Sunday, October 25, 2009

CHINA

Em seu artigo sobre o que o Brasil deveria imitar da China (Folha, 25/09) Emílio Odebrecht escreve: “Uma delas é a forte parceria entre Estado e empresas, uma equação virtuosa na qual o governo é forte e as empresas também são fortes”. O milagre brasileiro, durante o regime militar, em que grandes empresas apoiadas por “governos fortes” cresceram juntas com o País a taxas elevadíssimas, tornando-se fortes também, resultou de um modelo bem mais humano que o chinês, pois se apoiava no mercado interno e na criação de sólida infra-estrutura para seu desenvolvimento. Dessa época, contudo, lembro-me de observação de profissional de alto nível do Banco Mundial: “sem competição os custos de construção rodoviária no Brasil são o dobro do internacional”. As empreiteiras começavam a sair de sua “casca” regional – quase sempre estadual - para se tornarem nacionais, iniciando-se um processo de rompimento de seus “feudos’, normalmente protegidos pelos governos locais. A grande diferença do passado na proposta de Odebrecht é que agora devem se tornar exportadoras sob o comando do Estado brasileiro. Esquece-se o articulista que o modelo Chinês sobreviveu até hoje porque os EUA importavam acima de suas possibilidades, não se preocupando com seus déficits crescentes gerados pelo Yuan subvalorizado. Tampouco davam atenção ao desrespeito de direitos humanos na China e a nocivos efeitos ambientais de sua indústria. Afinal, agora estamos no limiar de um novo século em que se busca desenvolvimento econômico e social sustentável, bem diferente do ultrapassado modelo Chinês que terá de mudar, também.

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