Thursday, January 20, 2011

DESGRAÇA ESTATIZADA

É incrível que pessoas criativas, inteligentes e empreendedoras continuem, ainda, engessadas por valores e cultura de origem cartorial cultivados durante os períodos colonial e imperial. Após mais de um século da proclamação da República, particularmente a partir de Vargas, o Brasil industrializou-se e modernizou-se, sem perder, porém, o viés estatal e cartorial. Não são poucos os empresários e empresas que permanecem avessos à economia de mercado livre. Graças ao Plano Real e à posição de Lula de não reestatizar a economia, avançamos no desenvolvimento de um mercado mais livre e competitivo. Rezamos para que Dilma não marche para trás. A falta de imaginação do governador do Estado do Rio e dos prefeitos dos municípios assolados pela recente catástrofe é um indicador de que eles ainda estão presos mentalmente à velha cultura do Estado todo-poderoso. Se conseguirem unir os três níveis - municipal, estadual e federal - em torno de um plano estatal, pensam tornar-se infalíveis. Enquanto isso, deixam de lado os verdadeiros agentes responsáveis pelo nosso desenvolvimento e bem-estar: os empresários competitivos e as forças de mercado. Mais do que isso, muitos bambambãs do mais alto escalão do poder público brasileiro execram os mecanismos de oferta e de demanda que mobilizam forças incomensuravelmente mais eficazes que a ação de burocratas. Um exemplo claro do abandono dos mecanismos de mercado para resolver o problema de abastecimento da população flagelada é o galão de água ser vendido por R$ 45, conforme notícias recentemente divulgadas. Se há gente que paga esse preço absurdo, é porque a demanda está muito alta e a oferta muito baixa. Ao invés de perguntar por que não se aumenta a oferta para reduzir os preços, devem-se perseguir e prender os que vendem caro o produto? Bastaria o governador Cabral reunir-se com prefeitos e empresários para brotarem medidas eficazes visando a aumentar a oferta de água potável na região flagelada. Liberar as ruas para o comércio de água e outros bens escassos, por exemplo, até que a situação se normalize, seria uma ideia a ser discutida. Em São Paulo e no Rio existem dezenas ou mesmo centenas de empresas fornecedoras capazes de vender água potável e mineral de boa qualidade a preços competitivos. Os próprios supermercados tradicionais podem se interessar por esse tipo de distribuição e comercialização em caminhões e contêineres e entrar na disputa. O preço baixaria da noite para o dia e as doações de água e outros bens poderiam ser orientadas somente para atender às necessidades dos mais pobres. Os demais encontrariam esses bens em contêineres e caminhões a bons preços.
                                     FIM

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