Sunday, November 01, 2015

Entrevista à Revista da Empresa PERKONS - E.J. DAROS

PERKONS - Quais são os maiores problemas do pedestre?

DAROS -  Conseguir andar com segurança e conforto; tornou-se quase impossível  em nossas cidades, pois se somam às dificuldades de encontrar calçadas e travessias confortáveis e seguras, os assaltos, sequestros e furtos, a qualquer hora do dia e da noite. 

O que penso como bom comportamento para mim, como pedestre, é ter paciência e tolerância com o desconforto;  e me comportar humildemente no espaço público para evitar quedas e atropelamentos; e, se isso acontecer, que os ferimentos sejam leves. Portanto, minha recomendação ao pedestre é fazer de tudo - andar devagar, esperar, olhar para o chão e para os lados, atravessando as ruas com extremo cuidado. 

Temos de lutar bravamente como protetor de nossa integridade física e saúde mental ameaçadas por ambientes públicos pouco amigáveis ao ser humano. Dessa forma, espera-se que o risco de cair no chão ou de ser atropelado seja o menor possível, não olvidando das precauções naturais para não ser assaltado. Os conflitos gerados pelo trânsito e pelos bandidos nos espaços públicos brasileiros aguça nossos medos e incitam comportamentos paranóicos. 

PERKONS - Essa não é uma atitude passiva do cidadão que deveria demonstrar claramente sua insatisfação de não poder usufruir de conforto e segurança quando anda a pé?


Se quisermos avançar um pouco em nosso processo civilizatório, emperrado em nosso País, devemos entender que não são forças ocultas, tampouco seres extraterrestres que geram esse quadro aterrador para os cidadãos. Somos nós mesmos, que de uma forma ou de outra agimos ou nos omitimos, tornando nossos espaços públicos desagradáveis, agressivos e extremamente perigosos. Os carros, as motos, as bicicletas, a concepção e operação dos sinais de trânsito, a educação e treinamento para o transito, a formulação, fiscalização e controle de suas regras, o policiamento em geral, a construção e limpeza das calçadas, o desrespeito ao próximo, toda essa parafernália é concebida e operada por nós, incluindo os movimentos de nosso próprio corpo.

Sem nossa presença, isso tudo seria um cemitério de coisas inertes e pacíficas.

O cidadão que deseja andar a pé estaria arriscando a própria vida se resolvesse enfrentar o trânsito. Em outras palavras, achar que pode driblar o trânsito como se fosse um encouraçado é uma atitude quixotesca. 

A ação do cidadão deve se dar em atitudes positivas e de apoio a mudanças para melhor e, sempre que possível, por meio dos canais institucionais que tornem o banditismo, a desobediência, a selvageria, a ignorância, a preguiça e, acima de tudo, a incompetência, fatores execráveis em nossa cidades 

PERKONS - Por onde começar?

DAROS - Simples. Agir como pedestre e motorista cauteloso e respeitador do próximo; garantir que a calçada em frente de onde se mora seja boa, iluminada, limpa e confortável; identificar claramente as intenções e qualificações de nossos candidatos a vereador, prefeito, deputado estadual, governador, deputado federal, senador e presidente e votar nos melhores. 

Apontar, divulgar e verbalizar nossa indignação pelos meios de comunicação e participar de entidades e organizações comunitárias. Especialmente naquelas que atuam nas áreas e locais em que circulamos.
As Associações de Bairro poderiam assumir o grande desafio em convencer os moradores que podem, numa semana ou pouco mais, transformar todas as calçadas do bairro na melhor qualidade possível. Basta que cada morador se responsabilize pelo pequeno pedaço seu. É como se costuma dizer: "a grande caminhada começa com o primeiro passo". Nós cidadãos que andamos mais a pé, diríamos "com o primeiro passo dado em nossa própria calçada". Se cada um de nós for tolerante com um buraco em nossa calçada, e todos moradores de nossa cidade fizer o mesmo.  jamais sairemos dos buracos que se multiplicarão por milhões!
                                             FIM  

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