatíveis com o mínimo de equilíbrio físico e mental necessário para se manter sentado na moto, e tantas outras restrições que o TORNEM UM PASSAGEIRO INSEGURO PARA SER TRANSPORTADO EM MOTOCICLETA, avaliem inadequadamente sua possibilidade de ser transportado com segurança e corram riscos enormes nesse transporte.

Especialistas em transportes que conhecem bem as características exigidas para QUALQUER PESSOA USAR O SERVIÇO DE TAXI AGORA REGULAMENTADO PELO PODER PÚBLICO PARA SER EXECUTADO TAMBÉM POR MOTOCICLETAS apresentem sua avaliação por meio de representação junto ao Ministério Público, responsabilizando as autoridades de trânsito do País pelas mortes e acidentes que decorram de tamanha estultice que é a regulamentação do mototaxi. Por que não enfrentar os cartéis que controlam os serviços de taxis em todas nossas cidades, promovendo ociosidade no sistema devido a tarifas elevadas que são acessíveis somente aos grupos sociais com renda bem acima da média da população? Os serviços de taxis na Índia podem ser realizados em veículos leves de três rodas e poderiam ser homologados, também, no Brasil para serviços de passageiros, limitando-se, obviamente, a velocidade deles. É somente um exemplo menos burro que o mototaxi.

Observação: como os municípios serão responsáveis pela regulamentação detalhada do serviço, pela expedição da licença para o transportador e pela fiscalização, essa Lei Federal simplesmente jogou no colo dos prefeitos uma bomba de efeito retardado! Se forem feitas muitas restrições e exigências, O PREFEITO SERÁ CULPADO; se aumentar o número de feridos e mortos, O PREFEITO SERÁ CULPADO. A única saída para os prefeitos será pedir ao Presidente Lula que revogue a LEI, pois aí serão todos eles culpados perante os motociclistas interessados em explorar o serviço de mototaxi.

Friday, June 26, 2009

Já se pode andar a pé com dignidade?

No dia 5 de junho passado a Associação Brasileira de Pedestres – ABRASPE comemorou 28 anos, mantendo suas qualidades de fundação: muita esperança e ânimo. Contudo, a visão política do seu fundador que assina este artigo, engenheiro de formação e com experiência em atividades puramente técnicas, era infantil e, como tal, imediatista: bastaria conscientizarem-se as autoridades públicas das condições inaceitáveis em que o cidadão se encontra na qualidade de pedestre para que as medidas necessárias para dar-lhe conforto e segurança seriam adotadas imediatamente. Afinal, o metro quadrado de calçada e o custo de faixas e de sinalização para as travessias de pedestres custam menos, muito menos, sem dúvida, que a infra-estrutura necessária para o trânsito de veículos automotores que envolvem não só a construção e manutenção das pistas, da sinalização horizontal e vertical, da fiscalização e policiamento, e o custo de toda a parafernália legal e administrativa necessária a manter nosso trânsito seguro e menos agressivo à saúde e integridade física da população. Além disso, o custo da construção e manutenção das calçadas é da responsabilidade dos proprietários dos imóveis em frente delas, sendo, portanto, do interesse deles que sejam belas, seguras e confortáveis; pois não só as atividades econômicas, comerciais. sociais e familiares abrigadas nas casas e edifícios fronteiriços se enobrecem, como se evitam multas da fiscalização e ações na justiça em caso de quedas e ferimentos causados aos pedestres. Esse interesse, todavia, torna-se menor - para não dizer que desaparece de todo - pelo fato da fiscalização pública ser omissa, mesmo quando ativada por denúncias de pedestres prejudicados, e, ainda, devido a procedimentos administrativos e legais inadequados que transformam um simples remendo de calça num processo “kafkiano”. Quanto a ações na justiça – já que nove pedestres em cada mil habitantes da população se ferem caindo em nossas calçadas, segundo pesquisa do IPEA feita na Cidade de São Paulo – elas simplesmente não acontecem. A maioria não acredita que o esforço e gasto eventual da ação produzam resultado financeiro que os compensem. Os poucos que gostariam de acioná-la acham que perderão seu tempo. Realmente há esses riscos, apesar de a justiça ter criado juizado especial para causas até quarenta salários mínimos e, além disso, ter aceitado a prática de indenização por dano moral em situação criada, por exemplo, pelo vexame da queda de um pedestre na calçada. É necessário, porém, que sejam identificadas, no próprio local da queda, testemunhas dispostas a depor no juizado sobre o ocorrido. Celulares oferecem hoje a facilidade de se fotografar a irregularidade que deve ser objeto de imediata reclamação à Prefeitura Municipal que deve avaliar se o defeito, o buraco ou o que seja, é, de fato, uma irregularidade. Com o laudo oficial da prefeitura municipal de que se trata de irregularidade, a foto e o nome, endereço e telefone da testemunha, o pedestre, munido dos recibos de farmácia, taxi, e outros custos de enfermaria ou até mesmo de pronto socorro ortopédico, comparece no juizado especial para pedir compensação pelos danos materiais, pela perda de renda por incapacitação eventual de trabalhar, se for o caso, e pelo dano moral produzido pela queda. No caso das travessias e a correspondente sinalização que, eventualmente, não lhe garantam a necessária segurança e conforto, o pedestre pode e deve fazer uso dos artigos 72 e 73 do novo Código de Trânsito Brasileiro relativos aos direitos do cidadão para solicitar providências e receber resposta, sem delongas.

A ABRASPE continuará insistindo junto às autoridades de trânsito que adote medidas que melhorem o conforto e segurança do pedestre, como se constata em www.pedestre.org.br Em país de tamanho continental como o nosso, porém, é necessário que grupos e indivíduos utilizem os instrumentos de cidadania como os citados acima para pressionar as autoridades locais a melhorar as calçadas e travessias e cobrar indenização pelos prejuízos que tenha sofrido ao andar a pé.

Respondendo à pergunta que encabeça este texto, podemos afirmar que as condições do pedestre estão mudando para melhor, porém muito, mas muito lentamente, ainda tirando, portanto, a dignidade do cidadão que anda a pé.

Saturday, June 13, 2009

USP

Na qualidade de cidadão e leitor da Folha gostaríamos que a Reitoria respondesse às afirmações abaixo, contidas no artigo do Professor de Filosofia Saflate(12/06), a fim de que possamos formar opinião correta sobre o que está ocorrendo na USP. Em relação aos grevistas afirma: a) piquetes e degradações; b) salários menores que de qualquer universidade federal no País; c) gritos e latas; d. 2.000 estudantes “de todas faculdades” participaram , incluindo “alguns de nossos melhores alunos”; e) greve de funcionários (administrativos) no início, envolvendo professores e alunos após a entrada da polícia. Em relação à polícia destaca: a) armada com metralhadoras; b) risco de balas perdidas atingirem crianças; c) incapaz de agir de forma “minimamente adequada diante do cidadão”; d) “polícia bem preparada não reage a gritos e latas com gás lacrimogêneo e) balas de borracha”; e) histórico catastrófico em resolver conflitos sociais de nossa polícia militar.

Sunday, May 31, 2009

Nojentos e Assépticos
Em artigo com o título acima (Folha 31/5), Plínio Fraga esqueceu que não há divisão formal entre esquerda e direita em nosso País. Basta ouvir a propaganda comercial-eleitoral gratuita para constatar que os cansativos bordões são praticamente os mesmos: desenvolvimento com melhoria da qualidade de vida, da distribuição de renda, inclusão social e muito emprego. É após a eleição que surgem as diferenças entre os políticos, e até entre partidos. Elas acontecem quando se definem os meios e as formas de se atingirem os objetivos enunciados. Muitas escolhas inexplicáveis à luz da razão normalmente atendem a interesses escusos ou inconfessáveis. A impressão que nós eleitores temos é que as poucas diferenças ideológicas que poderiam diferenciar os políticos de esquerda e direita, se é que existem, estão sendo tragadas pela sede de poder e dinheiro. A grande agitação de nossa elite política se assemelha a uma corrida permanente no desfrute do poder, acobertada por objetivos nobres enunciados publicamente. “E cosi la nave và ” até que um dia encontremos nosso porto de redenção.

Eduardo José Daros Rua Roque Petrella, 556 04581051 S. Paulo, SP
Tel, 11-84440941 daros@transporte.org.br

Sunday, May 24, 2009

EDUCAÇÃO versus POLÍTICA

Qualquer mudança séria e profunda no sistema político brasileiro esbarra no baixo nível de educação do povo e, especialmente, em sua herança cultural com valores e crenças inadequados a uma convivência social saudável. Infelizmente, essa observação -ou especulação– aplica-se a todos os segmentos, inclusive à elite brasileira. A reportagem de Felipe Seligman sobre terceiro mandato (Folha 24/5) mostra a imaturidade do legislativo na abordagem de assuntos relevantes para o aperfeiçoamento de nosso regime político visando à preservação da democracia. Mudança de partido até seis meses antes das próximas eleições e possibilidade de um terceiro mandato são aberrações que não podem ser tratadas casuisticamente. Se não prevalecer a posição madura do Presidente Lula e o poder moderador assumido pelo Judiciário na defesa da república, nosso País se transformará em gigantesca Venezuela. E daí, que Deus nos acuda.....

Sunday, May 17, 2009

Estado Forte

Para os mais velhos, essa designação é um pleonasmo, pois o Estado deve ser necessariamente forte. Para os jovens, a qualificação “forte” traz consigo uma leve ironia para dizer que alguém está balofo. Se entendermos, porém, como forte, um Estado formado de governos enxutos, eficazes e éticos, agindo, portanto, com rapidez, competência e pleno respeito às leis do País, o Presidente Lula pode contar com nossa aprovação a seu novo mote de campanha eleitoral antecipada. E mais do que isso, tem nosso total e irrestrito apoio para pôr mãos à obra e começar já seu árduo trabalho de reverter o inchaço do Governo Federal (v. Folha 17/5, Gustavo Patu) e dar o bom exemplo às demais instituições do setor público do País para que, no futuro, tenhamos um Estado Forte como ele deseja e prega.

Thursday, May 14, 2009

FGV

A FGV está na berlinda sem que ninguém explique os termos do contrato e quem foram os consultores técnicos contratados para o estudo de reestruturação dos serviços administrativos do Senado. A legislação permite que o setor público a contrate sem licitação, assim como faz com entidades públicas de ensino e pesquisa e outras organizações não-lucrativas. Como nas concorrências do setor público o custo do serviço é fator predominante na escolha, consultores técnicos de alto nível têm dado preferência a prestá-lo a empresas privadas. Nelas, a escolha se faz com base na relação custo/benefício do serviço, que leva em conta, também, os resultados conseguidos com a implantação dos estudos e projetos propostos pelos consultores. Enquanto isso, nos contratos do setor público com entidades sem fins lucrativos tem havido certa liberalidade na aceitação – havendo casos de direcionamento - de subcontratação de serviços administrativos e de consultoria técnica realizados por profissionais não pertencentes ao quadro permanente da instituição contratada. Seria interessante que a Folha, tão alerta em desvendar os intrincados interesses envolvidos no jogo político, também o fosse em relação à contratação de serviços profissionais de técnicos de alto nível pelo setor público. Afinal, um estudo de reestruturação administrativa do Senado Federal visando à sua racionalização que produz uma redução de despesas inferior a 1% exige explicação convincente para que não se pense o pior.
FIM

Wednesday, May 13, 2009

Brasil e Venezuela

Os US$ 200 bilhões de reservas que o Brasil ostenta hoje se deve ao trabalho árduo de nosso povo, à qualidade de nosso empresariado e, muito, muito mesmo, à estabilidade de nossa política econômica e à solidez de nossas instituições. A caricatura que se faz da Venezuela no Brasil se deve à discricionariedade de Chávez no exercício do poder. Transforma suas ameaças em ações, passando por cima das instituições democráticas e da tríade que define o poder do Estado: Executivo, Legislativo e Judiciário. A entrevista construída pelos repórteres da Folha (Caso Battisti, 13/5) e “reconstruída” por nós a partir da reportagem, é assustadora.
“Se o STF aprovar a extradição de Batistti o que acontecerá?” perguntamos
Tarso Genro reponde: "Seria perturbador se o Supremo mudasse a jurisprudência por causa do caso Battisti para atender um país que não respeita as autoridades do Brasil (refere-se à Itália)";
Gilmar Mendes responde: “Se a corte (referindo-se ao STF) votar pela extradição, caberá ao presidente Lula respeitar a decisão.”;
Tarso Genro comenta a resposta de Gilmar Mendes: "É bom que o Supremo não faça isso".
FIM

Tuesday, May 12, 2009

Vício de Origem no PARLASUL

Com esse título, Fernando Rodrigues em seu artigo na folha (4/5), alerta-nos sobre o pesadelo que o MERCOSUL pode se transformar para o Brasil ao aceitar que em seu Parlamento, já se defina, que o poder de decisão se distribua fora dos parâmetros democráticos da proporção da população de cada País no conjunto. O que se pretende aprovar vai colocar o Brasil em constante conflito com seus vizinhos, principalmente se o Senado cometer a sandice de autorizar a entrada da Venezuela no sistema. No estágio em que o MERCOSUL está seria melhor evitar formalizações prematuras de sistema de votação e dar um basta à velha tradição brasileira de imitar. Por mais esforço que faça, não consigo separar a imagem do MERCOSUL-PARLASUL da de um papagaio frente à União Européia.

Socialismo do Século 21

Referimo-nos ao Socialismo Bolivariano em processo de implantação por Chávez. A mais recente iniciativa sua, publicada em reportagem da Folha (12/5), é o telefone celular VERGATÁRIO, cujas peças são importadas da CHINA e a montagem feita pela empresa estatal venezuelana MOLINET. No período das compras que antecedem o Dia das Mães, CHÁVEZ se tornou garoto-propaganda desse produto em aparições feitas em “suas várias cadeias de TV Estatal”. Também, recentemente, fez propaganda do livro "As Veias Abertas da América Latina", aumentando significativamente suas vendas. Perguntamo-nos como os Membros do MERCOSUL se comportarão diante de situações como essas, caso o Senado Federal aprove convite do Governo Lula para a VENEZUELA integrar o bloco? Em tempo: segundo a mesma reportagem, celulares é um dos principais itens de exportação do Brasil para a Venezuela.

Saturday, May 02, 2009

PANDEMÍDIA

"Os telespectadores e ouvintes de rádio apreciam ser informados sobre violências e catástrofes. E essa mídia falada - e a TV com imagens também - esmera-se em assustar a população. Lembro-me de um jornal, muito popular no Rio, de onde se dizia escorrer sangue de suas páginas. Felizmente, os grandes jornais impressos continuam a ser a fonte mais equilibrada de informações. No Brasil, se forem somadas as mortes em acidentes de trânsito com os assassinatos, chega-se a um índice bárbaro de 10 mortes por hora (85.000/8.760). A tal gripe que começou no México, chamada inicialmente de suína, e agora carimbada tecnicamente de H1N1, tem mantido o rádio e a TV histericamente ocupados com ela apesar de ainda não ter matado ninguém e sequer ter chegado ao País. Não obstante, a audiência cresce, dá IBOPE e torna a população brasileira alienada de seus problemas e dos riscos reais de morrer prematuramente ou de vir a contrair doenças graves."

Nota: Este texto foi enviado ontem ao Painel do Leitor da Folha de SP. Seguramente não será publicado e se juntará às dezenas que enviei para esse painel.A partir de hoje vou incorporá-los neste BLOG.

Tuesday, March 31, 2009

LULA NO CHILE
Excelente o Editorial da Folha (31/03) sob esse título contra o Estado forte defendido por Lula. Achávamos que a expressão Estado necessário já tivesse produzido raízes em nosso País. Felizmente, a explicação de Lula do que entendia como tal desanuviou o ambiente, em parte; "Estado democrático, socialmente controlado e eficiente na prestação de serviços". Difícil de entender, porém, que um assessor de alto nível que o acompanha “fez elogios, no dia anterior, ao populismo sul-americano, incorporado em governos como os de Chávez, na Venezuela, Morales, na Bolívia, e Correa, no Equador”, segundo a Folha. Será que Lula acredita que nesses países seus governos, com o apoio eleitoral e “referendal” da maioria da população, estão transformando seus Estados em democráticos e socialmente controlados e mais eficientes na prestação de serviços? Um velho político dizia: “se você quer conhecer o pensamento de uma autoridade pública de alto nível não ouça ou leia discursos seus, converse com seus assessores mais íntimos”. Afinal, quem é o citado assessor?

Sunday, March 29, 2009

DEMOCRACIA E DITADURA DA MAIORIA

Uma das confusões mais perniciosas para o cidadão brasileiro é nossos políticos esquecerem, no dia-a-dia, a diferença entre vontade da maioria com democracia. Ainda que em discursos formais bem elaborados e cuidadosamente revistos eles caracterizem como base fundamental do governo democrático o respeito às minorias, nas atividades correntes se esquecem disso com muita freqüência. E pior, os cidadãos da minoria prejudicada em seus direitos garantidos por lei se omitem diante da ditadura da maioria. Outra dificuldade por má formação intelectual do político é a falta de lógica em seu raciocínio. Quando se juntam essas falhas surgem idéias e propostas de ações e políticas que visam, muitas delas, a objetivos nobres, contudo, os meios irracionalmente escolhidos acabam gerando desperdício de recursos e introduzindo mecanismos e regras administrativas que contrariam os bons princípios democráticos conquistados pela sociedade e assimilados em suas práticas ao longo dos anos.

O exemplo mais notório disso é a insistência com que o atual governo está introduzindo o sistema de cotas nas universidades públicas federais e, agora, a discussão da eficácia do vestibular. Em excelente artigo publicado na Folha do dia 23/3, Vestibular como Anomalia?, Carlos Eduardo Bindi escreve em determinado trecho “O estudante da escola pública de ensino médio nunca questiona o vestibular, alegando ser ele ilícito. Ele reclama é do fato de não ter sido aprovado porque não teve acesso ao conhecimento que deveria ter sido proporcionado a ele”. A falta de lógica no sistema de cotas é tão gritante que dispensa comentários. A eliminação do vestibular no atual estágio de nosso ensino superior, porque não é o instrumento perfeito de seleção, seria o golpe de graça na preservação da qualidade de nossos profissionais de nível superior. Não se deve olvidar que o estreito canal de entrada nas universidades já foi dilatado com a instalação irresponsável e sem controle de entidades de ensino superior, muitas delas com o único objetivo de produzir lucros a seus proprietários. Em muitos casos não é exagero se afirmar que nelas se vendem diplomas a prestações cujo número é estabelecido pelo período que o estudante-comprador deverá “permanecer” como aluno do estabelecimento. No caso do diploma de bacharel em direito, por exemplo, a deterioração do ensino foi tal que a OAB criou um crivo específico para eliminar pessoas completamente inabilitadas para o exercício da profissão. É como se o egresso de uma Escola de Engenharia ou Medicina perdesse o direito de exercer sua profissão depois de ser diplomado, devendo passar por novo exame organizado pelas entidades de suas respectivas classes. O vestibular ao eliminar 95% dos candidatos (número citado por Bindi) gera, também, uma situação muito pouco comentada, qual seja, a de selecionar uma elite de elevada capacidade mental e intelectual que terá condições de avaliar criticamente o próprio ensino superior e tapar os “furos” nele existentes por meio de cursos, seminários e leituras complementares. Quem freqüentou curso superior sabe que a competência dos professores varia muito entre eles e tende a se estagnar, ou até mesmo se deteriorar, em muitos casos, pela falta de estímulos, especialmente de competição, para que se mantenha permanentemente atualizado em sua matéria. Após conseguir o cargo por concurso público, sua estabilidade não é ameaçada. A maior parte dessa elite de estudantes que passou no vestibular vai à luta, preenchendo os vazios deixados no ensino superior e avançando com novas técnicas, práticas e conhecimentos para enfrentar a acirrada competição em seu mercado profissional. Atitude nem sempre adotada pelos maus professores que não cumprem com sua obrigação de manter-se continuamente atualizado.

Em suma, o que mais precisamos no Brasil é de um ensino fundamental e médio de alta qualidade, seja ele público ou privado, que garanta conhecimentos e habilidades para o exercício profissional competente e honesto visando a atender a demanda de nossa sociedade; adequados, obviamente, a uma filosofia de vida compatível com a harmonia social e ambiental, tão necessária em nossos dias. O ensino superior, bem como as pós-graduações, devem ser reservados somente aos estudantes mais qualificados, sem distinção de classe, cor, raça, religião,gênero, ou qualquer outro sectarismo porventura existente. Para que o País não prejudique os mais pobres nessa seleção, pois iniciam seus estudos com bagagem cultural menor, compete ao governo garantir a igualdade de oportunidades, fornecendo-lhes subsídios e atenção especial, inclusive à família, no caso dos mais dotados, para que a igualdade de oportunidades seja real e lhe garanta o acesso até o nível de educação que tiver desejo e qualificação para chegar. Arrombar as portas das universidades com cotas e privilégios, e agora com o questionamento da eficácia do vestibular, mais parece uma revolução em que o governo busca incessantemente a cooptação da maioria negra e parda, bem como daqueles que por deficiência das escolas públicas não têm condições de competir no vestibular. Se a qualidade de nossos “doutores” e técnicos cair, ainda mais,em conseqüência disso,o prejuízo social e econômico do País será avassalador, pois o tempo perdido não poderá ser recuperado. O Brasil já demonstra falta de profissionais competentes de nível médio e superior no estágio atual de desenvolvimento,fazendo com que a melhoria da educação seja aclamada, conclamada e proclamada como prioridade número um por todos especialistas em desenvolvimento econômico, social, cultural e ambiental.

Por outro lado, em recente manifestação sobre a crise financeira e econômica internacional o Presidente Lula afirmou o seguinte: “É uma crise causada, fomentada, por comportamentos irracionais de gente branca, de olhos azuis, que antes da crise parecia que sabia tudo e que, agora, demonstra não saber nada”. Questionado por jornalista da BBC sobre essa tirada, ele respondeu: “como não conheço nenhum banqueiro negro ou índio, só posso dizer que essa parte da humanidade, que é a mais, eu diria, vítima do mundo, pague por uma crise” (frases publicadas na Revista Época de 28/3. Ora, o que se observa aqui, novamente, é o confronto de cores de pele, esquecendo-se da falta de lógica, pois está implícita a idéia em sua explicação ao jornalista da BBC, que se os banqueiros fossem negros e índios não tinha importância que suas populações fossem vítimas da crise. Esquecendo-se, além disso, que a população branca, inclusive as de olhos azuis, não merece estar sofrendo por uma crise gerada pela irresponsabilidade de agentes do setor financeiro e de incopetencia do governo norte-americano. Essas tiradas sem lógica, prejudicam a imagem do Presidente Lula e o enfraquecem na luta contra o protecionismo no comércio internacional, pela revisão da estrutura do sistema financeiro internacional e do papel do FMI, pela participação do Brasil no Conselho de Segurança da ONU, que conta com o respaldo de todos nós brasileiros, brancos, negros, pardos, amarelos, e outras cores de pele.

Enquanto a mídia encara jocosamente as tiradas do Presidente Lula, a falta de lógica do sistema de cotas para negros e pardos e de preferência aos egressos de escolas públicas no acesso às universidades federais deve ser analisado e avaliado com seriedade e preocupação, pois coloca em risco o sistema de mérito cuja immparcialidade e eficácia na seleção dos melhores estudantes não foi colocada em dúvida até hoje.