Saturday, October 31, 2009

HONDURAS

Excelente o Editorial da Folha (31/10) sobre a solução da crise nesse país. Dele destacamos o seguinte: “Ao negar-se, desde cedo, a dialogar com Micheletti, o Itamaraty ignorou sua tradição de pautar-se pela não ingerência e pela solução mediada de conflitos.”; ”... deixar que a embaixada em Tegucigalpa se transformasse em sede de um comitê de agitação política, o governo brasileiro demonstrou amadorismo”. São fatos indiscutíveis, já conhecidos de todos, que caracterizam desvio de conduta no âmbito da mais tradicional e respeitada instituição brasileira: o Ministério de Relações Exteriores. Seus símbolos – o belo casarão do Itamaraty no Rio e o Patrono do Diplomata, Barão do Rio Branco – são ícones respeitados no Brasil e no mundo, como reconhecimento da maturidade e eficácia de nossa diplomacia. O “imbróglio” de Honduras, que envolveu o Brasil e nossa embaixada nesse país, representam um golpe violento na boa imagem do Itamaraty, construída pacientemente em mais de um século de atuação responsável de nossos bem formados diplomatas. Cabe agora ao Congresso pedir explicações a Celso Amorim, em reunião secreta para não envolver o assunto na campanha eleitoral conduzida pelo Presidente Lula, abalando, ainda mais, a confiança e a credibilidade em nossa diplomacia, estremecidas pelo que aconteceu na crise de Honduras.

Tuesday, October 27, 2009

Agora, o Irã

Em região das mais conturbadas do planeta, o Presidente Lula escolheu um dos países que mais gera conflitos com a Europa e os EUA para amansá-lo (Folha 27/09) ao afirmar:"Defendo para o Irã a mesma coisa que eu defendo para o Brasil em relação à energia nuclear". E, ainda, relata a reportagem, que essa afirmação se deu “após encontro de duas horas com Ahmadinejad em um hotel de Nova York. O brasileiro afirmou ter recebido do colega iraniano garantias (sic) de que Teerã não quer a bomba”. A única coisa que podemos pensar sobre isso é que vivemos momento surrealista em nosso País.Enquanto “explodem” a violência e o tráfico de drogas que ameaçam a segurança e a saúde de nosso povo, o Presidente Lula resolveu imbricar nosso País em armadilhas criadas pela política internacional como a de Honduras e, agora, a do Irã. Sem falar no elevado ônus de aliança estratégica com a França, cujos termos ainda são desconhecidos. De prático, ela já gerou o imbróglio do “asilo político” de Battisti no Brasil, contrariando a justiça italiana que teve apoio da comunidade européia para extraditá-lo. Mais recentemente, surgiram os contratos de compras de helicópteros, navios – sendo um nuclear - e de estaleiro a ser construído sem licitação pela Odebrecht no Rio. E, em breve, deverá ser assinado contrato de compra de aviões franceses, contrariando escolha feita pela aeronáutica de caças suecos pela metade do preço. E così la nave và.....

Sunday, October 25, 2009

CHINA

Em seu artigo sobre o que o Brasil deveria imitar da China (Folha, 25/09) Emílio Odebrecht escreve: “Uma delas é a forte parceria entre Estado e empresas, uma equação virtuosa na qual o governo é forte e as empresas também são fortes”. O milagre brasileiro, durante o regime militar, em que grandes empresas apoiadas por “governos fortes” cresceram juntas com o País a taxas elevadíssimas, tornando-se fortes também, resultou de um modelo bem mais humano que o chinês, pois se apoiava no mercado interno e na criação de sólida infra-estrutura para seu desenvolvimento. Dessa época, contudo, lembro-me de observação de profissional de alto nível do Banco Mundial: “sem competição os custos de construção rodoviária no Brasil são o dobro do internacional”. As empreiteiras começavam a sair de sua “casca” regional – quase sempre estadual - para se tornarem nacionais, iniciando-se um processo de rompimento de seus “feudos’, normalmente protegidos pelos governos locais. A grande diferença do passado na proposta de Odebrecht é que agora devem se tornar exportadoras sob o comando do Estado brasileiro. Esquece-se o articulista que o modelo Chinês sobreviveu até hoje porque os EUA importavam acima de suas possibilidades, não se preocupando com seus déficits crescentes gerados pelo Yuan subvalorizado. Tampouco davam atenção ao desrespeito de direitos humanos na China e a nocivos efeitos ambientais de sua indústria. Afinal, agora estamos no limiar de um novo século em que se busca desenvolvimento econômico e social sustentável, bem diferente do ultrapassado modelo Chinês que terá de mudar, também.

Sunday, October 18, 2009

Lina X Dilma

Sabe-se agora que Lina achou sua agenda particular em que registrou o célebre encontro com Dilma em que esta lhe pediu que “agilizasse” o processo da Receita Federal contra o filho de Sarney. Foi no dia 9 de Outubro de 2.008, às 11 horas, ocasião em que as câmaras de segurança do Palácio do Planalto comprovam que Lina esteve lá. Para mim, e para os poucos eleitores que têm condições e interesse em acompanhar os desmandos praticados em nosso processo político, tal revelação nada acrescenta, pois já sabíamos que Dilma mentira. O próprio Presidente Lula demonstrou, posteriormente, que faria - e fez - de tudo para manter Sarney na presidência do senado federal. Basta lembrar-nos que para protegê-lo, encerrou, na prática, a promissora carreira política de Mercadante. Pergunte-se, porém, aos que apóiam Lula em pesquisas de opinião o que acham disso tudo? A grande maioria dirá que não sabe de nada ou acha que são mentiras urdidas contra ele e sua candidata. E a minoria que consegue ler jornais e acompanha os “imbróglios” gerados em seu governo, dá nós cegos em suas mentes para desenvolver racionalizações que justifiquem falhas éticas e morais, seja culpando terceiros ou, simplesmente, o sistema político brasileiro, como se Lula e o PT dele ainda não fizessem parte.

Tuesday, October 13, 2009

Viva a Liberdade e a Diversidade

A liberdade e a diversidade de escolhas de nossos adolescentes e jovens relativamente às características de seus uniformes escolares a serem “doados” pelo Governo Federal estão sendo ameaçadas. Se acontecer o que está planejado (Folha 13/10) passarei a olhá-los com a mesma piedade e tristeza com que observo aqueles que hoje carregam em seu corpo, ainda em formação, as “vestimentas doadas” por políticos e empresas que os transformaram em objetos móveis de propaganda. Diga-se NÃO aos “logotipos do governo federal, do Ministério da Educação e do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação)“ e SIM aos milhares de emblemas das escolas que são símbolos do orgulho e da união de seus estudantes. Nossos adolescentes e jovens de escolas públicas podem ser, em sua maioria, pobres; mas não querem e não devem ser tratados como objetos móveis de propaganda de empresas e de governos.

Sunday, October 11, 2009

Ranking de Universidades

Clóvis Rossi (Folha 11/10) afirma que nosso País não conseguiu “colocar umazinha só, no ranking das 200 melhores do mundo”. O U.S. News & World Report's (Junho de 2.009) coloca a Universidade de São Paulo logo acima da Universidade de Buenos Aires – respectivamente, 196º. e 197º lugares – e bem abaixo da Universidade Nacional Autônoma do México (150º), completando as três universidades latino-americanas incluídas entre as 200 melhores do mundo. Campinas deu um verdadeiro salto e já ocupa o 249º. lugar, 10 pontos abaixo da Sorbonne (239º). Apesar dessa escala negar sua afirmação, não invalida a tese implícita nela de que nosso ensino superior e a qualidade das pesquisas em nossas universidades vão muito mal.

Saturday, October 10, 2009

“Não Negocio com Golpistas”

O presidente Lula e as duas maiores autoridades de seu estado maior para assuntos internacionais - o Ministro Celso Amorim e o Assessor Marco Aurélio Garcia – entupiram nossa mídia com o adjetivo golpista(s), que logo se tornou bordão, ao se referirem ao atual governo de Honduras. Sabiam, desde o início, que não se tratava de um golpe de estado no velho estilo e sim de uma deposição prevista na Constituição, porém mal conduzida na prática.Isso ficou demonstrado por Dalmo Dallari (Folha, 03/10), professor emérito da Faculdade de Direito da USP, ao explicar didaticamente o que ocorreu em Honduras à luz do direito com base nos fatos divulgados pela imprensa. Como todo bom professor, livrou-nos da ignorância contida em juízos simplórios e caricaturais. Resta agora ao Presidente Lula explicar à nação qual a proposta de nosso País para restabelecer a paz naquele pequeno País, considerando que afirmou não negociar com "golpistas", logo após receber Zelaya e sessenta acompanhantes em nossa embaixada, várias vezes utilizada por ele como quartel-general dos insurretos para conclamar o povo hondurenho a apoiá-lo em manifestações de rua.

Saturday, October 03, 2009

“Puxa eu não sabia disso”

Como é bom ler artigo de Eliane Cantanhêde (Folha, 3/10) que traz fatos importantes para o leitor ao invés de enxurrada de adjetivos e advérbios em torno de hipóteses e divagações. Sobre a famigerada escolha dos aviões de caça ela afirma: UM FILME DE 5 MINUTOS FOI "CONTRABANDEADO" PARA LULA POR OFICIAIS DA AERONÁUTICA, QUE VÊEM VANTAGENS NO GRIPEN NG POR SER UM PROJETO EM DESENVOLVIMENTO QUE JÁ CONTA COM A PARTICIPAÇÃO DE TÉCNICOS BRASILEIROS. Segundo sua reportagem, Lula teria dito que não sabia dos fatos revelados no filme sobre os aviões suecos fabricados pela Saab. Afinal, o que está acontecendo em nosso País? O Ministro da Defesa não informa o Presidente sobre fatos relevantes sabendo que a decisão final é dele? Por que a provável escolha de aviões franceses se escuda atrás de uma aliança estratégica com a França que poderá nos levar a compras onerosas e menos recomendáveis em matéria de disseminação de tecnologia no País, além de já ter-nos imposta estranha escolha de uma empreiteira brasileira, feita sem licitação por empresa estatal francesa, para construir estaleiro de R$ 5 bilhões no Rio? Pergunto se nossos representantes no Congresso tiveram acesso ao documento – se é que existe - que reúne os estudos sobre as razões e as implicações dessa aliança estratégica? Se Lula pode afirmar “Puxa eu não sabia disso” sobre as vantagens dos caças suecos, o que diremos nós, simples cidadãos, pessimamente representados no Congresso Nacional em que deputados e senadores aceitam mansamente o cabresto do Executivo?

Friday, October 02, 2009

MERCOSUL

Venezuela é a terceira economia da América do Sul. O Brasil tem um superávit extraordinário no comércio com esse País, dependente da exportação de petróleo para sobreviver. Sua entrada no MERCOSUL representaria um avanço na formação de um mercado comum sob a liderança de nosso País. Nada mais lógico, portanto, do que aprovar sua entrada no MERCOSUL. Todavia, cabem duas perguntinhas nesse quadro surrealista: primeira, como vai o MERCOSUL hoje, graças às políticas argentinas de comércio com nosso País? Segunda, como ele melhoraria com a presença da Venezuela sob a liderança de Chávez que pretende implantar o socialismo bolivariano no continente e está sempre buscando encrencas e ateando fogo onde menos se espera? Já esquecemos do "imbroglio" em Honduras? É triste ver o PT separando a economia da política. A nova bandeira do PT é: economia, de um lado, e política, de outro, num País como o nosso em que o governo tem a pequena participação de quase 40% no PIB. E se esquece, ainda, que o maior problema da Venezuela é diversificar sua economia, hoje totalmente dependente do petróleo. Chávez está de olho na escala de nosso mercado para viabilizar essa diversificação. Além disso, o projeto do pré-sal vai bater de frente com a Venezuela. Abra os olhos Lula! Nem Pedro Simon, com sua larga experiência política, enxergou isso (Folha, 2/10).