Sunday, December 06, 2009

MENSALEIROS

Ultimamente, tem-se criticado a presença na mídia de juízes membros de tribunais superiores, dando entrevistas e falando sobre temas políticos, sociais e econômicos, como fazem os políticos por dever de ofício. Realmente, isso contraria o comportamento discreto que se espera deles. Exemplo disso é entrevista do ministro Ricardo Levandowski que afirmou, em certo trecho, que a baderna de “estudantes” em Brasília contra mensaleiros se assemelha à queda da Bastilha. Que eu saiba, não estamos em período pré-revolucionário como o da França de Luiz XVI e, graças a Deus, nenhum Robespierre à vista para decapitar a “corte política” sediada em Brasília e ramificada por todo o País. Não obstante isso, pode, sim, surgir um Napoleão para por ordem no País e “salvar” o Estado Democrático de Direito da sanha de políticos corruptos. Apesar de já ter completado 25 anos, a democracia brasileira ainda gera e mantém impunes propineiros (recebem boladas esporádicas para ações específicas) e mensaleiros (embolsam boladas periódicas pelo engajamento contínuo) em todas as esferas e escalões do governo, associados a corruptores de todos os matizes fora dele. Lula pede que se cumpra o ritual da justiça antes de execrarem-se os mensaleiros e propineiros paridos pelo governo do DF, que se somam às crias predadoras de anos anteriores, não julgadas ainda. Muitos já se preparam para voltar, em 2.010, pois são inocentes até que sejam julgados com sentença definitiva. O que se espera dos não-mensaleiros e não-propineiros, portanto da grande maioria dos que ocupam altos cargos públicos, especialmente no judiciário, é muito trabalho, competência e juízo, para que se façam em nosso país as necessárias reformas em seus respectivos campos de atuação. E que a ética e a eficiência se entranhem nessas reformas de maneira a imunizar e repelir rapidamente os corruptos e ineptos que infestam nosso meio político, bem como os quadros técnico-administrativos das instituições públicas. Somente assim, o setor público terá força e condições morais de enfrentar os desafios de também punir os corruptores que buscam lucros à custa do dinheiro público. A democracia necessita para sobreviver de um processo ininterrupto de democratização. Em outras palavras, ela tem de ser continuamente aperfeiçoada para ter agilidade na eliminação dos responsáveis por atos e atitudes que possam lhe ferir mortalmente.

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