Saturday, August 29, 2009

FALTOU ORGANIZAÇÃO NO UNASUL

Lendo a reportagem de Eliana Cantanhêde (Folha de 29/08) sobre a reunião do UNASUL, realizada ontem em Bariloche para discutir a ameaça da renovação e ampliação da assistência militar americana dada à Colômbia por meio de bases militares instaladas nesse País, não resisti e enumerei os parágrafos seguintes:

1. “Para Uribe, a América do Sul está se tornando uma grande consumidora. Para Lula, esse é um problema principalmente dos países ricos” - ambos referindo-se ao consumo de drogas ;

2. “Ao chegar, Uribe falou com jornalistas para expor uma quase exigência: de que os debates fossem transmitidos pela TV para os telões da sala de imprensa. Numa votação simbólica, os demais presidentes concordaram, e apenas um condenou a decisão: Lula “ ;

3. “Alan García, maior aliado de Uribe na região, lançou a idéia de que as decisões passem a ser por maioria, não mais por consenso. Porque, por consenso, nada se conclui de concreto”;

4."As bases dos EUA na Colômbia existem desde 1952 e não solucionaram o problema, então, que outras coisas poderiam ser feitas para resolver?", disse Lula. Uribe corrigiu: "As bases não são dos EUA" ;

5. "Combate ao narcotráfico se faz com inteligência e contra-inteligência. Aviões C-17 ou radares de amplo alcance não me parecem os instrumentos adequados. A base de Palanquero parece mais compatível com guerra convencional", disse Cristina - presidenta da Argentina;

Em outro texto, publicado também na Folha, consta, ainda, “gozação” de Garcia sobre manifestação de Chávez, conforme descreve a enviada especial.

- Chávez disse que a ânsia intervencionista americana agora está centrada no petróleo e provocou Lula: "Ainda bem que você tem bastante petróleo", disse o venezuelano, com o tom de "bem-vindo ao time".

-Na sua vez, García dirigiu-se a Chávez, irônico: "Homem, para que os EUA precisam dominar o petróleo se você vende todo o petróleo que eles precisam?" Resultou na única gargalhada da reunião.

Para encerrar, a Folha afirmou que, em sete horas de reunião, Chávez falou como militar, Uribe como técnico aplicado, respondendo uma a uma as críticas, Rafael Correa agiu como professor universitário, com "power point" e tudo, Cristina Kirchner atuou como advogada, Evo Morales defendeu os direitos indígenas, Lula reagiu como sindicalista, irritado com a falta de objetividade e de resultados. ”De quebra, reclamou da reunião aberta à imprensa, com a possibilidade de a opinião pública receber relatos detalhados do teatro” . Observo eu que somente faltou o ex-bispo católico, Lugo, atual presidente do Paraguai, rezar pela paz e harmonia dos povos da América do Sul.

Para finalizar, pergunto-me: como é possível se organizar uma reunião de Chefes de Estado sem que os seus respectivos ministros de relações exteriores organizem a pauta, discutam entre si os pontos de consenso e de conflito, negociem e, somente após terem chegado ao ponto ideal de convergência de interesses, escrevam um texto de acordo para ser firmado. É óbvio que durante todo esse processo os poderes executivo, legislativo e judiciário de cada País terão sido sondados. Esse trabalho é típico de diplomatas muito bem educados em todos os sentidos dessa palavra. Além de profundo conhecimento dos intrincados sistemas jurídico e político internacionais, com capacidade de articular os diferentes ministérios, bem como entidades privadas de maneira a garantir uma posição de governo que atenda os interesses nacionais, esses diplomatas normalmente são dotados de fineza de trato e ampla cultura para evitar confrontos infantis e manifestações intempestivas, muitas delas recheadas de ignorância.
FIM

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