Monday, March 29, 2010

Educação

O artigo de Niskier, “A Suécia de Olho no Brasil” (Folha 29/3), é de uma clareza e simplicidade escandinavas. Quais são as funções básicas da universidade naquele País? “Formar cientistas, pensadores e professores”, escreve Niskier. A conclusão é óbvia: na universidade, a qualidade do ensino, dos professores e dos alunos deve ser a mais alta possível, pois ali repousa o embrião do futuro de um país. No Brasil, cumpre às faculdades técnicas a formação de nossos profissionais para a execução de serviços de alta complexidade, utilizando as tecnologias disponíveis da melhor forma possível a fim de garantir nosso desenvolvimento. A expansão de nossas fronteiras tecnológicas, de pensamento e de educação dependem, principalmente, dos resultados que forem conseguidos em nossas universidades. Considerando que são poucas as que podem assumir, de fato, esse papel de formação de pesquisadores, especuladores e professores de alto nível, o caminho seria escolher algumas, ou partes delas, para constituírem nossos Institutos do Saber. E transformar as que realmente podem, após fechar as fornecedoras de diplomas à prestação, em Faculdades Técnicas, deixando as pesquisas para os doutores dos novos Institutos do Saber. Seria uma espécie de plano real para eliminar a inflação de títulos de PHD e de pesquisas de baixo nível que acometem a nação e nos confundem com conclusões e propostas bem pouco fundamentadas. Isso acontece, principalmente, em pesquisas e teses nas quais os instrumentos de validação das ciências exatas pouco penetraram.
                                               FIM

Tuesday, March 23, 2010

Metrô de SP Vai Atrasar

São Paulo dá uma lição de democracia e transparência ao resto do País. De um lado, a excelente e detalhada reportagem de Alencar Izidoro na Folha (23/3), revelando atrasos na conclusão de várias linhas e estações previstas em plano de expansão do Metrô de SP divulgado na mídia; de outro lado, a resposta de sua direção sobre as razões disso, acompanhada de várias outras reportagens sobre como será a rede do Metrô de SP e sua integração à rede de trens metronizados da CPTM. Nós, cidadãos desta metrópole em que o trânsito congestionado nos estressa e sufoca, já teremos a oportunidade, neste ano e nos próximos, de contar com alternativas de transporte público rápido. O que me chocou, e ainda me choca, é a total indiferença da opinião pública e da mídia ao que o Presidente Lula falou em discurso pronunciado em Itaboraí (RJ), publicado pela Folha (9/3). Além de afirmar que tem como meta propiciar aos pobres condições para comprar um carro, o que é um direito de todo cidadão em país democrático, acrescentou que “os que defendem investimentos em metrô e trens querem que o pobre deixe a rua livre para eles”. É triste, mas é verdade!
                                                FIM

Monday, March 22, 2010

Complexo Militar-Industrial ou Educacional-Comportamental

Como todos sabem, a França, na eventual e futura ampliação do Conselho de Segurança da ONU, defende a presença nele de um país latino-americano. Posteriormente, comprometeu-se em indicar o Brasil ao custo de respeitarmos as condições de nossa “parceria” que prevê as importações do caça Rafale da DASSAULT, conforme entrevista de seu Embaixador no Brasil. O Relatório revisto do Comando da Aeronáutica que originalmente previa o caça Gripen (Suécia) como vencedor da licitação já voltou de maneira a possibilitar a escolha final do caça francês, sem mais especulações da mídia. O que o Ministro Jobim ainda não comentou com o vozeirão que lhe é peculiar, é que o veto dos EUA à exportação da EMBRAER de 26 Super Tucanos para a Venezuela encontra-se ainda atravessado nas gargantas de Garcia-Amorim, responsáveis por reduzir e afastar o poder dos EUA de intervir na América Latina. É bom lembrar que Lei norte-americana proíbe que sejam exportados materiais e componentes estratégicos para a sua segurança, sem cláusula de veto em seu uso. O que nos assusta nisso tudo é que o Brasil não está somente preocupado com uma Estratégia Nacional de Defesa de baixo custo, para a qual o Gripen (Suécia) seria suficiente, mas em criar um Complexo Industrial-Militar independente dos EUA que lhe dê poder não só de defender nosso País, mas de exportar armas para os países que comungam com nossos interesses econômicos, políticos e de outra ordem, como a Venezuela, para citar um exemplo. Nosso povo precisa muito mais do desenvolvimento de técnicas e tecnologias que estruturem um Complexo Educacional-Comportamental eficaz para nos libertar da ignorância, da pobreza, da violência, da falta de saúde e da insalubridade de nosso meio. O atual sistema está falido. Os sintomas disso estão nos fazendo submergir numa onda mortal de drogas legais e ilegais, violência, assassinatos, medo, corrupção, trânsito assassino e, acima de tudo, o desvario de nossa elite, particularmente a política, que não enxerga o que está acontecendo com nossas crianças, adolescentes e jovens.
Rafale X Gripen

O Ministro da Defesa, Nelson Jobim, disse que o caça Rafale (Dassault da França) é melhor que os outros dois tipos oferecidos ao Brasil para realizar as funções previstas na Estratégia Nacional de Defesa de nosso espaço aéreo ao dizer que "está à frente do Gripen NG (SAAB da Suécia) e do F-18 S H ( Boeing do EUA) em transferência de tecnologia, capacitação da indústria nacional e redução de dependência de fornecedores estrangeiros. E que o relatório do Comando da Aeronáutica somente tratou da questão operacional dos três caças. Coincidentemente, ou não, o Presidente Lula antecipou sua escolha do caça Rafale e informou Sarkozy a respeito disso por ocasião de sua visita ao Brasil, no último 7 de Setembro. Posteriormente, houve desmentidos, afirmando-se que ainda se aguardava o relatório de avaliação da aeronáutica, ressalvando-se, contudo, que a escolha final seria do Presidente Lula. Para quem leu os excelentes artigos publicados em nossos jornais sobre isso, a escolha do Rafale para nós cidadãos comuns parece extremamente confusa e controvertida, parecendo até suspeita para os mais desconfiados como eu. Ao afirmar que o Comando da Aeronáutica somente examinou o aspecto operacional dos três tipos de caças, o Ministro Jobim torna a avaliação feita incompleta e, com isso, anula a conclusão de que a proposta da Saab (Caça Gripen) é a melhor segundo os oficiais da aeronáutica. Ficam no ar duas perguntas: 1. quem examinou os outros três itens acima apontados por Jobim e omitidos no exame feito pelo Comando da Aeronáutica a ponto de levá-lo a inverter a avaliação desse Comando que considerou a proposta da Dassault (Caça Rafale) como a pior? 2. Por que não pediu ao Comando da Aeronáutica que examinasse também as três questões apontadas, tendo em vista a larga experiência de nossos engenheiros aeronáuticos, especialistas em tecnologia aérea e sua transferência para o Brasil, tendo desenvolvido o ITA e a EMBRAER, esta última recentemente privatizada com grande sucesso no mercado de aviões civis e militares? Vou reunir textos que publiquei neste BLOG sobre esse assunto para o Deputado Federal em quem votei - felizmente eleito - e pedir-lhe que me ajude a esclarecer o que está acontecendo. É o que posso fazer para merecer o título de cidadão brasileiro que me deram quando nasci.

Saturday, March 20, 2010

Ressuscitar?

A candidata Dilma Rousseff teria razão em criticar a atitude da oposição em trazer à tona o Mensalão (Folha, 20/03)? Essa é a questão. Não uso o termo por ela usado, ressuscitar, por soar como blasfêmia nesta época em que se aproxima a data de comemoração da Ressurreição de Cristo. O Mensalão, marco histórico importante da execrável cultura política brasileira em que nossos representantes eleitos pelo povo costumam desviar dinheiro público para fins inconfessáveis, repousa vivo e incômodo, como osso atravessado na garganta de todos nós brasileiros. Para Dilma, porém, o Mensalão já morreu e foi enterrado. Quem sabe um dia todos os crimes de corrupção que empestam a política brasileira sejam rápida e totalmente esclarecidos, e os culpados punidos, indo os processos para o Arquivo Morto, sem risco de “ressurreição”. Não é o caso do Mensalão, Senhora Ministra Dilma Roussef, e de muitos outros processos em julgamento. A memória do povo brasileiro é curta, mas nem tanto.

Saturday, March 13, 2010

Educação

Acabo de ler na Folha (13/02) dois excelentes artigos dos doutores Rudá Ricci e Luiz C. Faria da Silva, respectivamente pró e contra a decisão da justiça de condenar um pai que optou pela educação de seus filhos em casa. Os dois, porém, reconhecem a má qualidade do ensino fundamental público. Conseqüentemente, pais pobres, que não podem pagar altas mensalidades cobradas em escolas particulares de bom nível, são punidos duplamente: por não ter tido a oportunidade de sair da pobreza pela falta de educação e, novamente, por ser obrigado a aceitar que seus filhos tenham o mesmo destino. Pior, ainda, é saber que professores deixaram seus filhos sem aula para marcharem na Avenida Paulista em protesto contra o governo estadual. Segundo li, é uma reação contra o programa de modernização que pretende pagar melhores salários aos professores com mais competência e que obtêm melhores resultados na educação de seus alunos. Seria interessante que se discutisse amplamente na Folha o que eles pretendem com essa greve e qual a proposta do governo estadual em seu plano de modernização do ensino fundamental público. Se possível, em linguagem simples, objetiva e clara para que os pais que sonham com uma boa educação de seus filhos entenderem o que está em jogo.

Tuesday, March 09, 2010

POPLULISMO

Na política, a pior face da demagogia é o vazio de princípios, conceitos e valores, quando o líder leva a platéia ao paroxismo na exaltação daquilo que ela deseja ter, e terá se lhe der apoio cego e irrestrito. As instituições democráticas tremem na mesma intensidade em que o líder populista cresce. Ontem, diante de 3.000 empregados em inauguração de obra do Comperj(Complexo Petroquímico do Rio), em Itaboraí, Lula disse ter como meta propiciar aos pobres condições para comprar um carro. E acrescentou, ainda, à papagaiada de enrubescer o PT e todos os cidadãos que lutam pela melhoria do trânsito e dos transportes públicos em nossas cidades que “os que defendem investimentos em metrô e trens querem que o pobre deixe a rua livre para eles". Esqueceu-se de seu projeto bilionário de Trem de Alta Velocidade-TAV no sudeste e do desejo dos nordestinos de voar. Em aviões comerciais, obviamente, que são, na realidade, ônibus aéreos (Airbus). No espaço, o equivalente ao automóvel seria o jatinho particular, ainda fora de cogitação, felizmente. Os 3.000 trabalhadores presentes não são ignorantes e muitos deles já possuem automóvel e sofrem no trânsito congestionado. A intenção de Lula, porém,foi outra. A de se dirigir aos ignorantes que acreditam cegamente nele, deixando à mídia a tarefa de divulgar Brasil afora sua proposta excêntrica de automóvel para todos. E quanto mais críticas receber sua proposta, melhor, pois prova sua tese de que os ricos querem a rua somente para si. Assim como o Vaticano informa o momento em que os cardeais escolheram um novo Papa por meio da fumaça branca, nós devemos acelerar nossos carros e aumentar a fumaça negra que empesta nossa atmosfera para informar que neste ano eleitoral Lula se afastou da Presidência. Ele está em campanha para aumentar ainda mais a sua popularidade e, com isso, realizar seu projeto pessoal de poder: o POPLULISMO; com Dilma ou sem ela.


Fonte: Folha de São Paulo
São Paulo, terça-feira, 09 de março de 2010

"Eu quero que o pobre tenha carro também", diz presidente
DO ENVIADO ESPECIAL A ITABORAÍ (RJ)
DA FOLHA ONLINE, EM ITABORAÍ

Diante de 3.000 empregados da obra do Comperj (Complexo Petroquímico do Rio), em Itaboraí, Lula disse ter como meta propiciar aos pobres condições para comprar um carro, num discurso para causar insatisfação a ambientalistas.
Para o presidente, os que defendem investimentos em metrô e trens querem "que o pobre deixe a rua livre para eles".
Antes, em evento na Rocinha, no Rio, Lula prometeu uma plástica ao jovem Jailson Marinho Nunes, 15, com problema de lábio leporino.
"Vamos dar a esse moleque o direito de ser visto como todos nós. Se pode fazer uma plástica, por que a gente não faz para cuidar desse menino? Se fosse uma pessoa rica, já estava com a boca boa. Como é pobre, não está", disse Lula no palanque.
FIM

Sunday, March 07, 2010

A Hora é Agora

Excelente o artigo de FHC com o título acima (Estadão7/03), oferecendo-nos um horizonte rico de opções para avançarmos com muito trabalho e dignidade e não ficarmos olhando para trás e detendo-nos em discussões fúteis, como querem Dilma sobre o papel do Estado e Lula sobre o desempenho de seu governo face ao de FHC. O melhor resumo das funções do Estado é o lema adotado na chamada Segunda República francesa, em 1.848: Liberté, Égalité e Fraternité. Se o Estado brasileiro for eficiente e eficaz na busca da consecução dessa trilogia de forma equilibrada e harmoniosa, o povo brasileiro agradece penhoradamente. E somente marchando para frente podemos cantar nosso Hino Nacional e desfraldar nossa bandeira. E não fazer como um colega nosso no Centro de Preparação de Oficiais da Reserva – CPOR de Curitiba, que sofria de algum distúrbio e movimentava suas pernas e braços em desarmonia com o pelotão. O apelido que carinhosamente lhe pusemos era PT, ou seja, Passo Triste.

Wednesday, March 03, 2010

Mercado Interno e Exportações

Em recente discurso feito em Sorocaba, a candidata Dilma procurou minimizar a importância das exportações face à pujança do mercado interno brasileiro, fator preponderante, sem dúvida, na incorporação do Brasil no chamado BRIC, bloco econômico que reúne Brasil, Rússia, Índia e China, em contraposição à defesa da indústria brasileira, feita por Serra, face à queda das exportações de manufaturados, Na realidade não existem mais no mundo globalizado mercados interno e externo separados, salvo na China e em países que não integram a OMC. Tarifas alfandegárias fora de padrões, subsídios às exportações, assim como práticas de “dumping” ou de barreiras não-alfandegárias podem ser denunciados e punidos. É bom saber, portanto, que nosso grande mercado interno, dependendo da taxa de câmbio, pode ser devorado pelos famintos chineses, por exemplo, que arbitram politicamente sua taxa de câmbio, apesar do governo Lula ter reconhecido a economia chinesa, como de mercado. Por outro lado, é nosso grande mercado que garante economias de escala à indústria brasileira para competir no exterior. O problema reside em que as demandas dos setores público e privado tendem a crescer acima da oferta possível, colocando em risco a estabilidade de preços. Infelizmente, o setor público brasileiro não reduz sua demanda e insiste em sua política de gastança e de endividamento, forçando o setor privado a reduzir sua demanda por meio de elevação da taxa de juros. Juros altos atraem moeda estrangeira, valorizam o real, reduzem as exportações e estimulam as importações. Resultado desse imbróglio: preços internos estáveis ao custo da indústria estrangeira tomar de assalto nosso mercado interno e destruir a capacidade de nossa indústria competir no país e no exterior. Recado aos dois candidatos à presidência: um bom projeto é reduzir o chamado Custo Brasil, começando pela modernização e enxugamento do setor público. Um choque de gestão que torne nosso Estado Forte. Capaz de regular e fiscalizar empresas privadas e, se necessário, induzir seus investimentos em certos setores, como afirmou o Presidente Lula, em recente entrevista (Estadão, 19/02) ao ser perguntado sobre o papel do Estado na economia, não obstante o dia-a-dia provar que isso não acontece na prática. Estado sem gorduras, eficiente e capaz de promover o Desenvolvimento Tecnológico e Social e melhorar substancialmente os setores de Educação, Saúde, Saneamento, Segurança, Infra-Estrutura e, acima de tudo, capaz de se regenerar, tornando a prática de corrupção uma execrável exceção, rapidamente punida. Resultado: os juros caem, a taxa de câmbio se acomoda em níveis compatíveis com o equilíbrio entre exportações e importações, e nossa indústria pode competir no país e no exterior em condições de igualdade, estimulando o crescimento e o emprego sustentáveis.

Tuesday, March 02, 2010

VEDETES E PARTIDOS

Ao invés dos partidos possuírem um projeto, ou pelo menos uma visão realista do que a nação brasileira necessita, a começar por uma profunda reforma política, e escolherem democraticamente seus candidatos a cargos eletivos, continuamos purgando o velho estilo da política brasileira: vedetes se manifestando e se movimentando no palco da política com frases de efeito sob os holofotes da mídia, pouco se importando com seus partidos políticos reféns de seus humores e desejos pessoais. E o que é mais triste. A maioria de nosso povo, que adora desfile de escolas de samba e de futebol, vibra com tiradas, dribles verbais e exibicionismo de passarela de nossos políticos, enterrando nossas esperanças de um dia contar com lideranças sérias, honestas e competentes no trato das necessidades de nosso sofrido povo.