Tuesday, October 23, 2012

O TRÂNSITO NA CIDADE DE SÃO PAULO E NOSSOS POLÍTICOS

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Ando extremamente irritado com a evolução de nosso sistema de transportes que nos tira a mobilidade em determinadas áreas e horários. Moro na Cidade de São Paulo na Vila Cordeiro, bairro que escolhi pela tranquilidade e qualidade de vida oferecidas. Moradores simples, de antiga classe média, que envelheceram longe da internet e que andam a pé até o supermercado e circulam com sacolas, vivem aqui. Nos últimos 20 anos, fomos sendo ilhados pelas grandes avenidas, sendo que a última, avenida Roberto Marinho, com sua Ponte Estaiada que enfeita os noticiários da TV GLOBO, gerou tamanho volume de trânsito que é de assustar.. Optaram pelo Monotrilho ao invés de corredor de ônibus nessa avenida e sua construção no meio dela levou a Companhia de Engenharia de Tráfego - CET a desviar o trânsito por ruas dos bairros residenciais contíguos como o meu.. Das 17 horas às 20 horas,  o melhor que se faz aqui é se recolher e trancar animais e crianças para não se exporem à raiva - não a canina, que felizmente foi erradicada de nosso meio por meio de vacinação - mas a raiva hominídea dos encarcerados com  algemas invisíveis que prendem suas mãos aos volantes de reluzentes automóveis alvos de todas as benesses, exceto a de poder circular em transito descongestionado. Quando vejo um cão solto na rua se aproximar de mim, ao contrário de medo, preocupo-me em localizar onde ele mora e apertar a campainha do vizinho para que o recolham rapidamente antes que seja atropelado. Como prova de minhas frustrações escrevo pequenas notinhas, já que ninguém lê mais de 2 a 3 linhas   hoje em dia.  Abaixo, as mais recentes. envolvendo a disputa pelo cargo de prefeito da Cidade de São Paulo
                                          I                       Haddad e Dilma
O plano de transporte para a Cidade de São Paulo ganhará duas jóias, não pelos benefícios, mas pelos custos dos projetos. Haddad  promete construir os túneis que ligarão a Avenida Roberto Marinho à Rodovia dos Imigrantes, facilitando o acesso ao litoral de automóvel. E Dilma, o Trem Bala ligando São Paulo ao Rio. Os moradores da Cidade de Taubaté levarão menos tempo para chegar ao centro da Cidade de São Paulo que os trabalhadores do Bairro do Grajaú, por exemplo, viajando sentados no confortável e moderno trem bala; também os residentes no Morumbi, bairro de ricos e de classe média alta, para chegarem às praias do litoral em busca de lazer, sentados em seus confortáveis automóveis com ar condicionado.
                                               II
      Automóveis e mais Automóveis
Ao invés de rever, sem rejeitar, a Inspeção Veicular Obrigatória, Haddad promete acabar com a taxa; e Serra, a mantê-la sem reconhecer a necessidade de reestruturá-la. É incrível, mas verdadeiro. Os dois estão certos e errados. Toda a atividade em que se pode identificar o dano ou custo específico imposto à sociedade deve ser punida ou taxada, de forma a não prejudicar ou impor custos, indevidamente, a toda população. Quem polui e gera riscos de causar sérios danos à população são os motoristas em seus veículos. Portanto, cabe ao proprietário do veículo provar que está poluindo abaixo do nível máximo permitido, bem como demonstrar que seu veículo é seguro e não oferece riscos para a população. Também, é simplesmente ridículo que veículos recém saídos de fábrica passem por essa inspeção, coisa que deveria ser feita pelas montadoras antes de liberá-los para venda. Mais ridículo, ainda, é estabelecer diferentes padrões de segurança e de nível de poluição para diferentes modelos de veículos, como tem-se ouvido comentários a respeito.
                                           III 
   CORREDORES DE ÔNIBUS versus LINHAS DE METRÔ 

Simplesmente chocante o fato de Serra não ter dito que os corredores de ônibus como as linhas de metrô, subterrâneas ou não, são indispensáveis para se criar uma rede de transporte público de massa que possa dar atendimento às necessidades da população. E não ter criticado Kassab por ter se omitido e não realizado a construção de corredores ajustados à rede de transporte público como prometera. Essa reciprocidade de apoio que levou Kassab a apoiar Serra, levou-o a perder a eleição. Da mesma forma, é ridículo Haddad não dizer uma palavra sequer em favor da construção de linhas de metrô onde for indispensável o transporte público, não só para atender a atual demanda, como a futura, quando as áreas de transporte público da cidade forem insuficientes para combinar transporte por ônibus com circulação a pé.
                                  IV                            
       O Futuro do Automóvel
Nenhum dos dois tocou em outro assunto de extrema importância: é de que o automóvel não vai desaparecer do espaço público, pois isso não acontece ou acontecerá. É necessário, por isso, disciplinar seu uso por meio dos mecanismos de mercado, pois hoje é possível, tecnologicamente, cobrar-se a circulação por quilômetro rodado na rede viária. Até mesmo com tarifas diferenciadas em função das necessidades de se eliminarem os congestionamentos. Esse tipo de cobrança será feito a partir do próximo ano nas rodovias sob concessão. A questão política pode ser amenizada com a tolerância de veículos EXTREMAMENTE LEVES E ECONÔMICOS  gozando de isenção de pagamento nos primeiros cinco anos, por exemplo, prorrogáveis na medida em que haja espaço sobrando E os veículos  maiores (volume e peso) serão onerados por km rodado proporcionalmente a seu tamanho. Trata-se de medida racional, seja pelo espaço ocupado que é dispendioso e reduzido, seja pelo peso que desgasta mais a via e causa danos maiores em acidentes de trânsito e atropelamentos. Todos os custos de operação do sistema de circulação de veículos privados deveriam ser considerados: infraestrutura, capeamento e recapeamento de asfalto, iluminação, sinalização, fiscalização, campanhas de educação, entre outros                                                       V
           Novas Avenidas
Também não disseram que as avenidas paulistanas têm que ser completamente reestruturadas, já que optamos em não construir vias expressas ao estilo de  LOS ANGELES que destruíram aquela cidade. O dinheiro para essa reestruturação viria da arrecadação das tarifas de circulação privada.  Nossas avenidas devem adotar o sistema da Av. Dom Pedro I que dá acesso ao Museu do Ipiranga, isto é, pistas centrais  para o transito de passagem, e pistas laterais para acesso a imóveis lindeiros. Hoje é um verdadeiro caos o trânsito em nossas  vias arteriais devido à ausência dessa separação. O trânsito de entrada e saída de veículos em imóveis lindeiros nessas avenidas arteriais se faz em ângulo reto, isto é, de 90 graus, agravando ainda mais o problema.                                    
                                   FIM