Sunday, May 31, 2009

Nojentos e Assépticos
Em artigo com o título acima (Folha 31/5), Plínio Fraga esqueceu que não há divisão formal entre esquerda e direita em nosso País. Basta ouvir a propaganda comercial-eleitoral gratuita para constatar que os cansativos bordões são praticamente os mesmos: desenvolvimento com melhoria da qualidade de vida, da distribuição de renda, inclusão social e muito emprego. É após a eleição que surgem as diferenças entre os políticos, e até entre partidos. Elas acontecem quando se definem os meios e as formas de se atingirem os objetivos enunciados. Muitas escolhas inexplicáveis à luz da razão normalmente atendem a interesses escusos ou inconfessáveis. A impressão que nós eleitores temos é que as poucas diferenças ideológicas que poderiam diferenciar os políticos de esquerda e direita, se é que existem, estão sendo tragadas pela sede de poder e dinheiro. A grande agitação de nossa elite política se assemelha a uma corrida permanente no desfrute do poder, acobertada por objetivos nobres enunciados publicamente. “E cosi la nave và ” até que um dia encontremos nosso porto de redenção.

Eduardo José Daros Rua Roque Petrella, 556 04581051 S. Paulo, SP
Tel, 11-84440941 daros@transporte.org.br

Sunday, May 24, 2009

EDUCAÇÃO versus POLÍTICA

Qualquer mudança séria e profunda no sistema político brasileiro esbarra no baixo nível de educação do povo e, especialmente, em sua herança cultural com valores e crenças inadequados a uma convivência social saudável. Infelizmente, essa observação -ou especulação– aplica-se a todos os segmentos, inclusive à elite brasileira. A reportagem de Felipe Seligman sobre terceiro mandato (Folha 24/5) mostra a imaturidade do legislativo na abordagem de assuntos relevantes para o aperfeiçoamento de nosso regime político visando à preservação da democracia. Mudança de partido até seis meses antes das próximas eleições e possibilidade de um terceiro mandato são aberrações que não podem ser tratadas casuisticamente. Se não prevalecer a posição madura do Presidente Lula e o poder moderador assumido pelo Judiciário na defesa da república, nosso País se transformará em gigantesca Venezuela. E daí, que Deus nos acuda.....

Sunday, May 17, 2009

Estado Forte

Para os mais velhos, essa designação é um pleonasmo, pois o Estado deve ser necessariamente forte. Para os jovens, a qualificação “forte” traz consigo uma leve ironia para dizer que alguém está balofo. Se entendermos, porém, como forte, um Estado formado de governos enxutos, eficazes e éticos, agindo, portanto, com rapidez, competência e pleno respeito às leis do País, o Presidente Lula pode contar com nossa aprovação a seu novo mote de campanha eleitoral antecipada. E mais do que isso, tem nosso total e irrestrito apoio para pôr mãos à obra e começar já seu árduo trabalho de reverter o inchaço do Governo Federal (v. Folha 17/5, Gustavo Patu) e dar o bom exemplo às demais instituições do setor público do País para que, no futuro, tenhamos um Estado Forte como ele deseja e prega.

Thursday, May 14, 2009

FGV

A FGV está na berlinda sem que ninguém explique os termos do contrato e quem foram os consultores técnicos contratados para o estudo de reestruturação dos serviços administrativos do Senado. A legislação permite que o setor público a contrate sem licitação, assim como faz com entidades públicas de ensino e pesquisa e outras organizações não-lucrativas. Como nas concorrências do setor público o custo do serviço é fator predominante na escolha, consultores técnicos de alto nível têm dado preferência a prestá-lo a empresas privadas. Nelas, a escolha se faz com base na relação custo/benefício do serviço, que leva em conta, também, os resultados conseguidos com a implantação dos estudos e projetos propostos pelos consultores. Enquanto isso, nos contratos do setor público com entidades sem fins lucrativos tem havido certa liberalidade na aceitação – havendo casos de direcionamento - de subcontratação de serviços administrativos e de consultoria técnica realizados por profissionais não pertencentes ao quadro permanente da instituição contratada. Seria interessante que a Folha, tão alerta em desvendar os intrincados interesses envolvidos no jogo político, também o fosse em relação à contratação de serviços profissionais de técnicos de alto nível pelo setor público. Afinal, um estudo de reestruturação administrativa do Senado Federal visando à sua racionalização que produz uma redução de despesas inferior a 1% exige explicação convincente para que não se pense o pior.
FIM

Wednesday, May 13, 2009

Brasil e Venezuela

Os US$ 200 bilhões de reservas que o Brasil ostenta hoje se deve ao trabalho árduo de nosso povo, à qualidade de nosso empresariado e, muito, muito mesmo, à estabilidade de nossa política econômica e à solidez de nossas instituições. A caricatura que se faz da Venezuela no Brasil se deve à discricionariedade de Chávez no exercício do poder. Transforma suas ameaças em ações, passando por cima das instituições democráticas e da tríade que define o poder do Estado: Executivo, Legislativo e Judiciário. A entrevista construída pelos repórteres da Folha (Caso Battisti, 13/5) e “reconstruída” por nós a partir da reportagem, é assustadora.
“Se o STF aprovar a extradição de Batistti o que acontecerá?” perguntamos
Tarso Genro reponde: "Seria perturbador se o Supremo mudasse a jurisprudência por causa do caso Battisti para atender um país que não respeita as autoridades do Brasil (refere-se à Itália)";
Gilmar Mendes responde: “Se a corte (referindo-se ao STF) votar pela extradição, caberá ao presidente Lula respeitar a decisão.”;
Tarso Genro comenta a resposta de Gilmar Mendes: "É bom que o Supremo não faça isso".
FIM

Tuesday, May 12, 2009

Vício de Origem no PARLASUL

Com esse título, Fernando Rodrigues em seu artigo na folha (4/5), alerta-nos sobre o pesadelo que o MERCOSUL pode se transformar para o Brasil ao aceitar que em seu Parlamento, já se defina, que o poder de decisão se distribua fora dos parâmetros democráticos da proporção da população de cada País no conjunto. O que se pretende aprovar vai colocar o Brasil em constante conflito com seus vizinhos, principalmente se o Senado cometer a sandice de autorizar a entrada da Venezuela no sistema. No estágio em que o MERCOSUL está seria melhor evitar formalizações prematuras de sistema de votação e dar um basta à velha tradição brasileira de imitar. Por mais esforço que faça, não consigo separar a imagem do MERCOSUL-PARLASUL da de um papagaio frente à União Européia.

Socialismo do Século 21

Referimo-nos ao Socialismo Bolivariano em processo de implantação por Chávez. A mais recente iniciativa sua, publicada em reportagem da Folha (12/5), é o telefone celular VERGATÁRIO, cujas peças são importadas da CHINA e a montagem feita pela empresa estatal venezuelana MOLINET. No período das compras que antecedem o Dia das Mães, CHÁVEZ se tornou garoto-propaganda desse produto em aparições feitas em “suas várias cadeias de TV Estatal”. Também, recentemente, fez propaganda do livro "As Veias Abertas da América Latina", aumentando significativamente suas vendas. Perguntamo-nos como os Membros do MERCOSUL se comportarão diante de situações como essas, caso o Senado Federal aprove convite do Governo Lula para a VENEZUELA integrar o bloco? Em tempo: segundo a mesma reportagem, celulares é um dos principais itens de exportação do Brasil para a Venezuela.

Saturday, May 02, 2009

PANDEMÍDIA

"Os telespectadores e ouvintes de rádio apreciam ser informados sobre violências e catástrofes. E essa mídia falada - e a TV com imagens também - esmera-se em assustar a população. Lembro-me de um jornal, muito popular no Rio, de onde se dizia escorrer sangue de suas páginas. Felizmente, os grandes jornais impressos continuam a ser a fonte mais equilibrada de informações. No Brasil, se forem somadas as mortes em acidentes de trânsito com os assassinatos, chega-se a um índice bárbaro de 10 mortes por hora (85.000/8.760). A tal gripe que começou no México, chamada inicialmente de suína, e agora carimbada tecnicamente de H1N1, tem mantido o rádio e a TV histericamente ocupados com ela apesar de ainda não ter matado ninguém e sequer ter chegado ao País. Não obstante, a audiência cresce, dá IBOPE e torna a população brasileira alienada de seus problemas e dos riscos reais de morrer prematuramente ou de vir a contrair doenças graves."

Nota: Este texto foi enviado ontem ao Painel do Leitor da Folha de SP. Seguramente não será publicado e se juntará às dezenas que enviei para esse painel.A partir de hoje vou incorporá-los neste BLOG.