Friday, June 25, 2010

TORPEDÃO DO FAUSTÃO

Em período eleitoral, afirma-se que político dorme pouco para estar sempre atento a tudo que acontece e aos movimentos de seus adversários. Não obstante isso, nada se fala, diz-se ou divulga-se a respeito do maior sistema de sorteios, “nunca antes visto neste País”, conhecido como Torpedão do Faustão. Deve haver razões e interesses para esse segredo. Alguém sabe, por acaso, como é feito o sorteio e quem o fiscaliza? O antigo sistema de cartas de telespectadores- gerador de “receitinha” de venda de selos aos Correios - perguntando o óbvio ululante ao missivista, foi substituído pelo Torpedão do Faustão que produz um “receitão”, quase instantâneo, para o gigantesco consórcio formado pelo quarteto Oi, Tim, Claro e Vivo, regido pelo maestro Faustão da TV Globo. Rogo, encarecidamente, ao Ministério Público, que não fecha ouvidos e olhos, tampouco se cala em período eleitoral, que obrigue o Consórcio a informar o apostador sobre as regras do sorteio. No caso de loterias administradas pela Caixa Econômica Federal, por exemplo, são informados o limite total de bilhetes emitidos para venda, a data, a hora e a forma do sorteio, bem como a receita é distribuída entre impostos e prêmios. Segundo consta na tela da TV Globo, o sistema de sorteio por meio de torpedos foi aprovado pela Caixa. Portanto, informações semelhantes às das loterias deveriam ser divulgadas, já que a entidade representante do Governo Federal aprovou o Torpedão do Faustão.

Saturday, June 19, 2010

Estádio de Futebol

A fronteira entre os estados de sanidade e insanidade não depende somente da estrutura física de nosso cérebro. Depende, e muito, do equilíbrio entre a emoção e a razão que continuamente buscamos ao longo de nossas vidas por meio de educação e autoconhecimento. É de se esperar que crianças e jovens tumultuem seu juízo pela emoção; como seria natural que pessoas maduras conseguissem discernir sabiamente, sem se deixar enganar pelo seu coração. Há momentos, é claro, que todos nós podemos e devemos ser crianças e brincar. As disputas acirradas em jogos de futebol de Copa do Mundo oferecem oportunidades mágicas ao povo brasileiro de expressar livremente suas emoções. Infelizmente, nossa elite, especialmente a política, não se manifesta com maturidade e determinação, e deixa claro, como o fizeram o Governador Goldman e o Prefeito Kassab, em relação a não se despender recursos públicos escassos, direta ou indiretamente, na construção de estádio de futebol que terá capacidade ociosa após a copa. Muitos preferem explorar a ignorância e ingenuidade de nossa população com objetivos claramente político-eleitorais ao abordar o tema. Outros, simplesmente, racionalizam suas emoções e reúnem toda sorte de argumentos favoráveis à edificação de um elefante branco. Nem sempre o desenvolvimento econômico propicia o desenvolvimento mental, particularmente quando o sistema educacional do País é precário.

Friday, June 18, 2010

Bom Pagador e Otário

Lula disse que “emprestar dinheiro para pobres no Brasil é bom negócio”, acrescentando que o pobre “é bom pagador porque tem como patrimônio maior o seu nome e a sua cara” (Estadão,14/6). Bancos, lojas , supermercados e agiotas que o digam. Os brasileiros pertencentes à nova classe média (C) e às pobre (D) e bem pobre (E) estão sendo “escalpelados” por juros altos e armadilhas financeiras e contratuais que os tornam presas fáceis por falta de educação fundamental. A maioria não aprendeu a calcular juros simples e compostos, tampouco a diferença entre juro nominal e real, e muito menos a avaliar e escolher opções que lhes são apresentadas em venda de produtos e serviços e na assinatura de contratos de difícil leitura. Nessas opções existem armadilhas montadas por sabichões, mestres em aproveitar-se da ingenuidade alheia. Para preservar a dignidade e o respeito que nosso povo merece, compete aos políticos agir honestamente e proporcionar-lhe educação pública fundamental e profissional de qualidade, deixando de lado a demagogia que acintosamente explora sua ignorância, especialmente em épocas de eleição. Fora corruptos e demagogos! - é nosso lema.

Friday, June 11, 2010

Açucar no Pré-Sal

O artigo do Senador Sarney com o título acima (transcrição abaixo) é açucarado demais. Projetos e programas públicos e privados de grande porte têm de demonstrar viabilidade e sustentabilidade econômica e ambiental a longuíssimo prazo. O ouro negro é realmente “grana”, como afirma Sarney. Porém, se exportado em grande escala, a entrada de moeda estrangeira valorizará o real e tornará produtos e serviços importados mais baratos que os nacionais. Indústrias e serviços tecnicamente sofisticados serão extirpados de nosso território. Hoje, exportações de soja, minério de ferro, e outras “commodities”, por exemplo, associadas a entradas positivas de capital, são amostra pequena do que poderá acontecer com nossa moeda e estrutura de produção no futuro. É bom lembrar que fundo de poupança, mantendo parte da receita em moeda estrangeira no exterior para evitar a valorização do real será de uma nação ainda pobre e carente, “pronta” para gastá-lo, e não a do sempre citado exemplo da Noruega, em que seu povo já dispõe de serviços públicos e de infra-estrutura social de alta qualidade. Fato notório de omissão de Sarney na abordagem do assunto é comparar o sistema de partilha com o de concessão, adotado até agora, sem mencionar que neste último o Brasil participa no lucro da exploração (receita menos custos), abastecendo generosamente os cofres públicos. São esses recursos, gerados pelas concessões com participação nos lucros, que o Governador Sérgio Cabral luta bravamente. O sistema de partilha obrigará órgãos públicos e empresas estatais a armazenar, transportar e comercializar petróleo e derivados em grande escala para produzir receitas das áreas concedidas. Com essa lacuna, Sarney dá a entender que “nunca antes neste País” houve tanta inteligência e patriotismo em defesa da riqueza nacional ao se propor e discutir, atropeladamente, o sistema de partilha. O que fica demonstrado, claramente, é que a pressa do presidente Lula em aprovar as propostas do executivo está sendo nociva para nosso futuro pela falta de debate e conhecimento no Congresso e na sociedade civil organizada.

JOSÉ SARNEY em Açúcar no pré-sal

A alma brasileira nos últimos tempos tomou-se de justificado peito cheio após a descoberta do pré-sal. De repente acordamos com a decisão do Criador de ficarmos bilionários, o Brasil de riso aberto e cara diferente daquele "ame-o ou deixe-o". Barriga cheia de petróleo e olhos de Opep.
O bom é ser um sonho-verdade. Vivi os vários tempos, a começar dos anos 50, em que o Brasil lidou com o petróleo como amigo e inimigo, ter e não ter. O mundo em 140 anos, consumiu mais de um trilhão de barris e as reservas mundiais descobertas indicam a existência de outro trilhão. O Brasil, antes do pré-sal, tinha petróleo apenas para 18 anos, e com ele pode chegar a cem e, se Deus guardou com cuidado, para muitos anos mais.
Como toda riqueza, desperta ambição e briga. Luís Viana falava: "Ali está uma família unida"; e ele mesmo perguntava: "Já teve herança a dividir?". É o que estamos vivendo, numa luta de gladiadores, Estados, municípios, políticos com e sem voto, palpiteiros em busca de ribalta, mamulengos fingindo ódios e raivas pelo modo de repartir o bolo.
Cada um quer seu pedaço e invoca argumentos, desde a formação redonda dos mares da Terra à necessidade de dar um litro de gasolina a cada brasileiro.

A novidade é o modelo correto de adotar a partilha, e não a concessão, na exploração das novas reservas.Num, elas podem ser privadas e estrangeiras, noutro, são da Petrobras, como ícone do povo brasileiro. A verdade é que 80% do petróleo do mundo vem de poços em sistema de partilha, pois ninguém vai dividir com os de fora o que pode fazer com os seus.

Se tudo correr bem, em breve vai aparecer a cor dessa grana. Julgo que quem já tem direito adquirido, recebendo royalties, como o Rio e o Espírito Santo, não pode perder seus ganhos. Seria um absurdo e nada constitucional.
Mas, daqui para a frente, as riquezas que pertencem à nação não podem deixar de ser divididas entre todos e destinadas para transformar o Brasil, a começar por educação e tecnologia, socorrer Estados e municípios contra a pobreza.O Brasil tem uma oportunidade extraordinária, e não deve perdê-la em conversas de botequim. Celso Furtado escreveu um livro dizendo que a Venezuela, quando descobriu petróleo, podia se transformar num dos maiores países da América. Não souberam aproveitar a chance e deu no que está dando.
A visão política de encarar o problema não está à altura do desafio. Este assunto deve caminhar para um novo patamar de discussão e solução. Um terreno de união nacional, sem oposição ou governo. É o presente e o futuro. Hora de estadistas, tempo de soluções grandiosas. Colocar açúcar no pré-sal.
Nota: Transcrito da Folha de São Paulo de 11/06/10

Friday, June 04, 2010

Força da Imagem

A Internet, sem dúvida, deu asas às palavras no espaço sideral. Mais do que isso, potencializou a já enorme força das imagens que condensam, iludem e, não poucas vezes, alucinam, dependendo da habilidade do fotógrafo ou do cameraman. No Brasil, em que a compreensão de textos é restrita a poucos, já que a maioria da população não foi plenamente alfabetizada e tampouco adquiriu o hábito de leitura, a imagem domina a comunicação. O Estadão afirmou com todas as letras ser simpatizante do candidato Serra – ao estilo de grandes jornais do mundo – mas esqueceu de dizer isso aos "antipatizantes" dos tucanos que tiraram e selecionaram as fotos para divulgação em sua versão digital. Quem não acreditar no que digo, compare e analise por si, uma a uma, as fotos publicadas, em 4/6 em http://politica.estadao.com.br/