Wednesday, September 26, 2012

O SENTIMENTO DE INJUSTIÇA


Em sua carta (Folha, 26/9), com o título acima, Kátia Rabello escreve, com relação a sua condenação pelo STF no processo do mensalão: 1.” Lá no fundo, cada um de nós sabe o que fez e o que não fez... Por isso estou em paz”; 2. “Sofro muito pelos meus colegas. Sei quanto é absurdo eles serem envolvidos nessa história, mas a verdade às vezes é inconveniente....”  Não constatei a injustiça denunciada por Kátia Rabello no seu processo de julgamento do STF. Quem sabe a verdade inconveniente possa explicar o que as reticências contidas em sua carta deixaram de revelar, pois não há liberdade na mentira ou na omissão.
                                                    FIM

Sunday, September 23, 2012

CICLOFAIXAS NA CIDADE DE SÃO PAULO


Tenho acompanhado com muito interesse o despertar dos políticos  para o transporte não-motorizado. Esse sistema de trânsito que torna nossas cidades mais alegres, menos poluídas e, acima de tudo, torna as pessoas que se movimentam com a energia de seu corpo mais saudáveis e felizes, produz benefícios diretos e indiretos que justificariam de pronto a realização dos pequenos investimentos necessários a viabilizá-lo como forma de transporte, também. Recreação é ótimo para S. Paulo. Se estiver associada ao trabalho no dia-a-dia do cidadão, muito melhor ainda. Numa cidade que não tem mais espaço para carros particulares, e em que o congestionamento afeta negativamente tudo e todos, qualquer deslocamento que possa ser feito a pé ou sobre rodas movidas pelo corpo (bicicleta, skate, patins. etc.), deve ser considerado prioritário. O argumento de que não existe espaço para ampliar calçadas e se criarem faixas especiais nas ruas para os não-motorizados mais velozes, não é válido. Há espaço e muito; hoje ocupado por filas enormes de automóveis estacionados ao longo das calçadas. Além disso, há milhares de quilômetros de vias públicas em áreas de pouco trânsito que não fazem parte do sistema arterial em que a velocidade máxima deveria ser de 30 km/h para que a convivência entre o motorista e o cidadão não-motorizado sobre rodas possa ser facilmente harmonizada. Bastaria liberar a faixa lateral da via para sua circulação, proibindo o estacionamento de automóveis ao longo dela. A ciclofaixa em grandes avenidas chama mais atenção, sem dúvida! Porém, apresenta dois inconvenientes muito sérios. Usa um espaço que poderia ser mais bem utilizado por transporte público e atrapalha o trânsito dos veículos automotores que necessitam de maior velocidade para circular nessas vias arteriais. ainda que limitada a 60 km/h, ou 50 km/h, como acontece em Nova Iorque e em cidades europeias. Os sistemas locais de não-motorizados, integrados ao transporte público que serve os bairros seriam mais úteis, porém. E os benefícios econômicos, sociais e ambientais bem mais amplos. E o pedestre? Poderá o cidadão que anda a pé contar algum dia com calçadas confortáveis e seguras, além de um ambiente limpo e livre de bandidos para transitar? Quem sabe um dia os políticos, que já abriram os olhos para as   bicicletas, comecem a pensar um pouco sobre isso para concluir que o envolvimento direto de associação de bairro, com fronteiras geográficas claramente definidas e estruturadas, e sem sectarismo político-partidário ou de outra ordem, é o caminho para se mobilizar a população responsável pelas calçadas. É mais fácil convencer o proprietário do imóvel por meio de interlocução no local em que ele vive e realizar um contrato ou convênio com a associação de seu bairro para a execução de um plano de recuperação e ampliação de calçadas juntamente com medidas visando a moderar e racionalizar o trânsito na área considerada. Nela, os vizinhos, que para mim são eles, para eles sou eu. Haverá cobrança recíproca sem dúvida, liberando a Prefeitura para a elaboração de projeto e construção de calçadas em regiões acidentadas, hoje calamitosas para os pedestres, onde não há expectativa de solução. 
                           FIM