Sunday, August 18, 2013

A MENTIRA


Será que a mentira faz parte do DNA do político em qualquer parte do mundo? No exterior, o político mentiroso tem a necessidade de explicar com cuidado e franqueza as razões de ter mentido para não ser vilipendiado pelos seus eleitores. Mas, em nosso caso, somos diuturnamente submetidos a verdadeiros porres de mentiras, sem explicações. A maioria delas contendo mais mentiras do que a mentira original. Até mesmo reforçadas por testemunhos de colegas e amigos mentirosos.
O ser humano busca, continuamente, atender suas necessidades biológicas e psicológicas da melhor forma possível para ser feliz. A mentira, nesses casos, seria um instrumento para encobrir erros e danos que o mentiroso não quer pagar por eles, podendo, assim, gozar de benefícios advindos dela impunemente. Se sua formação moral for rígida, o sofrimento não é totalmente evitado, pois sabe que errou. Alguns acabam confessando a mentira para limpar sua consciência.
Todos nós mentimos, também. Daí a razão da sociedade dispor de regras para impedir que os mentirosos causem danos recíprocos e transformem nossa vida social em verdadeiro inferno. Ainda que muitos se julguem espertos e inteligentes em manipular pessoas e instituições lançando mão de sua criatividade para tirar vantagens ilícitas em seu benefício, cedo ou tarde eles tomarão consciência que a vida se torna um inferno para todos que convivem nesse ambiente. A nação em que se preza e pratica a verdade oferece a seus cidadãos ambiente mais saudável para se viver e ser feliz.
A mentira tem um poder destruidor inimaginável no relacionamento social, gerando ambientes propícios ao desequilíbrio mental dos indivíduos pela impossibilidade de acreditar nas pessoas e ser sincero com elas. O resultado é triste: desconfiança recíproca; mania persecutória; isolamento social; ironia e cinismo. A cultura e os costumes traduzidos ou não em leis regulamentadoras de nossas relações, ainda que estruturados em favor da verdade e condenando a mentira, vão sendo corroídos a ponto de tornar o cinismo e a ironia uma prática comum que afeta a compreensão do que se fala e se escreve. Busca-se atrás de qualquer observação, uma crítica velada. Notícias verdadeiras são recebidas como falsas. A mentira tem a capacidade de enfraquecer todo o processo subjetivo e objetivo que interliga indivíduos em grupos e redes sociais, com poder de deixar traços definitivos na cultura da nação em que vivem: pessimismo, fatalismo, comodismo, negativismo, desconfiança e falsidade; e tudo mais que reduz a confiança, a honestidade, a franqueza, atingindo, inclusive, a eficiência do processo produtivo, especialmente o de prestação de serviços, em que a maioria deles não pode ser submetida a testes cujos resultados sejam controlados cientificamente. Um bom exercício para todos nós é falar a verdade durante o dia de hoje. E lutar para fazer o mesmo, no dia seguinte. Se não conseguirmos manter a “nossa verdade“ incólume, quem sabe tenhamos de organizar AMAs, ou seja, “Associação de Mentirosos Anônimos”  para nos livrar desse vício que impregna a sociedade brasileira. Aqui em S. Paulo é prática corrente as pessoas, inclusive eu, obviamente, chegar atrasado a qualquer tipo de compromisso culpando o trânsito. Não deixa de ser meia verdade, em muitos casos. Contudo, ninguém chega adiantado ao compromisso afirmando que o trânsito estava excelente! Conseqüentemente, quase sempre subestimamos o tempo necessário para realizar nossos deslocamentos.
Tomei a decisão de publicar estes rabiscos do dia-a-dia quando li – e recomendo que todos leiam, especialmente, os que são membros ativos de redes sociais – o artigo publicado na VEJA sobre FANTASMAS que povoam o World Wide Web em que estamos imersos para o bem ou para o mal.
As redes sociais na WEB adquiriram dimensão e velocidade onde simples palavras podem causar danos irreparáveis e, pior, podem. servir de instrumento para aniquilar publicamente pessoas atingindo o que elas mais prezam em si, ou mesmo, para reunir e estruturar grupos extremados para atitudes viciadas ou destrutivas.
Se tiver tempo ouça a ária “La Callunnia è um Venticello” da ópera bufa Barbeiro de Sevilha de Rossini 
http://lyrics.lucywho.com/il-barbiere-di-siviglia-atto-i-la-callunnia-e-un-venticello-lyrics-gioachino-rossini.html



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