Monday, April 18, 2011

TREM-BALA

Já divulguei neste BLOG duas cartas recomendando que o projeto de Trem-Bala fosse postergado. Ele surgiu no final da administração de Lula e foi incorporado ao discurso da candidata, hoje presidente, Dilma Rousseff. A data de licitação, inicialmente prevista para o final de 2.010, foi alterada várias vezes. Atualmente, prevê-se para julho deste ano. Ao contrário de outras vezes, que ninguém se manifestou a respeito de cartas minhas enviadas a seção de Cartas do Leitor do Estadão, desta feita recebi comentário e o respondi. Veio a tréplica e eu também respondi. Finalmente, meu interlocutor definiu sua posição em relação ao assunto e encerramos a discussão. Achei interessante que o material de nosso diálogo fosse incorporado a meu BLOG como exemplo de discussão civilizada que o sistema de internet permite que se faça de maneira eficiente e eficaz.

I- Carta em O Estadão de 7/4/2011 por daros@transporte.org.br

ROGAI POR NÓS

Li no Estadão de ontem duas notícias estupefacientes: o trem-bala vai sair do papel e absorver recursos, materiais e humanos, que poderiam ser empregados na ampliação e melhoria do transporte público; e a Linha Norte-Sul do metrô da cidade de São Paulo está saturada. O trem interurbano rápido será, antes de tudo, uma bala na cabeça dos que acreditam que esse projeto poderia ser postergado e na dos pobres inocentes que dependem e sofrem as consequências da falta de transporte público decente em nossas cidades. E são os que se dizem de esquerda e preocupados com a população pobre de nosso país os defensores dessa prioridade indefensável. Só nos resta pedir à Santa Maria que rogue por nós.

II- Em 8/4/2001, Marc escreveu:

Senhor Eduardo
A considerar-se assim, o governo federal tem que investir também nos vários metrôs das diversas capitais estaduais do país. E por que não nas marginais dos rios Tietê e Pinheiros? E porque não investir no re-asfaltamento das ruas da minha cidade.
As obras do Metrô são da responsabilidade dos governos estaduais, primeiramente. Por isso, eles é que devem explicações do porquê do fracasso de suas gestões no quesito infra-estrutura.
Marc

III- Em 8/4/2011 15:37, Eduardo Daros escreveu:

Meu caro Marc
como seu e-mail, ao contrário de muitos outros, é educado e tem argumentos sólidos, vou tentar responder a seu questionamento. E peço-lhe licença para usar sua pergunta e nossa resposta em meu BLOG, pois se trata de dúvida válida que deve ter acometido outros leitores.

Você deve ter notado em nossa carta que falamos em recursos e explicamos "humanos e materiais" para que não pairasse dúvida sobre o que estávamos falando. Como nas economias de mercado a mobilização de recursos reais - isto é, os verdadeiros recursos que constroem e operam nossas atividades - é feita por meio de dinheiro, chamado de recursos financeiros, muitas vezes perdemos a noção de realidade. Quando o país tem sua economia aquecida, como agora, os recursos reais - mão de obra qualificada, equipamentos e insumos (cimento, aço, madeira, alumínio, etc..) começam a escassear e seus preços sobem. A forma de desaquecê-la é reduzir o volume e a circulação de dinheiro, e títulos que servem como tal, disponíveis no mercado. Os juros sobem, os prazos de financiamento diminuem, e tudo mais que se tornou conhecido de todos durante a administração de Lula que conseguiu manter a inflação controlada por meio da política monetária mantida com mão de ferro e com grande credibilidade pelo presidente do Banco Central. A política fiscal, que é o outro instrumento importante no processo de evitar inflacão, sem prejudicar os investimentos privados e públicos necessários, é reduzir o nível de gastos públicos. Sobre isso pouco se falou e pouco se praticou de efetivo durante os oito anos de Lula. Até agora, falou-se, mas não se praticou, em redução dos gastos públicos federais. Todos reconhecem que nossa economia está crescendo e deve manter um ritmo adequado para garantir o melhor nível de emprego possível, sem ESTIMULAR O PROCESSO INFLACIONÁRIO QUE REAPARECE COMO UMA FEBREZINHA EM PACIENTE QUE SE CONSIDERAVA CURADO. Como explicar a pessoas como eu e você que num período em que deve haver estrito controle sobre investimentos e gastos públicos para não haver demanda de recursos humanos qualificados e materiais acima da possibilidade de oferta e, por isso, estimular a inflaçào, que ora se insinua, o Governo Federal decidiu iniciar o projeto de trem bala, cujos benefícios se concentram no transporte interurbano de passageiros? Pergunto-lhe se é realmente dificil viajar-se, hoje, entre o Rio e S. Paulo? Os que não têm necessidade de viajar a velocidades mais rápidas por terra dispõem de ônibus confortáveis, e se a viagem não é mais rápida e "macia" como deveria ser é porque não se consegue eliminar os congestionamentos no Rio e em São Paulo, de onde os ônibus partem e chegam. S. Paulo, por exemplo, que delegou a empresas privadas a cobrança de pedágios das rodovias para financiar a sua melhoria, dispõe de uma rede bem conservada e ônibus "macios" e muito confortáveis para viagens interurbanas de passageiros. O trem-bala traria como único benefício a reduçào de tempo na viagem entre Rio e S. Paulo POR TERRA, servindo somente aqueles que estivessem dispostos a pagar uns R$ 200,00 a mais pelo tempo poupado. Ora, nesse caso, o tempo e a tarifa de avião seriam altamente competitivos com o trem-bala se os aeroportos fossem mais bem aparelhados, reduzindo o tempo de embarque e desembarque ao mínimo possível e as tarifas entre Rio-S. Paulo não fossem utilizadas pelas empresas para cobrir deficits em linhas obrigatórias para o sistema de atendimento de voos em áreas com pouco passageiros que exigem o transporte aéreo. Em outras palavras, se pudessem ser mais competitivas no trecho considerado.

Concluindo, o trem-bala não é projeto prioritário, pois a demanda por transporte de passageiros entre Rio e S. Paulo está sendo plenamente atendida; e se a qualidade não é melhor, deve-se aos aeroportos e estações rodoviárias pessimamente estruturadas - concentração exagerada da rodoviária em determinado local, por exemplo, de péssima aparência e desconfortáveis; e os aeroportos sobrecarregados com filas de espera para embarcar e tempo no ar esperando para descer. E se deve, principalmente ao transporte público urbano de passageiros de baixa qualidade. O Governo Federal não precisa DOAR recursos aos Estados e Municípios. Ele simplesmente, poderia financiar os projetos por meio do BNDES estimulando os Estados e Municípios a investir mais e melhor na melhoria dos transportes públicos.

Grato esclarecido meu ponto de vista. Grato pela sua atenção.
Eduardo José Daros

IV- Em 16/4/2011 01:48, Marc escreveu:

Senhor Eduardo
Não entrarei no mérito de suas considerações, que são abrangentes. Várias corretas.
Aprendi em alguns cursos feitos (Adesg, por exemplo) que no Brasil tudo, por enquanto, é precário e prioritário. Há muitas causas: formação genética, culturais, sociais, políticas... Os sucessivos governos gastam mal aqui e ali. É de se reconhecer que há muitos acertos por parte deles. Temos acentuada carência de poupança interna. Que está melhorando bastante nos últimos tempos. O país começa a sair da mesmice. Com acertos e erros. Estamos abandonando a "teoria da dependência" da lavra de um dos maiores "intelectuais" e que ele tentou levar a cabo durante os seus governos?
Para encerrar, lanço questões para que possa meditar: porque os países mais desenvolvidos, que contam com excelentes estradas rodoviárias, bons aeroportos, veículos modernos, se utilizam de trens ultra-rápidos? Porque temos que ter esse complexo "vira-lata"?
Marc

V-Em 16/4/2011 20:03, Eduardo Daros escreveu:

Meu caro Marc,
li com atenção sua tréplica e me permito completar agora o raciocínio que iniciei em meu texto anterior, tentando esclarecer três questões básicas levantadas por você:
1. No Brasil tudo, por enquanto, é precário e prioritário; 2. Temos acentuada carência de poupança interna, que está melhorando bastante nos últimos tempos; e 3. Por que os países mais desenvolvidos, que contam .... se utilizam de trens ultra-rápidos? Porque temos que ter esse complexo "vira-lata"?

1. Sem dúvida não temos e nunca teremos recursos suficientes para saírmos da precariedade para a abundância, se continuarmos escravos do consumismo e do crescimento do PIB, orientado para satisfazer NECESSIDADES moral e eticamente duvidosas, mas que APARENTEMENTE tornam felizes os povos chamados civilizados. Se observarmos atentamente a disponibilidade de recursos que o nosso País apresenta, o único termo que se aplica é ABUNDÂNCIA. Terra, água, sol, minérios (minerais que podem ser explorados economicamente) são exemplos. Por outro lado, nossa população tem um potencial de trabalho, criatividade, liderança, solidariedade e, acima de tudo, desejo de viver e se desenvolver como ser humano afetivo, igual ou até maior do que se observa em muitas partes do mundo. As famílias, por mais desagregadas que estejam, num país em que as mais carentes apresentam percentual altissimo de órfãs de pai, em que a história de Lula é exemplo notório, elas conseguem manter coesão interna impossível de ser imaginada, tal o abandono economico e sociocultural em que vivem. Essa esperança, que nada mais é que o agarrar-se a uma réstia de luz que entra em seus lares materializada como OPORTUNIDADES de trabalhar e aprender, demonstra que nosso País apesar de estar longe, muito longe, de oferecer a todos seus cidadãos igualdade de oportunidades, tem um POTENCIAL enorme, mais que o da nossa abundância de recursos naturais. Basta o Estado organizado avançar nessa direção. Para isso, além de se garantir alimentação para que não sejamos despojados de saúde antes e logo depois do nascimento, devem ser asseguradas condições de serviços de SAÚDE PÚBLICA, SANEAMENTO, EDUCAÇÃO, TREINAMENTO PROFISSIONAL E SEGURANÇA CONTRA OS QUE AMEAÇAM NOSSA SANIDADE E NOSSA PROPRIA VIDA são as prioridades do Estado brasileiro que até hoje continua a buscar saídas apressadas para nosso subdesenvolvimento, via uma elite privilegiada constituída de elementos contraditórios, principalmente em política, onde o populismo e a corrupção de nossa elite política se irmanam para travar o desenvolvimento potencial de nossa população. A Educaçào foi aqui colocada separadamente do Treinamento profissional para evitar o confronto de duas correntes, aparentemente antagônicas: os que favorecem a preparação de nossa populaçào para o exercício de sua profissào com competência e eficiência, permitindo-lhe avançar economica e socialmente com rapidez, e a que julga ser o principal papel da Educaçào desenvolver valores e habilitar nossa populaçào a raciocinar com base em conhecimentos que o tornem cidadào competente e eficiente para sobreviver com dignidade e participar ativamente na busca de um destino melhor para si e para todos nós brasileiros Há muito tempo temos afirmado que o maior desafio para nosso sistema educacional é realmente o da Educação que leve nossos descendentes a hábitos e costumes mais saudáveis para si e para os demais cidadãos com quem eles interagirão durante suas vidas. Também é primordial que nosso futuro cidadào seja treinado numa profissào que possa alavancar seu desenvolvimento material, sem torná-lo escravo do que aprendeu de "orelha" na prática do dia-a-dia, tornando-o despreparado para inovações por ausência de conhecimentos básicos para seu contínuo aprimoramento E todos sabemos que o desenvolvimento tecnológico rápido exige contínuas mudanças nas práticas profissionais que somente os mais bem preparados podem assimilar com a rapidez que a competição profissional exige em todos os níveis. A informática e o uso da língua inglesa, por exemplo, tornaram-se instrumentos de avanços técnicos a serem continuamente incorporados ao saber de nossos profissionais. Para mim, o Trem-Bala não passa de um capricho do atual governo do PT de se colocar ombro a ombro com países já desenvolvidos com recursos e prioridades distintos do nosso, até porque o consumismo é a marca registrada desses países, e que jamais deveria ser a nossa. A China, cuja maioria da população vive longe da economia de mercado, a não ser a das grandes cidades, e não garante liberdade política para os miseráveis que vegetam em suas províncias mais pobres se manifestarem, o Trem-Bala é um capricho da ditadura que vai rodar com poucos passageiros, tornando os serviços altamente deficitários. É bom lembrar que já estão diminuindo a velocidade para baixar seus custos!;

2. Nossa poupança interna é muito baixa para um país como o nosso que necessita de investimentos vultosos em várias áreas de nosso desenvolvimento. Enquanto ela se cristaliza em torno de 20% do PIB, divulga-se que na China,chega a 50%. Aqui reside o problema. Numa economia de mercado livre e aberta, compatível com o exercício pleno das liberdades políticas, a poupança está necessariamento ligada à perspectiva de futuro de cada um de nós consumidores, bem como do comportamento dos Governos que administram o Estado brasileiro. No passado grandes investimentos públicos foram feitos, estimulando também investimentos privados -exemplo JK - gerando um processo inflácionário que os ricos dele se defendiam, ganhando mais com especulações de toda ordem na economia, ou entào, durante a ditadura militar, por meio de arrocho salarial e execução de investimentos estatais por meio de recursos poupados,ou seja, Receita menos Despesa Pública Corrente com saldos vultosos para investimentos. É o que a China faz, ignorando a miséria da populaçào mantida políticiamente controlada por meios que dificilmente se recomendariam em nosso País. Como o governo arrecada mais de um terço do PIB no Brasil seria de se esperar que dispusesse de recursos para investimentos. Isso não acontece porque há uma tendência de gastar muito em funcionários e serviços que funcionam mal e somente amparam "os amigos do poder". Em nenhum momento notamos uma sinalizaçào clara e segura de que se encaminha nosso País à busca de seu grande tesouro: a população brasileira, que durante séculos sofre pela ausência de igualdade de oportunidades. Basta lembrar-se do resultado da Lei do Ventre Livre que permitiu aos fazendeiros, simplesmente, por todos os escravos que ainda mantinham na fazenda no olho da rua. Livrando-se de dar-lhes abrigo, comida e "adestramento", semelhante ao dado aos animais, por meio da chibata e do condicionamento. Imagine-se o sofrimento desses escravos competindo entre si por empregos, esmola, comida e abrigo. Seus descendentes sofrem pela falta de igualdade de oportunidades dadas à população negra, bem como aos mais pobres em geral. Ao invés de uma política universal no sentido de oferecer igualdade de oportunidades aos mais pobres, gerou-se um sistema mal engembrado que até hoje gira em termos de benesses do tipo financiamento, admissào privilegiada em universidades e outras medidas de caráter afirmativo de pouco efeito prático. Enquanto a igualdade de oportunidades juntamente com a substancial melhoria no ensino fundamental e médio, associado à formação técnica-profissional intermediária também de qualidade, que lhes permitiriam, se quisessem, apoiados nos conhecimentos e habilidades desenvolvidos a disputar vagas em regime de igualdade com os demais brasileiros, continua um sonho quimérico.

3. Na realidade ao se imitar o que fazem outros países, uns mais e outros menos interessados em impressionar sua população, como na época da conquista do espaço sideral, julgo que o Brasil ao invés de se livrar do complexo de "vira-lata", que nós mesmos nos atribuimos para conseguir apoio a gestos e atitudes megalomaníacas que nos envergonham, estamos confirmando esse complexo. Quem não tem complexo age de forma independente e consciente, buscando abrir caminho para que se realizem suas potencialidades, pisoteadas até hoje. Bastaria se implantarem programas e políticas bem formulados e integrados nas áreas de Educação , Treinamento Profissional, Saúde Pública, Saneamento e Segurança Pública para que nossa população carente saia da valeta em que nossa elite a jogou de longa data. Até mesmo a fome ainda merece muita atenção. Pois sua completa extinção está ligada ao desenvolvimento dos setores acima enumerados. Comer para não morrer de fome, e, ao final, morrer de disenteria e de outras doenças causadas por falta de saneamento, ou por bala perdida, ou por exposição ao crack, maconha, ácool e as guerrilhas do crime organizado que daí brotam, seguramente não é o caminho. Seria uma política capenga, ilusionista e cruel, que se imporia a nossa população miserável: a de continuar sonhando com o amanhã alvissareiro que nunca chega.

Conclusão
: Espero ter completado meu pensamento com este texto longo para que não haja dúvidas das razões que me levaram a considerar a postergação do projeto de Trem-Bala um desvio do caminho que penso ser o melhor para nosso País. Não espero, nem pretendo convencê-lo, de que o trem-bala nào é prioritário nesse momento histórico em que nos encontramos. Da minha parte, encerro aqui minha intervenção sem inibi-lo de apresentar sua visão final. De qualquer forma, peço-lhe autorizaçào para publicar o nosso diálogo sobre o Trem-Bala. Se assim desejar, posso omitir seu nome. Grato, Daros.

VI - 17 de abril de 2011 21:33

Caro Eduardo
Interessante! Eu também gosto, às vezes, de reproduzir em um dos meus blogs (tenho quatro) diálogos de bom nível como é o caso do presente. Fique à vontade. Pode citar o meu nome e endereço eletrônico. Só me diga o local onde irá inserí-lo.
Concordo plenamente com as suas análises dos vários aspectos da vida nacional. São complexos e de difícil solução. Se fosse fácil, até o Tiririca daria jeito, não é?
Só faço um reparo à sua frase, que transcrevo: "Como o governo arrecada mais de um terço do PIB no Brasil seria de se esperar que dispusesse de recursos para investimentos". Como todos, sou favorável à coleta de dados, levantamentos e pesquisas, análises, estatísticas, etc. Tenho a convicção de que, no Brasil, em muitos casos, trabalha-se com dados totalmente irreais. Sem entrar no mérito, sabemos que a sonegação é elevadíssima. Afirma-se que é da ordem de até 60%. Os recursos financeiros ilícitos de brasileiros mantidos no exterior são calculados em US$ 300 bilhões! Só posso concluir que é falacioso afirmar-se que o governo arrecada 1/3 da riqueza nacional. Já andei escrevendo por aí, inclusive tive oportunidade de expressar pessoalmente ao sr. Afif Domingos a sugestão de que mandasse colocar ao lado do famoso painel "Impostômetro" um outro denominado de "Sonegômetro" para registrar a safadeza dos nossos contribuintes. Nem todos o são, é verdade!
Quanto à implantação do veículo de alta velocidade (trem bala) deixo claro que não o julgo indispensável, porém e certamente, acrescentará conhecimentos tecnológicos, geração industrial e de empregos, conforto, alternativa. São como os eventos Copa Mundial de Futebol e as Olimpíadas. São extremamente necessárias? Claro que não, contudo, são eventos geradores de melhorias nos vários setores do país. Tanto que a disputa da realização deles por parte dos países é renhida.
Se tiver interesse e disposição acesse http://ofilhodoprofeta.blogspot.com (para assuntos gerais). Tenho outros: (http://pintousujeira.wordpress.com/) este dirigido a maracutais. Como resido em Itapira, irei colocar vários artigos abordando a atuação dos nossos políticos locais e, inclusive, sobre o mais destacado deles que é o atual presidente da ALESP, Barros Munhoz. Há cada sujeira que merece comentários. Se puder colaborar com artigos de sua autoria posso inserí-los. Se aprová-los (os blogs), favor divulgá-los entre os seus amigos
Por ora é só.
abçs
Marc
FIM

Sunday, April 10, 2011

ANIMAL ASSASSINO

Wellington Menezes de Oliveira tinha nome, endereço, família, sofria de esquizofrenia e freqüentou a Escola Pública de Realengo quando criança e adolescente. Era um brasileiro, como todos nós, nascido na Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, portanto, um cidadão carioca, também. Em ato de violência, que somente um psicopata poderia praticar, matou 11 “colegas inimigos seus”, selecionando 10 meninas e 1 menino,feriu, também, mais de uma dezena, e poupou um “gordinho”, que sua mente insana e alucinada conseguiu transformá-lo em colega sofredor de chacotas e agressões discriminatórias, como ele sofreu naquele exato lugar. Calculadamente, suicidou-se para não ser morto e sofrer linchamento antes ou depois na prisão. Afinal, o próprio Governador do Estado, onde ele nasceu, chamou-o de animal, em ato irrefletido de repúdio. Infelizmente, no Brasil, ainda costumamos oscilar entre dois extremos que mistificam os ambientes humanos em que homens e mulheres vivem: o indivíduo, da fantasia de Robinson Crusoé, ou a sociedade, sem cara. Nem ele, Wellington, foi um animal, tampouco a sociedade brasileira, ou a carioca, é um zoológico que o gerou em seu seio. É a partir do entendimento correto desses extremos, sobrecarregados de ideologias escapistas, que poderemos evitar novas violências que acometem todas as aglomerações humanas modernas, exageradamente anônimas e individualistas e excessivamente concentradas espacialmente. E sistemas de educação, especialmente o brasileiro, tão ou mais escapistas que o animal gerado na mente de Sérgio Cabral.