Monday, September 08, 2008

IMPREVISTOS AGRADÁVEIS

Desenvolvi, faz muitos anos, algumas regras que me poupam de frustrações e sentimentos de indignação e, até mesmo, de ira. Um pouco de YOGA e muita psicanálise me ajudaram nisso. Uma das regras é não criar expectativas fora da realidade. Ao contrário, ser um pouco pessimista. Dessa forma, aumento a probabilidade de ter mais alegrias e menos frustrações. Por exemplo, após um exame médico acompanhado de análises laboratoriais, penso que se algo ruím for detectado, o resultado simplesmente retrata um estado real existente antes do exame. Em outras palavras, ele traz à tona dados e informações de alguma doença escondida que agora poderá ser combatida com mais eficácia. Outro exemplo: se vou receber resposta à alguma solicitação que me traga benefícios, avalio o mais objetivamente possível a situação, de maneira a não criar expectativas irrealizáveis e aceitar a influência negativa de fatores imponderáveis. Na Cidade de São Paulo procuro evitar o estresse de dirigir em ambiente agressivo e cansativo, transformando o congestionamento em oportunidade de ouvir rádio ou música. E as dificuldades em estacionar próximo a meu destino, como oportunidade de caminhar e exercitar-me. Se o tempo é curto, prevejo que vou chegar atrasado ao encontro ou reunião, avisando com antecedência a pessoa ou pessoas com quem tenho compromisso. Sair bem mais cedo e usar o tempo de espera nos encontros para leitura de algo interessante é a saída mais educada. Essa, contudo, ainda não consegui por em prática rotineiramente. Hoje fui surpreendido por três situações imprevistas agradáveis

Dirigi-me ao setor financeiro da Prefeitura Municipal para regularizar uma situação que criei por descuido. Ao invés de pagar a parcela do IPTU vencida no mês, paguei duas vezes a do mês anterior. Conseqüentemente, a parcela paga duas vezes apareceu como "paga" simplesmente e a outra como "não paga". Como o imóvel está no nome de minha esposa, dirigi-me à repartição para que eu fosse orientado sobre como resolver o assunto, já que perdera o registro bancário que provaria que paguei duas vezes a primeira parcela. Já estava preparado para um rol de pedidos de documentos e declarações registrados em cartório quando o funcionário me surpreendeu com a seguinte frase: "vou evitar que o senhor tenha de voltar aqui novamente". Somente pediu-me o RG para anotar no recibo da parcela "não paga" que se tornaria "paga" com o estorno dos recursos sobrantes da primeira parcela paga duplamente. Aí surge um problema inesperado. Minha carteira não estava comigo. Fiquei atônito procurando-a, não mais para mostrar-lhe o RG mas para me assegurar que não a perdera. No meio da confusão criada, ele perguntou simplesmento meu nome e o número do RG e entregou-me uma senha para pegar o recibo da parcela agora "paga" em outro guichê. Resolvi rapida e inesperadamente o assunto que fora pedir simples orientação para outro dia voltar com um saco de documentos. Agora, tentava me concentrar para explicar o fato de não ter a carteira comigo. Finalmente, concluí com segurança razoável - já que a absoluta somente nos cria expectativas que podem ser frustradas - que a carteira ficara no carro. Vem-me à mente, porém, que se lá ficou o manobrista do estacionamento já a afanara. Quanto apresento a papeleta do estacionamento afirmo que irei pegar o dinheiro em minha carteira que se encontra no carro. Depois de verificar várias vezes e não encontrá-la, olho desconfiado para o manobrista e identifico um inocente que me encara. Procuro-a novamente e a encontro entre os dois bancos dianteiros.

No fim da tarde vou pegar uma máquina fotográfica digital que minha filha esquecera numa lanchonete. Faz quinze dias que a recepcionista afirma que vai entregá-la e sempre posterga a devolução. Como sempre, muito desconfiado, porém preparado para um ato inusitado em nosso País, entrego à minha filha uma velha digital em completo desuso para dar-lhe em retribuição à sua honestidade. Estou preparado para dois eventos: o frustrante, em que ela simplesmente diria que a máquina estava com ela para ser entregue e, infelizmente, fora roubada; ou ela devolver a câmera e "agarrar" a retribuição por sua honestidade. Como minha filha estava demorando, quase tinha certeza que a primeira hipótese seria a verdadeira. Depois de algum tempo, lá aparece ela sorrindo com a máquina devolvida em suas mãos. Explicou-me a demora: "a moça não queria receber de jeito nenhum nosso presente. Tive que insistir, e muito, para que ela aceitasse. O único pedido seu é que enviássemos a ela duas fotos que tirara com o namorado e que se encontram no arquivo da máquina devolvida! "Daros

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