Tuesday, March 31, 2009

LULA NO CHILE
Excelente o Editorial da Folha (31/03) sob esse título contra o Estado forte defendido por Lula. Achávamos que a expressão Estado necessário já tivesse produzido raízes em nosso País. Felizmente, a explicação de Lula do que entendia como tal desanuviou o ambiente, em parte; "Estado democrático, socialmente controlado e eficiente na prestação de serviços". Difícil de entender, porém, que um assessor de alto nível que o acompanha “fez elogios, no dia anterior, ao populismo sul-americano, incorporado em governos como os de Chávez, na Venezuela, Morales, na Bolívia, e Correa, no Equador”, segundo a Folha. Será que Lula acredita que nesses países seus governos, com o apoio eleitoral e “referendal” da maioria da população, estão transformando seus Estados em democráticos e socialmente controlados e mais eficientes na prestação de serviços? Um velho político dizia: “se você quer conhecer o pensamento de uma autoridade pública de alto nível não ouça ou leia discursos seus, converse com seus assessores mais íntimos”. Afinal, quem é o citado assessor?

Sunday, March 29, 2009

DEMOCRACIA E DITADURA DA MAIORIA

Uma das confusões mais perniciosas para o cidadão brasileiro é nossos políticos esquecerem, no dia-a-dia, a diferença entre vontade da maioria com democracia. Ainda que em discursos formais bem elaborados e cuidadosamente revistos eles caracterizem como base fundamental do governo democrático o respeito às minorias, nas atividades correntes se esquecem disso com muita freqüência. E pior, os cidadãos da minoria prejudicada em seus direitos garantidos por lei se omitem diante da ditadura da maioria. Outra dificuldade por má formação intelectual do político é a falta de lógica em seu raciocínio. Quando se juntam essas falhas surgem idéias e propostas de ações e políticas que visam, muitas delas, a objetivos nobres, contudo, os meios irracionalmente escolhidos acabam gerando desperdício de recursos e introduzindo mecanismos e regras administrativas que contrariam os bons princípios democráticos conquistados pela sociedade e assimilados em suas práticas ao longo dos anos.

O exemplo mais notório disso é a insistência com que o atual governo está introduzindo o sistema de cotas nas universidades públicas federais e, agora, a discussão da eficácia do vestibular. Em excelente artigo publicado na Folha do dia 23/3, Vestibular como Anomalia?, Carlos Eduardo Bindi escreve em determinado trecho “O estudante da escola pública de ensino médio nunca questiona o vestibular, alegando ser ele ilícito. Ele reclama é do fato de não ter sido aprovado porque não teve acesso ao conhecimento que deveria ter sido proporcionado a ele”. A falta de lógica no sistema de cotas é tão gritante que dispensa comentários. A eliminação do vestibular no atual estágio de nosso ensino superior, porque não é o instrumento perfeito de seleção, seria o golpe de graça na preservação da qualidade de nossos profissionais de nível superior. Não se deve olvidar que o estreito canal de entrada nas universidades já foi dilatado com a instalação irresponsável e sem controle de entidades de ensino superior, muitas delas com o único objetivo de produzir lucros a seus proprietários. Em muitos casos não é exagero se afirmar que nelas se vendem diplomas a prestações cujo número é estabelecido pelo período que o estudante-comprador deverá “permanecer” como aluno do estabelecimento. No caso do diploma de bacharel em direito, por exemplo, a deterioração do ensino foi tal que a OAB criou um crivo específico para eliminar pessoas completamente inabilitadas para o exercício da profissão. É como se o egresso de uma Escola de Engenharia ou Medicina perdesse o direito de exercer sua profissão depois de ser diplomado, devendo passar por novo exame organizado pelas entidades de suas respectivas classes. O vestibular ao eliminar 95% dos candidatos (número citado por Bindi) gera, também, uma situação muito pouco comentada, qual seja, a de selecionar uma elite de elevada capacidade mental e intelectual que terá condições de avaliar criticamente o próprio ensino superior e tapar os “furos” nele existentes por meio de cursos, seminários e leituras complementares. Quem freqüentou curso superior sabe que a competência dos professores varia muito entre eles e tende a se estagnar, ou até mesmo se deteriorar, em muitos casos, pela falta de estímulos, especialmente de competição, para que se mantenha permanentemente atualizado em sua matéria. Após conseguir o cargo por concurso público, sua estabilidade não é ameaçada. A maior parte dessa elite de estudantes que passou no vestibular vai à luta, preenchendo os vazios deixados no ensino superior e avançando com novas técnicas, práticas e conhecimentos para enfrentar a acirrada competição em seu mercado profissional. Atitude nem sempre adotada pelos maus professores que não cumprem com sua obrigação de manter-se continuamente atualizado.

Em suma, o que mais precisamos no Brasil é de um ensino fundamental e médio de alta qualidade, seja ele público ou privado, que garanta conhecimentos e habilidades para o exercício profissional competente e honesto visando a atender a demanda de nossa sociedade; adequados, obviamente, a uma filosofia de vida compatível com a harmonia social e ambiental, tão necessária em nossos dias. O ensino superior, bem como as pós-graduações, devem ser reservados somente aos estudantes mais qualificados, sem distinção de classe, cor, raça, religião,gênero, ou qualquer outro sectarismo porventura existente. Para que o País não prejudique os mais pobres nessa seleção, pois iniciam seus estudos com bagagem cultural menor, compete ao governo garantir a igualdade de oportunidades, fornecendo-lhes subsídios e atenção especial, inclusive à família, no caso dos mais dotados, para que a igualdade de oportunidades seja real e lhe garanta o acesso até o nível de educação que tiver desejo e qualificação para chegar. Arrombar as portas das universidades com cotas e privilégios, e agora com o questionamento da eficácia do vestibular, mais parece uma revolução em que o governo busca incessantemente a cooptação da maioria negra e parda, bem como daqueles que por deficiência das escolas públicas não têm condições de competir no vestibular. Se a qualidade de nossos “doutores” e técnicos cair, ainda mais,em conseqüência disso,o prejuízo social e econômico do País será avassalador, pois o tempo perdido não poderá ser recuperado. O Brasil já demonstra falta de profissionais competentes de nível médio e superior no estágio atual de desenvolvimento,fazendo com que a melhoria da educação seja aclamada, conclamada e proclamada como prioridade número um por todos especialistas em desenvolvimento econômico, social, cultural e ambiental.

Por outro lado, em recente manifestação sobre a crise financeira e econômica internacional o Presidente Lula afirmou o seguinte: “É uma crise causada, fomentada, por comportamentos irracionais de gente branca, de olhos azuis, que antes da crise parecia que sabia tudo e que, agora, demonstra não saber nada”. Questionado por jornalista da BBC sobre essa tirada, ele respondeu: “como não conheço nenhum banqueiro negro ou índio, só posso dizer que essa parte da humanidade, que é a mais, eu diria, vítima do mundo, pague por uma crise” (frases publicadas na Revista Época de 28/3. Ora, o que se observa aqui, novamente, é o confronto de cores de pele, esquecendo-se da falta de lógica, pois está implícita a idéia em sua explicação ao jornalista da BBC, que se os banqueiros fossem negros e índios não tinha importância que suas populações fossem vítimas da crise. Esquecendo-se, além disso, que a população branca, inclusive as de olhos azuis, não merece estar sofrendo por uma crise gerada pela irresponsabilidade de agentes do setor financeiro e de incopetencia do governo norte-americano. Essas tiradas sem lógica, prejudicam a imagem do Presidente Lula e o enfraquecem na luta contra o protecionismo no comércio internacional, pela revisão da estrutura do sistema financeiro internacional e do papel do FMI, pela participação do Brasil no Conselho de Segurança da ONU, que conta com o respaldo de todos nós brasileiros, brancos, negros, pardos, amarelos, e outras cores de pele.

Enquanto a mídia encara jocosamente as tiradas do Presidente Lula, a falta de lógica do sistema de cotas para negros e pardos e de preferência aos egressos de escolas públicas no acesso às universidades federais deve ser analisado e avaliado com seriedade e preocupação, pois coloca em risco o sistema de mérito cuja immparcialidade e eficácia na seleção dos melhores estudantes não foi colocada em dúvida até hoje.

Thursday, March 26, 2009

BRANCA DE OLHOS AZUIS

O Presidente Lula disse que “a crise (econômico-financeira) foi criada e fomentada por gente branca de olhos azuis.” (Globo News 26/03) À primeira vista, seu sorriso de satisfação e alívio poderia indicar que extravasava algo preso em sua garganta, resultante de mágoas e humilhações pessoais. Isso é impossível, pois Lula se parece fisicamente a um homem do mediterrâneo: àqueles branquelas de olhos pretos e castanhos que colonizaram a África e a América Latina. Será que nessa afirmação ele procura se identificar com nosso povo? Não com os brasileiros pobres em que há muitos brancos e, até mesmo, de olhos azuis. Mas sim com os negros e pardos que, ao contrário do que Lula pensa, adoram a Hebe, a Xuxa, a Angélica, a Maria Braga, bem como os galãs branquelos de olhos azuis que tanto sucesso fazem na TV. Seria bom que ele explicasse melhor para nós cidadãos brasileiros de todas as cores e matizes de pele e olhos quem ele quer colocar para baixo e quem ele quer por para cima com esse extravasamento emocional. Era só o que faltava agora seria o Presidente Lula gerar conflitos oculares e epidérmicos num País que se contorce no meio de todos os tipos de crises imagináveis, além da econômico-financeira, obviamente.

Tuesday, March 24, 2009

Dilma concebe plano de banda larga para escolas sem coordenação com Estados

Se não tivesse lido o artigo todo de Elvira Lobato e Antônio Góis publicado na Folha (24/3) com o título bombástico "SP recusa internet gratuita do governo federal para escolas", teria concluído que Serra pirou. Nele se informa que “A Secretaria da Educação de São Paulo diz que suas 5.537 escolas já possuem banda larga mais veloz e mais segura”. Em outro trecho, contudo, escreve que “São Paulo foi o único Estado a recusar a banda larga federal.” E esclarece que sete Estados que também possuem rede própria de banda larga (CE, SC, PR, MG, PE, MA e PA) aproveitaram a oferta da União como conexão adicional, “mas criticam a superposição de redes.” Em seguida transcreve opinião de autoridade no assunto: "Não faz sentido implantar banda larga onde ela já existe. É desperdício de recursos para o governo federal e para os Estados", diz Joaquim Costa Júnior, presidente da Abep (entidade que reúne as empresas de tecnologia dos Estados). Qual a razão de tanta confusão? “Ele (o plano) foi costurado pela ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) com as companhias telefônicas, no ano passado, sem discussão prévia com os Estados”, comenta a reportagem da Folha. Portanto, o título da reportagem deveria ser o que encabeça este nosso comentário e não, a quase acusação, de que SP recusou internet gratuita do governo federal para escolas.

Wednesday, March 11, 2009

"Convergência de Idéias e Valores"

É de estarrecer que o presidente da Abrapp-Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar, José de Souza Mendonça, que representa também entidades privadas, tenha afirmado que na escolha dos presidentes de fundos de pensão prevaleça, além da confiança, o critério de "convergência de idéias e valores" com os que detêm o poder de indicá-los, como publicou a Folha . Até hoje, milhões de trabalhadores que contam com os recursos desses fundos para sobreviverem pensavam que o critério adotado seria o da capacidade profissional, independência na gestão e atitudes de respeito à lei e à moralidade, visando a garantir a preservação do patrimônio coletivo com rentabilidade suficiente para atender seus compromissos estatutários. Não acredito que os fundos privados adotem o compadrismo como critério para escolher seus dirigentes. Cabe aos responsáveis pelas escolhas de seus dirigentes, porém, afirmar isso, publicamente, para tranquilizar os trabalhadores do setor privado que contribuem para esses fundos.

Thursday, March 05, 2009

COTAS e PREÇOS IMPOSTOS

Depois de ler reportagem publicada na Folha de 04/03 sob o título "Chávez impõe cotas de produção de alimentos", resta-nos rezar pela paz e bem estar do povo venezuelano seriamente ameaçadas pelo desvario de seu Presidente que odeia a economia de mercado e sua lei maior: a da oferta e da procura. Ainda, assim, o governo de Lula quer sua participação no MERCOSUL. Hoje, 05/03, lendo os artigos "Ditadura à brasileira" e "Crise- o urgente e o básico", escritos, respectivamente, por Marco Antonio Villa e Jorge Wilheim, tomo consciência de que, apesar de tudo que aconteceu e tem acontecido, o povo brasileiro deve se orgulhar da maneira como sua elite respeita os mecanismos da economia de mercado e suas leis. Aperfeiçoa-los, sim; destruí-los nunca. As exceções foram poucas e ridículas, como por exemplo, A caça ao boi gordo, no Governo Sarney e O confisco da poupança, no Governo Collor.