Friday, August 13, 2010

MINEIROS

Anastasia e Dilma querem se unir em Minas Gerais para melhorar seus desempenhos eleitorais nesse Estado. Ele, concorrendo a governador de MG pelo PSDB, e ela, a Presidente do Brasil pelo PT. Pertencem a partidos que têm propostas e idéias semelhantes em muitas áreas e em outras, bem distintas. São estas últimas, porém, que podem mudar nosso País para pior, ou melhor, conforme o ponto de vista do eleitor. Anastasia, por origem, formação acadêmica e experiência político-administrativa, atuou com sucesso no que Aécio denominou “choque de gestão”. Dilma teve formação básica durante nove anos no tradicional colégio SION. No ensino médio em escola pública, ainda adolescente, foi atraída para movimentos armados visando à implantação do socialismo no Brasil. Envolvida em atos criminosos foi presa e torturada pelo regime militar. Filiada ao PDT desde sua fundação, em 85, Dilma passou para o PT, em 2.001, conseguindo manter-se no cargo de Secretaria Estadual de Energia(RS), apesar de Olívio Dutra (PT), então governador, ter rompido sua aliança com o PDT. Participou da campanha de Lula e, em seu primeiro mandato, atuou como Ministra de Energia. Finalmente, substituiu José Dirceu na coordenação e administração do processo decisório como Ministra-Chefe da Casa Civil, particularmente na supervisão do grande projeto de Lula, conhecido como PAC. Nenhum dos dois candidatos possui as características de líder carismático. Como herdeiros de Aécio e de Lula, respectivamente, querem formar a dobradinha DILMASIA em Minas Gerais para colherem benefícios individuais sem afrontar seus guias e donos do patrimônio político que estão herdando. Para isso, devem demonstrar, publicamente, que, se não são completamente afinados entre si, o que seria mais uma das tantas aberrações do processo eleitoral brasileiro, pelo menos nutrem simpatias recíprocas. É nesse ponto que Anastasia trai sua metade mineira, herdada da mãe, e deixa aflorar seu lado italiano expansivo e falante ao dizer que ninguém deve julgar Dilma pelo seu passado de guerrilheira que lutou para depor os militares do poder e implantar o socialismo no Brasil. O que interessa é o presente e o futuro, diz ele. O que Dilma é. E não o que foi. O mineiro da gema, que somente considera alguém amigo e confiável “depois de comer um saco de feijão juntos”, não pensa assim. Para se conhecer alguém é necessário um longo período de convivência. E o passado conta, sim. E muito. Essa precaução se deve a outra constatação muito repetida no meio político: "Pode-se enganar alguns por todo o tempo, muitos por algum tempo, mas nunca todos por todo o tempo". Quando Lula e Dilma olham para o passado e criticam o governo de FHC e o comparam com o de Lula, mostrando que este último foi melhor para em seguida concluir que Dilma fará melhor governo que o de Serra, estão enganando todos por algum tempo. Pois é fácil mostrar aos mineiros sabidos que não se pode comparar a perícia de pilotos de Fórmula I que estiverem utilizando carros diferentes em épocas e pistas distintas. O período de 1995-2002 foi completamente diferente do atual de 2.003-2010. Que tal se a comparação, tão do gosto de Lula, fosse com um edifício em construção que não conseguia ir para frente porque balançava e caia, solapado por uma inflação galopante? Nesse caso, FHC trabalhou nas profundezas ocultas das fundações do Edifício Brasil e Lula em cima da estrutura visível que nela se apoiou, respeitando suas características e limitações. Ao contrário dos que muitos pensavam que Lula ia por tudo o que se fez nas reformas da economia e das instituições democráticas por terra, tentando implantar o ideário socialista, ele foi sensato e eficaz, preservando-as. E não fez o que Hugo Chávez está fazendo na Venezuela. O segundo erro da comparação de Lula com FHC é que mesmo que se aceite Lula como melhor Presidente, seja lá pela razão que for, o que isso tem a ver com Dilma e Serra? Este não é FHC e aquela não é Lula. Seu desejo de elegê-la beira a loucura quando afirma que no momento de escolher o seu candidato e ler o nome de Dilma, o eleitor deve lembrar-se que Dilma é ele. Ou seja, uma recomendação que passa por cima do respeito que o eleitor merece, como se ele fosse bobo e acreditasse nisso. E, também, desrespeito à própria candidata Dilma que é um ser humano com personalidade, caráter e valores, seguramente diferentes dele. Vamos devagar com o andor por que o Santo Lula é de barro. Ao contrário do santo que pretende ser para que sua voz se transforme em voz divina e seguida cegamente, Lula é um líder carismático, de carne e osso, e extremamente ambicioso que não quer se afastar do poder. Em suma, os mineiros devem pensar bem e sem pressa antes de votar. Escolhendo seus candidatos por convicção sobre as qualidades e limitações de cada um, comparando-os entre si, e não achando que Anastasia é Aécio e que Dilma é Lula. Ilusionismo é coisa para circo; e mineiro não é otário.

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