Saturday, February 13, 2010

Arruda

"Não matei, não roubei e não desviei recursos públicos", foi assim que o atual Governador do DF, Roberto Arruda, então senador eleito pelo PP de Roriz, em 94, e embarcado, em 1.995, como novo membro do PSDB no trem da vitória de FHC, despediu-se de seus colegas, em 2.001, para não correr o risco de ser cassado por falta de decoro parlamentar. Sua participação na espionagem praticada por ACM no painel eletrônico do Senado tornou-se pública, depois dele ter negado veementemente seu envolvimento, obrigando-o a admiti-la em discurso de despedida. Fui um dos expectadores de sua atuação dramática, lacrimosa, intensa e emocionante. Graças às lágrimas, ou à falta de memória e ignorância dos eleitores, ou ao reatamento de sua “amizade” com Roriz, ele foi eleito deputado federal pelo DEM, já em 2.002, sendo o mais votado entre os demais representantes do Distrito Federal no Congresso Nacional. Em 2.006, ele se elege governador do DF, e Paulo Otávio, seu vice, para felicidade e gáudio do DEM. Com as pesadas e bem documentadas acusações da PF sobre desvio de recursos públicos e recebimento de propinas, pergunto-me se a dose dupla se repetirá: primeiro, nega, o que já aconteceu; depois, admite o crime com choro e vela e renuncia ao cargo para evitar o “impeachment”, garantindo sua eleição para Deputado Federal no próximo ano. Se isso acontecer, sua célebre frase será mais curta e incisiva: “Não matei”. Aliás, esse novo bordão deveria ser escrito em medalha de condecoração a ser ostentada no peito varonil dos demais mensaleiros e propineiros que infestam mortalmente nossas instituições democráticas. Afinal, nosso País não é uma republiqueta e pode se orgulhar de não ter assassinos em seus quadros políticos e nos altos escalões da administração pública. Quanto aos demais desvios de caráter e conduta são herança cultural e histórica que somente se extinguirão quando se proceder profunda reforma política e substituição maciça de políticos “viciados” que emporcalham os partidos políticos, sendo que muitos deles deveriam simplesmente ser extintos.

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