Sunday, September 27, 2009

Transparência em Honduras

Enquanto os governos democráticos forem “do povo, pelo povo e para o povo”, como Lincoln disse em seu célebre discurso de Gettysburg, o princípio da transparência das ações dos governantes deve ser respeitado. Atos secretos somente em situações extremas de risco à própria segurança e sobrevivência de nossa pátria. Como cidadão de um Estado Democrático de Direito sinto-me ludibriado por não saber o que realmente ocorreu e está ocorrendo em Honduras, a ponto de nosso Chefe de Governo e de Estado, Presidente Luís Inácio Lula da Silva, estar continuamente se manifestando no Brasil e no exterior sobre a crise naquele País. Leio na Folha (27/9) que de nossa embaixada, com mais sessenta acompanhantes, o presidente deposto Zelaya conclama a população hondurenha a lutar pela sua volta ao cargo. Segundo meu parco conhecimento do caso, ele tem uma ordem de prisão contra si emitida pelo Supremo Tribunal Federal por violação da Constituição hondurenha. Por razões desconhecidas, a ordem de prisão transformou-se em seqüestro e degredo. O congresso hondurenho escolheu Micheletti para ocupar o cargo esvaziado até que tome posse o novo presidente que for eleito nas próximas eleições de Novembro. Diz-se que dois candidatos são simpatizantes de Zelaya. Portanto, trata-se de situação diferente dos antigos golpes de Estado. Não parece ser essa a visão de nossos governantes. A falta de isenção e tranquilidade de Lula e de nossa diplomacia ao adotar posições intransigentes está piorando a crise. Somente o Presidente Lula pode nos explicar o que ele pretende em Honduras ao permitir que nossa embaixada seja usada como quartel general dos insurretos contra o grupo que depôs Zelaya. E se tem consciência plena de que essas atitudes o tornam protagonista da ópera tragicômica encenada por Chavez para manter Honduras, sua então aliada conduzida por Zelaya, na marcha para o socialismo bolivariano.

Saturday, September 26, 2009

OH, DIACHO

No Brasil avançou-se muito no chamado “hardware”, até porque seguem padrões internacionais e têm que funcionar. Caso contrário as empresas produtoras iriam para o brejo. Quanto ao “software”, isto é, os sistemas e processos que garantem a boa utilização de instrumentos e equipamentos que os maravilhosos avanços tecnológicos nos proporcionam, aí a porca torce o rabo. Infelizmente, não conseguimos ainda vacinas que impeçam a sua contaminação por vírus culturais degradantes, das piores espécies, que conseguem sobreviver várias gerações por meio de contínuas mutações. A vida no Brasil, em ambiente natural maravilhoso, que poderia ser bem melhor, é atacada por vírus culturais que resistem a ponto de aculturar, também e tão bem, os sistemas e processos do mundo moderno. Não é de se estranhar que Tom Jobim tivesse captado com tanta sensibilidade nosso humor em sua canção Felicidade que diz: “...tristeza não tem fim, felicidade sim...” Numa linguagem bem a meu estilo, eu diria: aporrinhação não tem fim, alegria sim! Ou como diz o povão: “alegria de pobre dura pouco”; ou, então, “quando o milagre (referindo-se a coisas e situações que estão indo muito bem) é grande, até o santo desconfia”. O telefone e a internet são dois instrumentos maravilhosos. Acordei esta manhã alegre, diposto, e decidi fazer uma rápida cotação de preços de um produto que desejo comprar. Em alguns segundos estava na minha tela a foto e tudo mais sobre o produto. Sem preço, o fabricante indicava as lojas no Brasil a fora que o vendem. Escolhi uma, rapidamente, e anotei o telefone. Tentei ligar três vezes e somente ouvia aquela frase antipática: “esse telefone não existe” Alguém vindo de um país “descontaminado” acharia que sou louco. Bastaria ter ouvido uma vez que o telefone não existe para ele não mais perder seu tempo. Insisti três vezes, e não uma quarta, como já fiz no passado e consegui, finalmente, completar a ligação APESAR DA INFORMAÇÃO MENTIROSA DA TELEFÔNICA, simplesmente porque não agüento mais essa chateação “sem fim”. Liguei, então, para o serviço de informação 102 que me forneceu o telefone de uma das lojas. Liguei em seguida e depois de ouvir o sinal de chamada várias vezes, surge do nada o antipático SINAL DE FAX. Oh, diacho! Por que a loja e a telefônica não chegam a um acordo para atender nossa população sem aporrinhação? Simplesmente porque há operadores brasileiros e estrangeiros contaminados pelos vírus que se transmitem para os sistemas e processos. Permanecem no ar hipóteses e mais hipóteses: Será que o telefone que apareceu na tela de meu computador existe e a Telefônica, operando com sistema degradado, informa que ele não existe? Ou será que a loja não se preocupa em atualizar seu telefone, maltratando os que dele necessitam? Ou será, ainda, que os dois sistemas estão degradados? Será que o sistema de informação da Telefônica, quando se usa o 102, está programado a dar telefones ligados a fax? Ou será que a empresa não atualiza seu cadastro na Telefônica? Ou será que fui vítima de escolha aleatória da telefonista que indicou um número de fax por acaso, já que a empresa que tem lojas espalhadas pela cidade não pensou em fornecer um telefone só em caso de consulta somente pelo nome da empresa? Acho que já desabafei e descarreguei minha raiva. Perdão aos que leram este e-mail sem fim feliz. Coloco meu BLOG a sua disposição também para iniciarmos uma guerra contra a degradaçào de sistemas e processos em nosso País e por osmose eliminar de nossa cultura os vírus da degradação.

Sunday, September 20, 2009

Pouso e decolagem

Eliane Cantanhêde, em seu conciso e inteligente texto (Folha 20/9), desceu do patamar da emoção e arriscou seu apoio à escolha sensata da Aeronáutica: o avião Gripen NG fabricado na Suécia. Contudo, ela ressalva: “Mas a FAB pode achar uma coisa, e o governo civil já ter decidido outra há mais de um ano”. Na realidade, o mencionado governo civil é formado por quatro estrategistas: Lula, Jobim, Amorim e Marco Aurélio Garcia. Eles terão de convencer a nação de sua decisão caso insistam nos aviões franceses. Provavelmente, em recuada estratégica, ratificarão a escolha da Aeronáutica. O que resta explicar é a razão da passividade do governo civil brasileiro diante da interferência da França em assuntos internos de nosso País, tirando-nos o poder soberano da escolha da empreiteira brasileira para construir o estaleiro do submarino nuclear, cujo custo estimado é de R$ 5 bilhões, e impondo-nos, sem mais nem menos, a Odebrecht. Espera-se que não tenha sido por “razões estratégicas” negociadas secretamente. Segundo Jobim, foi empresa estatal francesa que fez a escolha!

Thursday, September 17, 2009

Cautelas Tucanas

No editorial acima (Folha 17/9) lê-se: “Já se disse, de certo escritor, que era um puro estilo à procura de idéias que nunca lhe ocorriam.” Reforça-se com essa ironia nosso viés cultural do gosto pelas novidades e pelos discursos circenses de políticos alienados de nosso sofrido dia-a-dia. O que nós brasileiros queremos e estamos cansados de esperar de um futuro Presidente da República é capacidade de introduzir na administração pública federal, e de disseminar nos poderes Judiciário e Legislativo, bem como nos Governos Estaduais e Municipais, os valores da competência, honestidade e do respeito pelo povo e por nosso ambiente natural. Somente assim será possível melhorar os padrões atuais de nossos capengas sistemas de saúde pública e saneamento, habitação popular, educação fundamental e profissionalizante que garanta emprego no mercado, segurança pública, transportes e justiça. Além disso, conseguiremos que a democracia e as instituições públicas que lhes dão sustentação se integrem definitivamente no seio e no coração do povo brasileiro.

Wednesday, September 16, 2009

TELEFÔNICA –TERCEIRO LADO

É raro se criticar o pésssimo serviço (Folha, 16/9) oferecido pelos telefones públicos, já que o bode expiatório de seu mau funcionamento são os depredadores. Além disso, seus usuários pertencem ao povão de voz rouca. Com criatividade na localização e na vinculação desse serviço público a outros (pontos de taxi, postos de gasolina, padarias, bancas de jornal, etc...), e mais atenção da polícia, seguramente poder-se-ia melhorar a situação. Que tal o PROCON fazer um teste por amostragem? Ontem, depois de visitar cinco orelhões e com a ajuda do povo acostumado a sofrer nessa busca insana, cheguei à pequena fila em frente ao que funcionava.

Thursday, September 10, 2009

VIVA O STF!

“Paradoxalmente, seu governo coleciona derrotas significativas”. É assim que Vera Magalhães (Folha 10/9) se refere ao fato do Juiz Peluso “desconstruir” com isenção e competência os argumentos utilizados pelo Ministério da Justiça para sustentar a decisão política do Brasil dar asilo político ao italiano Battisti. O “paradoxalmente” se refere ao fato do juíz Peluso e outros seis terem sido indicados por Lula, garantindo-lhe maioria de nomeações no STF; e não de votos, como demonstrou Peluso. Será que a articulista, paradoxalmente, e o Presidente Lula, queixando-se de “derrotas” e propondo petista roxo para ocupar vaga no STF, pensam que os juízes da suprema corte devam agir como os parlamentares da base aliada que fazem o que ele manda ao invés de representar seus eleitores? O que é paradoxal, sim, é nossos representantes no Senado, eleitos pelo povo, não terem a necessária isenção e decência no exercício de suas funções que, entre elas, consta a de aprovar ou não as indicações de Lula para o STF.

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Wednesday, September 09, 2009

Problema de Gestão?

Paulo André Argenta afirmou que ele e a senadora (Ideli Salvatti-PT) decidiram fazer o curso The Art of Business Coaching para melhorar a gestão do gabinete da senadora (Folha, 9/9), a um custo de R$ 70.000,00. Disse ele: "Estávamos com um problema. Basicamente, questão de equipe." Contratada para reorganizar, reduzir custos e aumentar a eficácia da gestão pública no SENADO, a Fundação Getúlio Vargas parece não ter convencido nem os próprios senadores de sua competência. Basta lembrar-se que em recente entrevista à Globonews, os senadores Mercadante (PT) e Guerra (PSDB) concordaram ser viável reduzir-se o quadro administrativo do SENADO em 40%. Enquanto em estudo da FGV feito para SARNEY, citou-se uma redução de custos de menos de 1%! Nós, cidadãos contribuintes, que temos de engolir tantas patotas, sim, já estamos tendo problemas de digestão e de gestão financeira.

Tuesday, September 08, 2009

UM INIMIGO COMUM?

A leitura do artigo de Eliane Cantanhêde com o título acima (Folha, 8/9/09), transcrito abaixo, trouxe-nos à mente o estilo simplista, ufanista, literário e antiamericano que predominava antes da entrada de Marx na mente dos brasileiros. O que torna um País “independente” – palavra difícil de ser empregada em mundo globalizado - são a estrutura, o tamanho e a sofisticação tecnológica de seu processo produtivo e a qualidade de sua população e instituições. O Brasil precisa, antes de tudo, defender-se do poder do tráfico de drogas, da destruição de nosso meio ambiente, da violência interna, da miséria, da ignorância, do sofrimento, da falta de moral e impunidade que estimulam a mentira, a mistificação e a corrupção. O que felizmente já vem acontecendo lentamente apesar da obsolescência de grande parte de nossas instituições públicas. Até agora não foi explicado com clareza, seriedade e objetividade o quê se procura defender e do quê. Sem falar do porquê da França já ter escolhido a empresa brasileira Odebrecht para executar obras no valor de R$ 5 bilhões. Um “pacotaço” desses, como afirma nossa articulista, merece ser aberto, senão por vivermos em país democrático, pelo menos para sentirmos o cheiro gostoso dos perfumes franceses no meio de tanta confusão tropical gerada por disputas eleitorais prematuras.

ELIANE CANTANHÊDE (Folha, 8/9)

Um inimigo comum

Há uma lógica cristalina na definição pelos caças Rafale para renovar a frota da FAB e fechar o pacotaço militar do Brasil de Lula com a França de Sarkozy. Uma lógica não só técnica ou comercial, de compra e venda, mas política. Por trás dos 36 caças, 4 submarinos, 50 helicópteros e tecnologia para construir uma base, um estaleiro e um submarino de propulsão nuclear, por bilhões de euros, há uma decisão geopolítica: a França e o Brasil se unem, não exatamente contra os EUA, mas por um melhor equilíbrio internacional.

Numa comparação doméstica, Colômbia e Peru aprofundam a sua dependência dos EUA, e Venezuela arrasta Equador e Bolívia para os braços da Rússia e do Irã, enquanto o Brasil escapa da polaridade e opta pela França. Os dois são aliados dos EUA, mas não incondicionais, e tentam evitar que os US$ 13 tri de PIB da maior potência definam os destinos do mundo. Nem por isso alimentam o "outro lado".

A França é um país central do mundo rico, um dos mais sofisticados tecnologicamente e o mais político da Europa. E o Brasil é um país continental, com a Amazônia, a Amazônia Azul, mercado crescente e, agora, o pré-sal. Fecha as duas pontas: biocombustíveis e petróleo. Sem falar nas jazidas de urânio, entre as maiores do planeta.Desde o início de 2008, quando Jobim foi à França, à Rússia e aos EUA, ele deixou clara, em inúmeras declarações, a preferência brasileira pelos submarinos e caças franceses. E que, por trás das compras, havia o interesse estratégico.

O Brasil já diversificou seus mercados e, ao fechar o maior pacote militar de sua história, sinaliza ao mundo: França, pelos ricos, e Brasil, pelos emergentes, se movem contra o chamado "mundo unipolar". Ou seja: trabalham para neutralizar a força acachapante dos EUA no pós-Guerra Fria. É mais uma alavanca para a almejada liderança do Brasil nesse novo mundo.

elianec@uol.com.br

Monday, September 07, 2009

Do pré-sal ao pós-carbono

Marina Silva em seu curto, leve e inteligente texto (Folha, 7/9) conclui: “O desenho de um novo Brasil não pode estar contido na camisa de força da tramitação em regime de urgência do marco legal do pré-sal, feita para contemplar cronogramas políticos e sem a participação da sociedade, essencial porque estamos numa democracia e porque as questões reais precisam ter, pelo menos, chance de vir à tona.” Lula deveria ouvir sua ex-companheira de partido e mostrar-nos seu lado de estadista, abrindo mão da urgência dessa tramitação pelo bem da nação. Se Santo Agostinho fosse vivo, ele diria à Lula que explorar a ignorância dos pobres e miseráveis que confiam em nós é um pecado imperdoável.

Sunday, September 06, 2009

Guerra das Lagostas

Neste mundo de permanente “tsunamis” de palavras e imagens que procuram invadir nossas mentes é extremamente difícil separar-se a frágil e reduzida comunicação verdadeira e inteligente, do resto. Mesmo que se jogue no lixo, preconceituosamente, toda a propaganda, seja ela do tipo que for, sobra muita coisa burra e mentirosa para se descartar. No Brasil, cada dia que passa, torna-se mais penosa e difícil essa tarefa a ponto de nos levar a abrir mão, gradativamente, de nossa condição de cidadão bem informado. Em tempo: associei esta nota e seu título às notícias que li e ouvi sobre o Pré-Sal e à Aliança Estratégica com a França, até hoje.

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