Saturday, February 06, 2010

BRASIL SA

"Não queremos estatizar por estatizar. As empresas privadas não fizeram sua parte e o governo vai mostrar que tem bala na agulha, porque senão ninguém quer fazer nada para pobre neste país."
Foi isso que Lula disse na inauguração de fábrica estatal de semicondutores, CEITEC S A, ontem, em Porto Alegre. São duas afirmações com críticas implícitas que merecem respostas: a primeira, que a iniciativa privada se omitiu ao não fabricar semicondutores em nosso País;e, a segunda que se não estiver com “bala na agulha” para substituir a empresa privada na produção “ninguém quer fazer nada para pobre neste País”. Com relação ao uso de um “balaço na agulha” de R$ 400 milhões na CEITEC SA, cabe às entidades que congregam empresários e investidores privados responder por que o setor privado se omitiu. Sobre o segundo questionamento, o presidente Lula está cansado de saber que pobre sem dinheiro, por definição, não pode comprar nada daquilo que necessita. Nesse caso, cabe ao setor público, que se apropria de 40% do PIB nacional por meio de impostos, prover o mínimo para a sobrevivência de nosso povo, seja em serviços públicos universais gratuitos e de boa qualidade (saúde, segurança, educação, saneamento), seja em dinheiro, como já é feito pelo Bolsa Família. Albergues e outras instituições públicas e privadas assumem, também, a guarda da pessoa necessitada, oferecendo-lhe abrigo, alimentos, roupas e outros produtos e serviços diretamente. Imagino que Lula se refere a estes dois casos quando diz que “ninguém quer fazer nada para pobre neste País”. Realmente, nossa elite poderia ser mais caridosa. Principalmente, quando ela envolve políticos, servidores e fornecedores privados, organizados em quadrilha, para desviar dinheiro público por meio de mutretas milionárias. Quando o fazem, não demonstram dó ou piedade dos mais pobres, não devolvem o dinheiro roubado e permanecem impunes. A prioridade, perdoe-me o Presidente Lula, não é o governo ficar com “bala na agulha” para substituir empresas privadas na produção de petróleo do pré-sal, na construção e operação direta de aeroportos, no subsídio a Trem de Alta Velocidade, por exemplo. A “bala na agulha” deveria ser usada contra os que desviam recursos públicos para debaixo de suas roupas íntimas. ou para fins lícitos, porém, de baixa prioridade econômica e social. Ninguém deve ou deveria morrer de fome ou por falta de serviços públicos decentes. E ninguém, tampouco, deve ou deveria sobreviver e passar a vida como pessoa ignorante e desprovida de conhecimento suficiente para exercer uma profissão com eficácia e dignidade, por falta de boa educação pública. Termino esta nota como um vizinho meu costuma responder a críticas que lhe fazem: “cuide de sua casa, que da minha cuido eu!”

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