Saturday, January 09, 2010

Aliança Estratégica?

A entidade mais qualificada para se manifestar sobre a importação de caças para a defesa de nosso país, o Comando da Aeronáutica do Ministério da Defesa, depois de detalhada avaliação comparativa entre as propostas americana, francesa e sueca, optou pela oferta dos suecos. O Presidente Lula, muito antes dessa conclusão, antecipou publicamente sua preferência pelos caças franceses porque a França e o Brasil estão unidos em Aliança Estratégica. No início, Lula justificava sua opção com o argumento da transferência irrestrita de tecnologia de produção a ponto do Brasil poder dividir o mercado mundial com a empresa Dassault, fabricante dos caças, podendo exportá-los para a América Latina. Na realidade iria dividir um mercado que não existe, pois a Dassault não foi capaz, ainda, de exportar seus caças Rafale projetados faz vinte anos (Andrei Netto em Estadão de 7/9). Por outro lado, a oferta dos Suecos mesmo sob esse aspecto é melhor e conta com o apoio e a experiência da EMBRAER que teve sucesso na exportação de aviões de caça desenvolvidos e fabricados em consórcio com empresa italiana: os célebres AMX ou A-1 que prestam serviços desde meados da década dos 80. Permanece, porém, como fator decisivo a tal Aliança Estratégica que já nos impôs a escolha, sem licitação, da empreiteira Odebrecht feita por empresa estatal francesa para construírem juntas (joint venture) um estaleiro no Estado do Rio e a montagem de quatro submarinos convencionais e um nuclear. Agora, com o objetivo de buscar apoio político à sua escolha dos caças Rafale o Presidente Lula pretende recorrer ao Congresso Nacional que, seguramente, fará valer sua escolha soberana e não a da Aeronáutica. Nós, simples cidadãos, gostaríamos de saber mais sobre essa tão falada Aliança Estratégica com a França que nos custará bilhões de reais a mais. Afinal, não fica bem para dois países importantes como o Brasil e a França se envolverem numa transação bilionária, de 20 anos de duração, que possa alimentar dúvidas na opinião pública de ambos os países sobre o desenvolvimento de equipamentos para defesa nacional mais dispendiosos do que o necessário. Na prática isso representaria um desvio de recursos que poderiam ser empregados no combate à fome e à miséria e, principalmente, na melhoria estratégica da qualidade dos ensinos fundamental e profissionalizante que libertarão nossa população pobre dos grilhões da ignorância.

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