Sunday, August 30, 2009

Ainda a Reunião do UNASUL (28/08/09)

Terrorismo, disputas religiosas e territoriais, narcotráfico e outros conflitos no futuro estão exigindo da sociedade moderna e organizada novos instrumentos e métodos de policiamento e defesa com tecnologias distintas das usadas nas guerras convencionais. O sistema responsável pela produção de meios físicos e de conhecimento para serviços de inteligência, de contenção de conflitos e de defesa mais eficaz exigirá investimentos de longa maturação. Eles servirão, também, para o desenvolvimento socioeconômico com sustentabilidade e para o contínuo avanço da fronteira do próprio conhecimento.

No atual estágio somente dois grandes blocos dispõem de condições de investir maciçamente em pesquisas e desenvolver essas tecnologias com plena autonomia: o americano e o europeu. O asiático, ainda em estruturação, quem sabe o seja a médio prazo se contar com a liderança do Japão. A China e a Índia, por necessidade, somente no longo prazo terão autonomia tecnológica.

O que se observa na América do Sul é que alguns países já se alinharam com os EUA (Colômbia, Peru e Chile), outros estão desalinhados e, até mesmo, “desligados”’ do mundo real, sob a liderança de Chávez; e os demais, como o Brasil, que ainda não decidiu o que fazer, haja vista à maneira aparentemente tecnocrática como está tratando a disputa entre EUA e França no fornecimento bilionário de aviões de defesa e das tecnologias e processos de sua produção.

A impressão que se tem é que para o Brasil a tecnologia a ser importada de um ou de outro bloco não tem implicações fora da operacão de importação. Pressupõe-se que ambas tecnologias se ajustam aos sistemas de segurança e controle existentes - SIVAM,por exemplo - sem custos adicionais e complexos ajustamentos. Além disso, que os aspectos políticos da segurança nacional face às novas ameaças não necessitam ser considerados, não obstante a transferência da tecnologia ora em análise no Ministério de Defesa, segundo opinião de técnicos,levar várias décadas.

O Brasil não tem ainda recursos e demais condições exigidas para ser independente tecnológicamente, a ponto de atender suas necessidades de segurança e defesa sem apoio externo. Antes mesmo de terminar a transferência de tecnologia envolvida no programa em exame, haverá avanços e mudanças técnicas e estratégicas que requisitarão novas transferências de tecnologias, no próprio setor de aviação militar como em outros afins, atrelando o perfil das tecnologias empregadas no Brasil ao País escolhido para o atual programa. Ademais, serviços internacionais de inteligência estão antevendo uma escalada tecnológica no plantio, na refinação, transporte e distribuição de drogas no mundo, tornando impossível seu controle com os meios disponíveis atualmente. É necessário um esforço coordenado entre todos os países afetados para enfrentar os novos desafios. As fronteiras não existem para os traficantes de drogas e para o emprego de seus meios de burla da vigilância e repressão.

Isto posto, o Governo brasileiro, com a responsabilidade que tem pelo bem estar de nossa enorme população, já deveria ter feito sua opção tecnológica pelos EUA, condicionada, porém, a uma participação mais efetiva nas decisões que lhe afetam. O episódio com a Colômbia revelou, porém, que os EUA simplesmente ignoraram nosso País, não levando em conta que representamos 50% da América do Sul, como demonstram os indicadores sobre população, área territorial e produção medida pelo PIB,reunidos na tabela abaixo.

O antiamericanismo em nosso País não deve ser desculpa para esconder a forma bem pouco diplomática que os EUA costumam tratar assuntos de interesse seu na América Latina, como novamente aconteceu no caso das bases limitares da Colômbia. Será que se trata de preconceito? Ou medo de perderem o poder de agir unilateralmente em nosso continente e ter de compartilhá-lo com os "hispânicos", como se designam os habitantes de países latinoamericanos que emigraram para os EUA e seus descendentes lá nascidos. Esse medo já se nota dentro dos EUA com a ascensão de Barak Obama à Presidência e a continua redução de brancos no total da população, o que os torna cada vez mais latinos e africanos, como nós já somos.

O momento político é ideal para o Brasil se alinhar com os Estados Unidos e manter-se afastado das diatribes de Chávez e seus seguidores bolivarianos, cuja política externa se resume em buscar aliados antiamericanos.Teremos de trabalhar com seriedade e afinco para tornarmo-nos protagonistas na construção de nosso futuro e de nossos irmãos latino-americanos.

Está aqui, na América, seja do norte, do centro ou do sul, para onde vieram livres e expontaneamente os imigrantes da velha Europa e Ásia em busca de riquezas e novas oportunidades, e acorrentados para os servirem os escravos africanos, o nosso lugar e o nosso destino. Irã, Rússia, China, França, Alemanha, Índia,e tantos outros países, são exemplos de parceiros naquilo que nos interessa e lhes interessa, também. E jamais deveriam servir para alimentar devaneios de um Brasil adolescente que deseja criar eixos abstratos de uniões política, econômica e social, atravessando oceanos e continentes, para nos aproximarmos de países cujas histórias, culturas e costumes se distanciem dos nossos. O nosso destino é enfrentar politicamente o "Big Brother" norteamericano, com seus, e também nossos, medos e preconceitos, para conquistarmos um lugar a seu lado junto com nossos irmãos deste imenso continente e, assim, tornarmo-nos todos protagonistas na busca de um mundo melhor para a América que despertou na humanidade tantas fantasias, sonhos e esperanças.

Saturday, August 29, 2009

FALTOU ORGANIZAÇÃO NO UNASUL

Lendo a reportagem de Eliana Cantanhêde (Folha de 29/08) sobre a reunião do UNASUL, realizada ontem em Bariloche para discutir a ameaça da renovação e ampliação da assistência militar americana dada à Colômbia por meio de bases militares instaladas nesse País, não resisti e enumerei os parágrafos seguintes:

1. “Para Uribe, a América do Sul está se tornando uma grande consumidora. Para Lula, esse é um problema principalmente dos países ricos” - ambos referindo-se ao consumo de drogas ;

2. “Ao chegar, Uribe falou com jornalistas para expor uma quase exigência: de que os debates fossem transmitidos pela TV para os telões da sala de imprensa. Numa votação simbólica, os demais presidentes concordaram, e apenas um condenou a decisão: Lula “ ;

3. “Alan García, maior aliado de Uribe na região, lançou a idéia de que as decisões passem a ser por maioria, não mais por consenso. Porque, por consenso, nada se conclui de concreto”;

4."As bases dos EUA na Colômbia existem desde 1952 e não solucionaram o problema, então, que outras coisas poderiam ser feitas para resolver?", disse Lula. Uribe corrigiu: "As bases não são dos EUA" ;

5. "Combate ao narcotráfico se faz com inteligência e contra-inteligência. Aviões C-17 ou radares de amplo alcance não me parecem os instrumentos adequados. A base de Palanquero parece mais compatível com guerra convencional", disse Cristina - presidenta da Argentina;

Em outro texto, publicado também na Folha, consta, ainda, “gozação” de Garcia sobre manifestação de Chávez, conforme descreve a enviada especial.

- Chávez disse que a ânsia intervencionista americana agora está centrada no petróleo e provocou Lula: "Ainda bem que você tem bastante petróleo", disse o venezuelano, com o tom de "bem-vindo ao time".

-Na sua vez, García dirigiu-se a Chávez, irônico: "Homem, para que os EUA precisam dominar o petróleo se você vende todo o petróleo que eles precisam?" Resultou na única gargalhada da reunião.

Para encerrar, a Folha afirmou que, em sete horas de reunião, Chávez falou como militar, Uribe como técnico aplicado, respondendo uma a uma as críticas, Rafael Correa agiu como professor universitário, com "power point" e tudo, Cristina Kirchner atuou como advogada, Evo Morales defendeu os direitos indígenas, Lula reagiu como sindicalista, irritado com a falta de objetividade e de resultados. ”De quebra, reclamou da reunião aberta à imprensa, com a possibilidade de a opinião pública receber relatos detalhados do teatro” . Observo eu que somente faltou o ex-bispo católico, Lugo, atual presidente do Paraguai, rezar pela paz e harmonia dos povos da América do Sul.

Para finalizar, pergunto-me: como é possível se organizar uma reunião de Chefes de Estado sem que os seus respectivos ministros de relações exteriores organizem a pauta, discutam entre si os pontos de consenso e de conflito, negociem e, somente após terem chegado ao ponto ideal de convergência de interesses, escrevam um texto de acordo para ser firmado. É óbvio que durante todo esse processo os poderes executivo, legislativo e judiciário de cada País terão sido sondados. Esse trabalho é típico de diplomatas muito bem educados em todos os sentidos dessa palavra. Além de profundo conhecimento dos intrincados sistemas jurídico e político internacionais, com capacidade de articular os diferentes ministérios, bem como entidades privadas de maneira a garantir uma posição de governo que atenda os interesses nacionais, esses diplomatas normalmente são dotados de fineza de trato e ampla cultura para evitar confrontos infantis e manifestações intempestivas, muitas delas recheadas de ignorância.
FIM

.

Friday, August 28, 2009

Lógica Sarneysiana

"Quem pediu para apressar foi o juiz, que pediu 60 dias para que terminassem o inquérito”, afirmou Sarney, concluindo: “Então, a ministra pediu uma coisa que a Justiça já tinha pedido. Por isso, acho (sic) que essa reunião não existiu" (Folha, 28/08/09). De acordo com essa respeitável lógica, considerando que Lina jura de pés juntos que esteve em reunião com Dilma e o Palácio do Planalto jura de mãos juntas que ela não esteve, somente resta examinar a hipótese dela ter tido um surto alucinatório e transformado mentalmente o despacho do juiz em reunião com a Chefe da Casa Civil. O que Sarney não sabe é que essa revelação sua joga lenha na fogueira: a reunião, se houve, não teria sido somente para agilizar o que o Juiz, ainda não identificado publicamente, já fizera. Apressar o já apressado com prazo curto de solução determinado por decisão judicial não faz sentido para justificar reunião "quase secreta". Sarney tem razão. E se tivesse sido para pedir ou ordenar algo escuso?. Nessa hipótese, Lina deveria ter revelado naquela época o que acontecera; hoje, ela pode ser denunciada por omissão, tendo compactuado com Dilma Rousseff em seu assédio, ainda que não tenha atendido o pedido dela. Cabe ao Ministério Público descobrir se houve ou não a reunião, já que o governo federal continua alimnetando dúvidas e mais dúvidas ao invés de processar Lina por mentira.E se houve - o que parece verdade - o que realmente ocorreu nela. Se Dilma for enquadrada, não há como não punir Lina, também. Com a revelação de Sarney o "agilizar" perdeu sua força. Haja paciência, brava gente brasileira !

Monday, August 24, 2009

Como Evitar a Gripe Suína

Hoje o fato que mais me chamou a atenção foi Dr. Márcio Bontempo, médico naturalista e sanitarista, residente em Brasília, http://www.drmarciobontempo.com.br/ - que escreveu um excelente artigo sobre a gripe que nos assola, enfatizando a importância das defesas naturais do corpo que podem ser reforçadas ou enfraquecidas, dependendo de nossos hábitos de vida, principalmente da qualidade da alimentação. Recebi esse artigo do eng. Nestor Tupinambá e recomendo sua leitura.Infelizmente para os que não conhecem o inglês o texto está nessa língua. Já enviei e-mail a Dr. Márcio pedindo-lhe a versão em português.Interessante é sua observação sobre o uso de cânfora, colocada em saquinho de gaze sustentado ao redor do pescoço, como faziam os médicos no início do século passado, para defesa contra a contaminaçào da gripe espanhola.

Sunday, August 23, 2009

ELIANE CANTANHÊDE

Casa de Zumbis

Na Presidência, José Sarney não tem condições de presidir sessão nenhuma, arrastando os pés tristemente do gabinete ao plenário sob uma nuvem de ostracismo. Sua voz e sua mão nunca mais vão parar de tremer na tribuna.

Na liderança do PT, Aloizio Mercadante é um fantasma dele mesmo, numa função fantasma. Líder de uma bancada subjugada pelo Planalto e que se desfez em pedaços e em intrigas, ele não fala mais para seus pares petistas, nem para a base aliada, nem para a oposição.

Na liderança do PSDB, o principal partido da oposição, Arthur Virgílio engaveta os seus discursos irados e recheados de um certo lustre intelectual para conviver hoje, amanhã e sempre com o depósito feito por Agaciel Maia para pagar hotel em Paris e com os milhares de reais que saíram do público para financiar o estudo privado de um amigo assessor.

Sarney, Mercadante e Virgílio são zumbis de um Senado zumbi. E não só do Senado, mas da política.

Sarney, o veterano de fala mansa e conversa agradável, não teve mais condições de eleger a filha Roseana ao governo do Maranhão e levou um suadouro de uma delegada negra e estreante nas eleições no Amapá. Enfraquecido em seus três feudos -o Maranhão, o Amapá e o Senado-, vai se agarrar desesperadamente a Lula, ao preço da aliança formal do PMDB com Dilma.

Mercadante, que se regozijava com a condição de senador mais votado do país, hoje já não dá para o gasto. Vêm aí as eleições para o governo de São Paulo, mas ninguém fala no nome do senador mais votado do Estado. Aliás, como veio o governo "do amigo" Lula, mas ninguém falou no seu grande assessor econômico para a Fazenda.
E Virgílio, uma ilha nos mais de 80% de Lula no Amazonas, entrou na política como jovem brilhante e está para sair como neurótico estridente e inconsequente. É um resumo cruel. Mas, infelizmente, verdadeiro.
elianec@uol.com.br
Nota: Transcrito da Folha de domingo, 23/08/09

Saturday, August 22, 2009

FREUD EXPLICA

A renúncia anunciada e proclamada e tão bem concebida moral e politicamente por Mercadante, que o levaria aos píncaros da liderança de petistas insatisfeitos, esvaiu-se num sussurro envergonhado de permanência no cargo, emitido no plenário do Senado na presença de “cinco colegas, dos quais apenas um petista, e de um ex-senador” (Folha, 22/09). Perdeu a grande oportunidade de se tornar um dos maiores políticos do País e demonstrar à nação de que existe um petista preparado a renovar seu partido. Reviver os valores que nortearam seus políticos na luta contra a corrupcão e o fisiologismo no passado, agora tolerados e praticados com a justificativa de manter a governabilidade. Ao caminhar para enfrentar Lula, porém, enfraqueceu-se e caiu na armadilha do Pai que o mandou de volta com uma cartinha na mão cheia de elogios e afagos ao Filho obediente. A sua carreira de líder político independente e coerente se encerra e se inicia a de assessor de Lula: aquele que terá de buscar a obediência dos liderados por meio de uma cansativa tarefa de levar e trazer recados do “Capo”.