Friday, September 26, 2008

ALGUNS PENSAMENTOS SOBRE TRABALHO E DISCUSSÃO EM GRUPO

O trabalho ou discussão em grupo não é um jogo de soma zero, em que um debatedor somente ganha, se o outro perde. Ao contrário, deve-se buscar a sinergia que garante que o resultado do trabalho em grupo seja maior e melhor do que a soma de trabalhos individuais;

A discussão em grupo deve se limitar às idéias e propostas feitas e às premissas e razões que lhes dão sustentação. Não é lugar para simpatias, solidariedade e competição. Seja meu amigo, pessoa de minha simpatia ou pessoa frágil, se sua idéia ou proposta não é sustentável deve ser rebatida e rejeitada, educadamente. Se a idéia ou proposta de alguém é melhor do que a minha, seja quem for o participante, devo apoiá-la com base em meu raciocínio e não em minha simpatia.;

O silêncio somente deve ser rompido se realmente tem-se algo importante a dizer. Falar demais, para se manter em evidência, destrói a sinergia do grupo e, ao final, todos perdem com resultados pífios. O que importa é o resultado do trabalho em grupo e não o brilho de cada um;

Jamais se deve avaliar a personalidade, traços de caráter ou outros aspectos pessoais do interlocutor, seja para desmoralizá-lo, seja para exaltá-lo, quando se está trabalhando em grupo. O que importa são suas idéias e propostas que devem ser examinadas à luz da razão e dos conhecimentos dele e dos demais membros do grupo e não das características individuais de cada um. Caso se constate que alguém demonstra incapacidade ou desequilíbrio emocional para trabalho em grupo, agredindo as pessoas com ironias, sarcasmos ou ofensas, a única maneira de não se envolver em conflitos pessoais é simplesmente CALAR-SE, negando-se a participar em grupos do qual essa pessoa venha a fazer parte no futuro. Se a ofensa for grande, PEDIR LICENÇA E SE RETIRAR DO GRUPO POLIDAMENTE;

Ouvir é muito mais difícil do que falar, daí Deus ter-nos proporcionado dois ouvidos e uma só boca. Muita gente ouve, mas não escuta, pois está mais preocupada com seus próprios pensamentos e naquilo que vai dizer do que na fala do interlocutor. Não fique ansioso em aparecer e mostrar sua presença no grupo. Se não tiver nada a dizer é melhor ficar calado. O que importa é o resultado do trabalho no grupo e não o seu brilho e participação na discussão. Sempre que gostar de uma idéia ou proposta ao acrescentar algo repita seu conteúdo inicial para demonstrar que não se preocupa em ser seu autor e sim em aprimorá-la para conseguir melhores resultados para o trabalho em grupo;

Procure nunca levantar a voz. Tampouco, interromper alguém abruptamente. Se alguém o fizer, diga-lhe: " POR FAVOR, DEIXE-ME COMPLETAR O QUE QUERO DIZER". Se desejar interromper alguém, somente o faça se for algo muito importante, cuidando para somente fazê-lo após pedir licença ao interlocutor: " DÁ LICENÇA DE EU INTERROMPE-LO UM INSTANTE?" Normalmente o interlocutor ou deixa a pessoa falar, e essa deve se limitar a uma ou duas frases , ou responderá que se aguarde um pouco até que termine o que está falando. FALAR AO MESMO TEMPO É DESVALORIZAR SUAS IDÉIAS. LEVANTAR A VOZ É PIOR AINDA: É SUBSTITUIR O CONTEÚDO DE SEUS ARGUMENTOS POR EXPANSÃO DE ONDAS SONORAS E DECIBEIS NOS OUVIDOS DOS MEMBROS DO GRUPO;

Olhe para o interlocutor somente com a preocupação de entender o conteúdo de sua fala, pedindo-lhe ao final esclarecimentos se não entendeu a fim de não emitir juízos baseados em compreensão errada. Para evitar isso, sempre é bom repetir o que entendeu antes de emitir sua opinião a respeito, dando nova oportunidade ao interlocutor de corrigir seu pensamento. Se alguém lhe pergunta algo que não entendeu bem, ou quer mais tempo para pensar, peça ao interlocutor para repetir a pergunta, para que a entenda bem;

O senso de humor deve sempre estar presente em qualquer discussão, evitando-se, porém, chistes, piadas ou observações que possam ofender qualquer membro do grupo. Evitar-se, portanto, sectarismos, sejam eles religiosos, filosóficos ou políticos, raciais e de outros matizes (baixinhos, gordos, magros, etc..);

Olhar com descontração e simpatia para todos. Afinal, são membros de um grupo que corresponde a x/ 6,5 bilhões da população mundial em busca de boas idéias e propostas para melhorar a qualidade de vida de todos;

Respirar fundo algumas vezes ajuda a tranqüilizar as emoções e abrir mais espaço para o uso da razão;

Algumas recomendações aos organizadores de grupos de discussão: a. mantenha o número de participantes entre 5 e 7; abaixo de 5 é muito pouco e acima de 7 é demais; b. procure estruturar o grupo com pessoas de níveis de conhecimento e experiências semelhantes e ajustados ao assunto a ser discutido; c. estabeleça um intervalo de dois módulos de 50 minutos cada um com intervalo de 10 minutos para levantar-se e conversar-se livremente, servindo alguma coisa para comer e beber. Reserve 10 minutos no final para decidir se haverá ou não nova reunião. Pela manhã o intervalo entre 9:30 e 11:30 e pela tarde entre 14:30 e 16:30 seriam ideais. d. quem convocou a reunião tem como dever ser o moderador das intervenções e o responsável pela redação de ata ou outros documentos, podendo delegar a algum membro do grupo disposto a assumir essas tarefas; e. estabelecer já na convocação da reunião que os celulares terão de estar desligados durante as discussões.

BOA SORTE!
PS Resolvi divulgar este texto que elaborei faz muito tempo, porque ainda penso que poderá ser útil para quem participa em discussões em grupo. Daros

Sunday, September 21, 2008

DOSSIEGATE E RIOCENTRO

O que têm de comum os dois crimes? O fato dos mandatários não terem atingido os objetivos previstos pelos seus mandantes. No primeiro caso, em plena vigência da democracia, os dois petistas que estavam com R$ 1,7 milhão de reais para comprar um dossiê contra Serra, foram surpreendidos em flagrante pela polícia; e, no segundo, praticado durante o regime militar, a bomba estourou antecipadamente no colo de um dos militares, dentro de carro estacionado, antes de ser colocada no Pavilhão onde se comemorava o primeiro de maio. Julgou-se que não houve crime porque o juiz, segundo reportagem da Folha de São Paulo (21/09) “entendeu que não era possível vincular o dinheiro apreendido à campanha eleitoral, e concluiu que o principal prejudicado com o dossiegate foi Lula”. O caso da bomba todos sabem como terminou. “Os aloprados foram punidos pela própria bomba e o principal prejudicado com isso foi o Presidente Figueiredo” teria dito o mesmo juiz se lhe fosse submetido esse crime, também, para julgamento, penso eu! Será verdade que para a Justiça Brasileira não é crime ter-se R$ 1,7 milhão em dinheiro vivo de origem não revelada para comprar um dossiê contra candidato a governador ou levar uma bomba para ser ativada em local de grande concentração de pessoas? Daros

Nota: entre a última postagem (dia 8) e a de hoje (dia 21) decorreram 13 dias o que descaracteriza o Blog como registro diário. Assim sendo, vou publicar também cartas que costumo enviar aos jornais e que normalmente não são divulgadas, principalmente devido sua extensão ultrapassar os limites impostos pelos jornais a seus leitores. A carta acima foi enviada à Folha de São Paulo.

Monday, September 08, 2008

IMPREVISTOS AGRADÁVEIS

Desenvolvi, faz muitos anos, algumas regras que me poupam de frustrações e sentimentos de indignação e, até mesmo, de ira. Um pouco de YOGA e muita psicanálise me ajudaram nisso. Uma das regras é não criar expectativas fora da realidade. Ao contrário, ser um pouco pessimista. Dessa forma, aumento a probabilidade de ter mais alegrias e menos frustrações. Por exemplo, após um exame médico acompanhado de análises laboratoriais, penso que se algo ruím for detectado, o resultado simplesmente retrata um estado real existente antes do exame. Em outras palavras, ele traz à tona dados e informações de alguma doença escondida que agora poderá ser combatida com mais eficácia. Outro exemplo: se vou receber resposta à alguma solicitação que me traga benefícios, avalio o mais objetivamente possível a situação, de maneira a não criar expectativas irrealizáveis e aceitar a influência negativa de fatores imponderáveis. Na Cidade de São Paulo procuro evitar o estresse de dirigir em ambiente agressivo e cansativo, transformando o congestionamento em oportunidade de ouvir rádio ou música. E as dificuldades em estacionar próximo a meu destino, como oportunidade de caminhar e exercitar-me. Se o tempo é curto, prevejo que vou chegar atrasado ao encontro ou reunião, avisando com antecedência a pessoa ou pessoas com quem tenho compromisso. Sair bem mais cedo e usar o tempo de espera nos encontros para leitura de algo interessante é a saída mais educada. Essa, contudo, ainda não consegui por em prática rotineiramente. Hoje fui surpreendido por três situações imprevistas agradáveis

Dirigi-me ao setor financeiro da Prefeitura Municipal para regularizar uma situação que criei por descuido. Ao invés de pagar a parcela do IPTU vencida no mês, paguei duas vezes a do mês anterior. Conseqüentemente, a parcela paga duas vezes apareceu como "paga" simplesmente e a outra como "não paga". Como o imóvel está no nome de minha esposa, dirigi-me à repartição para que eu fosse orientado sobre como resolver o assunto, já que perdera o registro bancário que provaria que paguei duas vezes a primeira parcela. Já estava preparado para um rol de pedidos de documentos e declarações registrados em cartório quando o funcionário me surpreendeu com a seguinte frase: "vou evitar que o senhor tenha de voltar aqui novamente". Somente pediu-me o RG para anotar no recibo da parcela "não paga" que se tornaria "paga" com o estorno dos recursos sobrantes da primeira parcela paga duplamente. Aí surge um problema inesperado. Minha carteira não estava comigo. Fiquei atônito procurando-a, não mais para mostrar-lhe o RG mas para me assegurar que não a perdera. No meio da confusão criada, ele perguntou simplesmento meu nome e o número do RG e entregou-me uma senha para pegar o recibo da parcela agora "paga" em outro guichê. Resolvi rapida e inesperadamente o assunto que fora pedir simples orientação para outro dia voltar com um saco de documentos. Agora, tentava me concentrar para explicar o fato de não ter a carteira comigo. Finalmente, concluí com segurança razoável - já que a absoluta somente nos cria expectativas que podem ser frustradas - que a carteira ficara no carro. Vem-me à mente, porém, que se lá ficou o manobrista do estacionamento já a afanara. Quanto apresento a papeleta do estacionamento afirmo que irei pegar o dinheiro em minha carteira que se encontra no carro. Depois de verificar várias vezes e não encontrá-la, olho desconfiado para o manobrista e identifico um inocente que me encara. Procuro-a novamente e a encontro entre os dois bancos dianteiros.

No fim da tarde vou pegar uma máquina fotográfica digital que minha filha esquecera numa lanchonete. Faz quinze dias que a recepcionista afirma que vai entregá-la e sempre posterga a devolução. Como sempre, muito desconfiado, porém preparado para um ato inusitado em nosso País, entrego à minha filha uma velha digital em completo desuso para dar-lhe em retribuição à sua honestidade. Estou preparado para dois eventos: o frustrante, em que ela simplesmente diria que a máquina estava com ela para ser entregue e, infelizmente, fora roubada; ou ela devolver a câmera e "agarrar" a retribuição por sua honestidade. Como minha filha estava demorando, quase tinha certeza que a primeira hipótese seria a verdadeira. Depois de algum tempo, lá aparece ela sorrindo com a máquina devolvida em suas mãos. Explicou-me a demora: "a moça não queria receber de jeito nenhum nosso presente. Tive que insistir, e muito, para que ela aceitasse. O único pedido seu é que enviássemos a ela duas fotos que tirara com o namorado e que se encontram no arquivo da máquina devolvida! "Daros

Saturday, September 06, 2008

VENDA DE VEÍCULO E MULTAS
Há alguns anos atrás fui surpreendido com o fato de que na venda de veículos o reconhecimento de firma deveria ser por "autenticidade" , isto é, você e a pessoa envolvidos na transação têm necessariamente de estar presentes no cartório para ter as assinaturas reconhecidas. Depois de vender um Ford Rural a uma senhora cearense e ter assinado o CRV fui surpreendido, no dia seguinte, com sua solicitação para comparecer urgente ao Cartório e reconhecer minha assinatura já que ela estava de passagem marcada para Fortaleza dali a algumas horas. Sem estar presente minha firma não seria reconhecida por autenticidade.

No início de agosto passado, vendi um carro e já sabendo disso compareci com o comprador no cartório e assinamos o documento CRV - Certificado de Registro de Veículos na frente do tabelião. Sem mesmo pedir, ele me forneceu ( e cobrou..) uma cópia autenticada do CRV de transferência preenchido para que eu a enviasse ao DETRAN. Preocupado com eventuais multas de infrações cometidas após a venda elaborara, por minha conta, uma Declaração assinada por mim e pelo comprador que ambos assumiam o compromisso de pagar as multas pelas infrações incorridas antes da venda - no caso eu - e depois da venda - ele, comprador. Preocupei-me de colocar a hora nessa deckaração, já que tanto eu como ele poderíamos ter cometido infração nesse dia, pois no CRV consta simplesmente que o vendedor se exime de responsabilidade "a partir da data acima", ou seja, a partir do dia seguinte da venda. No próprio dia o comprador, se for meu inimigo, pode praticar infrações de todo tipo que eu serei o responsável por elas. Em nota com letras miúdas está escrito que cabe ao comprador fazer "a imediata transferência de registro do veículo para seu nome" . Por outro lado, afirma que essa mesma transferência "poderá ser comunicada pelo vendedor". Atarefado como sempre, não me preocupei em comunicar a transferência ao DETRAN. Em menos de quinze dias recebi três notificações de multas, com meu nome nelas. Achei que bastaria devolvê-las ao DETRAN junto com a cópia de autorização de transferência do CRV que recebera do Tabelião. Já no DETRAN me informaram que teria de fazer a entrega no protocolo. Ali me orientaram que para protocolar deveria me dirigir a informações no primeiro andar do prédio da frente para solicitar duas vias das guias de encaminhamento da comunicação da venda e preenche-las. Fui e peguei as duas vias cujo título é Sistema de Comunicação de Venda de Veículos. Eram umas vinte e cinco perguntas sobre mim, o veículo e o vendedor, quase todas constantes da cópia do CRV que não foi aceito sem esse documento de encaminhamento. As perguntas que não constavam do CRV, relativas ao veículo e ao vendedor, não pude responde-las, obviamente. Por exemplo, o número do Chassi e o bairro e CEP do comprador. Como as duas guias são iguais e não havia papel carbono entre elas, tive de copiar tudo de novo na segunda guia. Voltei ao protocolo para entregar a cópia do CRV, agora com as guias de encaminhamento. Já eram 16:30 e o expediente se encerra às 17:00 horas. Lá chegando, fui surpreendido por mais uma exigência: xerox do meu RG. Tive de sair quase correndo, pois o único xerox é do dono de uma banca de jornal que fica em frente ao DSV. Esse serviço existe alí faz muitas décadas. A fila era grande; então resolvi usar meu direito de furar fila por ser idoso e tirei o xerox na frente de todo mundo. Finalmente, retornei ao protocolo pouco antes das 17:00 e recebi a segunda via da guia de encaminhamento carimbada. Retornei em seguida para saber se isso me eximiria de pagar as multas que vieram em meu nome, porém resultantes de infrações cometidas após a data da venda do veículo. A atendente me respondeu: " todas as multas resultantes de infrações cometidas após a data de hoje o senhor não terá obrigação de pagar."....."Haja coração", pensei eu. Saí sem insistir no fato de que no CRV consta claramente que o vendedor se exime de responsabilidade por infrações cometidas após a data da venda e não como a atendente me informou. Registro aqui em meu BLOG esta chatice toda porque nossa população sem curso superior e pós-graduação como eu, jamais teria o tempo disponível, tampouco a habilidade de descrever em minúcias as "pedras e irracionalidades" que a burocracia sem controle semeia pelo nosso caminho, torturando-nos continuamente. Daros