"Motociclistas
Se não fosse a mortandade de motociclistas que se verifica em nosso País, o debate com argumentos favoráveis e desfavoráveis à prática do uso de motocicletas
como meio de transporte individual e de transporte de pequenas cargas poderia
continuar indefinidamente sem solução. Ele iniciou-se com a aprovação do novo Código de Transito Brasileiro. Os acidentes com motocicletas não é uma questão só do
motociclista, como se ele fosse um Robinson Crusoé responsável por si próprio e pelas consequências de suas escolhas ao assumir o alto risco de morrer ou tornar-se aleijado e
incapaz no trânsito. Sua família e seus dependentes gostariam de vê-lo viver
com mais segurança, tal a dor e o sofrimento de perdê-lo como pai, filho,
esposo, sem falar de seus parentes e amigos. Essa juventude em plena força da
vida, perde-a estupidamente para garantir um serviço de transporte altamente
competitivo que, por isso mesmo, não incorpora em seus custos o alto risco de
prestá-lo. E também, por não considerar os altos custos pagos pela
sociedade em caso de sua morte ou invalidez. Por que, então, manter-se essa situação no Brasil, indefinidamente? Primeiro, é o medo de enfrentá-la politicamente, pois hoje são centenas de milhares de motociclistas que se
espalham por todas as cidades brasileiras, gerando renda para sua sobrevivência e, também, mais serviços
baratos e arriscados. O mototaxi é o melhor exemplo disso.
Um diretor de trânsito da Suécia afirmou
que motocicleta não é um meio de transporte; é um veículo esportivo, cuja
prática deve ser feita com regras muito estritas a fim de não gerar problemas
no trânsito e tampouco representar riscos sociais insustentáveis para qualquer
país civilizado.
Ao invés de medo de enfrentar o motociclista, devemos ter coragem de encarar a raiz do problema de tantos jovens estarem abraçando esse tipo de atividade para sua sobrevivência e de sua família. O Brasil tem carência de profissionais técnicos de nível médio em quantidade que jamais foi avaliada. A incompetência técnica e a ineficiência de empregados em atividades simples são assustadoras. O desperdício de bens, serviços e de tempo por falta de conhecimento técnico nossa população está tornando serviços e produtos cada vez mais caros pela baixa produtividade de nossos trabalhadores. Sem tocar numa ferida ainda aberta: o analfabetismo funcional e incapacidade de calcular dos chamados alfabetizados. Para tornar o problema pior ainda, o setor público, sempre bom no discurso ao colocar na frente de todas suas prioridades a solução dos problemas sociais, esquece da principal coluna de sustentação da democracia e da busca permanente que lhe é inerente: a igualdade de oportunidades. Ela somente se tornará real, por meio da educação fundamental de qualidade e do conhecimento técnico no nível médio que elevarão o nível de consciência de nossos trabalhadores sobre sua capacidade e qualificação para buscar melhores oportunidades no mercado de trabalho. A consequência imediata disso seria tornar atividades de risco, como as praticadas pelos motociclistas, menos procuradas, simplesmente porque eles se sentiriam qualificados a buscar outras mais bem pagas e seguras em nosso mercado.
Ao invés de medo de enfrentar o motociclista, devemos ter coragem de encarar a raiz do problema de tantos jovens estarem abraçando esse tipo de atividade para sua sobrevivência e de sua família. O Brasil tem carência de profissionais técnicos de nível médio em quantidade que jamais foi avaliada. A incompetência técnica e a ineficiência de empregados em atividades simples são assustadoras. O desperdício de bens, serviços e de tempo por falta de conhecimento técnico nossa população está tornando serviços e produtos cada vez mais caros pela baixa produtividade de nossos trabalhadores. Sem tocar numa ferida ainda aberta: o analfabetismo funcional e incapacidade de calcular dos chamados alfabetizados. Para tornar o problema pior ainda, o setor público, sempre bom no discurso ao colocar na frente de todas suas prioridades a solução dos problemas sociais, esquece da principal coluna de sustentação da democracia e da busca permanente que lhe é inerente: a igualdade de oportunidades. Ela somente se tornará real, por meio da educação fundamental de qualidade e do conhecimento técnico no nível médio que elevarão o nível de consciência de nossos trabalhadores sobre sua capacidade e qualificação para buscar melhores oportunidades no mercado de trabalho. A consequência imediata disso seria tornar atividades de risco, como as praticadas pelos motociclistas, menos procuradas, simplesmente porque eles se sentiriam qualificados a buscar outras mais bem pagas e seguras em nosso mercado.
Enquanto isso não
sai do papel, e tudo indica que demorará muito ainda, cumpre ao setor
público oferecer a esses jovens veículos de transporte de três ou quatro
rodas, simples e de baixo custo, que lhes garantam mais segurança. E simultaneamente, facilitar e tornar legal ônibus e trens nas grandes cidades prestar serviços de correios, criando postos
de recepção e de distribuição urbana de pacotes e encomendas nos diferentes bairros da cidade. Neles, os motociclistas operariam em cooperativas para sua entrega e recebimento, completando o percurso entre os pontos de transporte coletivo e o domicílio do usuário desses serviços, atuando em áreas pré definidas, normalmente em
vias locais e em distâncias mais curtas.
Concluindo-se, o problema não é da motocicleta. É do jovem,
despreparado para encontrar boas oportunidades de emprego, que aceita qualquer
situação de risco para sobreviver; e de
nossos políticos e gestores públicos que se preocupam somente com a
rotina infernal de suas vidas. Os funcionários públicos, escondendo-se atrás de suas escrivaninhas que
lhe garantem recursos para sobreviver no permanente e irremovível emprego que conseguiram conquistar. E os políticos, elegendo-se e
reelegendo-se, fazendo de tudo para tornarem seu cargo vitalício pelos favores proporcionados diretamente a seus eleitores cativos e, o que é pior, fugindo de problemas mais complexos e espinhosos, como o de enfrentar a
mortandade de jovens motociclistas em nosso trânsito. Os políticos mais radicais assumem o papel de
inimigos dos motociclistas, ou seja, fogem do problema, do que eles chamam de 'motoqueiros suicidas" para contar com a simpatia de substancial parcela de cidadãos que transitam em carros particulares e sentem-se profundamente irritados com o trânsito de motocicletas em nossas cidades.
Fim