Sunday, November 23, 2008

Lula-aqui, Evo-ali, Obama-lá
O artigo acima de Augusto Franco (Folha, 17/11) compara as eleições de Lula e de outros líderes latino-americanos com a de Obama nos Estado Unidos da América. Esqueceu-se, porém, de ressaltar que este se apresentou como um cidadão inteligente e de excelente formação cultural e acadêmica capaz de liderar os EUA conforme os anseios e desejos dos membros do Partido Democrático que o escolheu como seu candidato. Hillary Clinton, sua adversária na eleição de escolha do candidato, também era altamente qualificada. É de se ressaltar que nenhuma das duas candidaturas, porém, surgiu como reação de mágoa ou de desprezo à elite norte-americana. Obama é filho de mãe branca, com determinante influência dela, e de sua avó materna que lhe deu carinho e transferiu-lhe valores para sua formação saudável. Sem marcas e cicatrizes de agressões e ódios que estimulam a mágoa, a vingança e a confrontação, Obama conseguiu com seus próprios méritos galgar posição socioeconômica invejável na sociedade americana. Em outras palavras, Obama comunga os valores históricos e mais profundos de seu País com a elite americana, vive em seu meio e atua politicamente no velho Partido Democrático. O seu foco é a busca de soluções democráticas para os problemas sociais, econômicos e culturais das camadas mais pobres, entre as quais se encontram os negros, os hispânicos e outras minorias que ainda não conseguiram usufruir, como ele, das oportunidades oferecidas em seu País. É óbvio que a herança genética de seu pai negro, nascido no Quênia, tornou-o mais bem aceito pelos americanos carentes. E para os negros, ele tornou-se o símbolo de que a igualdade conseguida a duras penas em meados do século passado agora se completa com chave de ouro. A democracia americana, que já era forte, torna-se mais robusta ainda com a eleição de Obama

Saturday, November 22, 2008

SEGUNDA LÍNGUA

O povo brasileiro, numa atitude sábia e pragmática, elegeu o inglês como segunda língua. Infelizmente, a falta de recursos torna muito difícil às escolas públicas proporcionar aos mais pobres a oportunidade de aprender a falar, ler e escrever bem essa língua, como já conseguem os grupos sociais de renda mais alta. Se já não lhes bastasse a luta que enfrentam para reaprender a falar e a se comunicar corretamente em português, corrigindo os vícios de linguagem trazidos do lar, terão de aceitar a situação de apenas “arranhar” o inglês; e por isso, perder renda e posições no competitivo mercado de trabalho. O decantado treinamento em informática e o acesso à internet têm de ser acompanhado pelo ensino da língua inglesa, caso contrário seus resultados serão pífios. Aos que pensam como nós, sugerimos que se manifestem a respeito para que a nossa elite política não apóie iniciativas de ensino de outras línguas estrangeiras, dispersando esforços, tempo e recursos que estariam melhor empregados no aprendizado do inglês. Afinal, o ensino fundamental gratuito e de boa qualidade é o principal instrumento público destinado a corrigir as desigualdades socioeconômicas.

Publicada em Cartas do Leitor no Estadão de 28/03/01

Friday, November 07, 2008

TEMPO LIVRE VALIOSO
O rápido desenvolvimento e aplicação de tecnologias de informação na medicina curativa e preventiva tem-nos permitido melhorar as condições de preservação da saúde e da vida. Contudo, essas tecnologias, infelizmente, têm-nas prejudicado, também.

O tempo livre que hoje desfrutamos foi-nos legado por meio de experiências e conhecimentos úteis à nossa sobrevivência, consolidados em centenas de anos de trabalho e sofrimento de nossos antepassados. As milhares de horas desperdiçadas em jogos eletrônicos, em atividades fúteis no celular e na internet, bem como assistindo a programas e filmes que embrutecem o ser humano têm sido o uso que fazemos dele. Para piorar, o sedentarismo inerente a essas atividades é acompanhado pela ingestão de produtos nocivos à saúde. Tudo isso acontece com mais intensidade no período de vida favorável à educação que, segundo especialistas na fisiologia do cérebro, vai até os 25 anos.

Resta-nos, contudo, a esperança de que o livre arbítrio que ainda nos resta sirva para libertar-nos dessa armadilha criada por interesses comerciais apoiados em modernas tecnologias de informação e comunicação. Temos de estar atentos, porém, a outra armadilha. A de alienarmo-nos de nós mesmos e de nosso meio, copiando atitudes e preferências de “socialites” e políticos obtusos que impregnam nossa mídia com seus visuais e pensamentos estapafúrdios.

Ao afirmarmos que tudo que fazemos é importante, estamos afirmando, em outras palavras, que nada daquilo que deixamos de fazer por falta de tempo é mais importante do que já fazemos. É preciso que tomemos consciência desse raciocínio absurdo e abramos nossos próprios olhos sempre que nos perdermos na selva de opções em que vivemos. Devemos dar muito valor ao tempo livre, utilizando-o com muito respeito a nós e ao próximo. E acima de tudo, usando-o bastante para pensar sobre nossa vida e destino. Daros

Wednesday, November 05, 2008

DISPUTA ENTRE PÚBLICO E PRIVADO

É de estarrecer que altas autoridades do executivo estejam preocupadas com o fato do Banco do Brasil cair para o segundo lugar em valor dos ativos após a fusão do Itaú com o Unibanco assegurar-lhes o primeiro posto. É inacreditável o que se lê na Reportagem da Folha de S. Paulo (04/11/08): “ Governo Lula quer que o Banco do Brasil retome a liderança”; “A liderança (do BB) no ranking de bancos do país é simbólica para o PT”; “O próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva não gostou de ver o BB perder o posto...” ; “O importante, avaliam os técnicos do governo, é que "agora o BB está no jogo".
Em plena crise, o Governo Federal transforma um evento positivo no mercado financeiro brasileiro em corrida entre os setores Público e Privado.
Concluo da leitura da reportagem que o piloto do PT, Lula, dirigindo o BB, lamenta ter perdido a primeira posição para Setúbal que conduz a nova máquina Itaú-Unibanco; mas está seguro que vai retomar a liderança em breve pisando firme no novo acelerador MP 443. Daros
PS Publicado no Painel do Leitor da Folha de São Paulo de 06/11/08